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sábado, 16 de maio de 2020

A MODERNA EXPERIÊNCIA CRÍSTICA


Como estamos na época compreendida entre a Páscoa e a Ascensão de Cristo, vou escrever sobre a moderna experiência Crística.
Meu texto está fundamentado nas observações da Dra. Ana Paula Cury em “Condições da moderna experiência Crística – Evolução da Liberdade”.
No Batismo do Jordão, o homem Jesus de Nazareth empresta seus invólucros corporais para que o Ser Solar Maior, o Cristo, possa se manifestar e atuar na condição humana.
 A humanidade estava correndo o risco de perder sua evolução, de não mais cumprir sua meta de desenvolvimento, porque não mais se lembravam da sua origem, e nem do seu destino, que é se tornar a décima hierarquia, Seres da Liberdade e do Amor.
Assim, veio o Cristo para a Terra, e deixou com exemplos os ensinamentos do Amor altruísta, a fim de que os homens  possam novamente se reconectar com sua verdadeira natureza espiritual. Desse modo, este Ser Solar Maior se instalou nas profundezas das almas humanas de maneira inconsciente esperando o momento certo para que compreendam a lição do Amor, a exemplo de uma semente que fica na terra aguardando o momento certo para germinar.
Podemos fazer uma relação com o Prólogo de João:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus”. Ele estava no princípio junto de Deus,
Tudo foi feito por ele, sem ele nada foi feito. Nele havia vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”  João, 1, 1-5.
Para poder cumprir a sua meta de desenvolvimento, a humanidade, através das épocas culturais, teve que, cada vez mais, se individualizar adquirindo autoconsciência, se apartando dos seres espirituais e desenvolvendo o pensar autoconsciente, o que levava também a um pensar materialista e fundamentado nas ciências naturais, assim tomando posse gradativamente de uma liberdade, que hoje chega ao ponto de até poder negar a existência de um ser Divino Solar que esteve presente na Terra, através de um pensamento livre.
Esta capacidade de se apartar da convivência com Seres Divinos Espirituais no Mundo Espiritual está em consonância com os desígnios da Trindade Santa, pois a humanidade agora tem a liberdade para escolher o caminho que quer traçar, ou recordar a sua origem divina espiritual através de um moderno caminho iniciático crístico, por livre e espontânea vontade, sem nenhuma influência externa de gurus ou autoridades religiosas, como era praticado nas Antigas Escolas de Mistérios, ou continuar com um pensamento materialista e egoísta influenciado pelas potências adversárias.
Cristo, Ser Solar, veio a Terra, por três anos, morreu na Cruz e em três dias ressuscitou e ficou por quarenta dias junto aos discípulos, ainda ensinando sobre o Amor, até sua Ascensão aos Céus. Mas ele não voltou para o Sol, ficou na Aura Terrestre como um ser Angélico e se manifesta em forma etérica.
E assim está escrito no Evangelho de Mateus cap.28 v.20:
“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos.”
E cada ser humano que se propuser em total liberdade a ter atitudes altruístas, amorosas levando em conta princípios morais e éticos, e em comunhão com o Cristo despertará em sua alma a consciência que foi depositada por ele quando da sua passagem pela forma humana, e assim começará a desenvolver a  experiência moderna da sua manifestação.
Ou então, qualquer indivíduo que se proponha também, em liberdade, a estudar e praticar atos a partir dos ensinamentos da Ciência Espiritual deixados por Rudolf Steiner junto com o Ser Antroposofia, transformando egoísmo em altruísmo, levando em conta princípios morais e éticos, também poderá despertar a consciência para seu autoconhecimento e seu desenvolvimento e assim experimentar a mesma vivência do Cristo no Etérico.
Nas sábias palavras de Jesaiah Bem - Aaron
“Qualquer experiência moderna do Cristo, seja ela tão poderosa e transformadora  quanto possa ser, deve ser vista como uma aproximação amistosa, respeitando inteiramente a liberdade humana e responsabilidade consciente pela totalidade da vida, oferecendo ao homem uma experiência de si mesmo que possa servir como exemplo e protótipo, modelo de uma possível evolução futura. O Cristo planta uma potente semente na alma humana, mas Ele o faz de tal modo que esta semente só venha a se tornar frutífera na vida futura da humanidade, quando o próprio homem, a partir de sua livre iniciativa, moral e cognitiva, dela se aproprie (individualize) e a leve adiante em seu desenvolvimento."
Cristo deixou forças para despertar no ser humano a consciência de que somos seres espirituais vivendo experiências humanas. Mas essa afirmação só fará sentido no ser humano que, em total liberdade a reconheça no seu coração como verdadeira.
Com esse reconhecimento o ser humano então saberá que sua origem é espiritual, e que através de experiências humanas, como no caso um caminho iniciático cristíco cognitivo livre e consciente, ele saberá também que o seu destino, ao exemplo do Cristo o Logos, é a doação de Amor para a Terra.
Como bem colocado por Rudolf Steiner em O Evangelho segundo João – Ciclo de Conferências  de Hamburgo.
“A missão da nossa Terra consiste em que seres a se desenvolverem nela levem o elemento do amor a desabrochar até o máximo possível....Porém o que o ser humano realmente doará à Terra é o amor, que se desenvolverá de sua forma mais sensual à forma mais espiritual.”
O Cristo é hoje o Mestre Iniciador, o Guia Espiritual, mas, ele só se aproxima  do ser humano, nesta época moderna, quando nele houve um despertamento consciente para os seus ensinamentos.
Em momentos de solidão, dor, desespero, ansiedade e depressão, os seres humanos sentem-se separados da fonte de vida que emana do mundo espiritual, e é nesse momento que Cristo pode se aproximar para que aconteça o despertar espiritual consciente, veja se não é esse o momento que a humanidade está vivenciando com a pandemia.
Se alguma das dores acima for enfrentada conscientemente todos nós poderemos experimentar a aproximação do Cristo revelado no plano etérico, nos agraciando com forças para enfrenta-las, e com isso todos nós podemos  avançar conscientemente no autoconhecimento e assim dar um passo evolutivo em direção ao amor espiritual.
Assim diz sabiamente Dra. Ana Paula Cury:
“Cristo mostra as alturas e as profundezas do ser a fim de ajudar-nos a encontrar o equilíbrio e seguir de forma consistente na busca de nosso Verdadeiro Eu. Ele nos exorta ao autoconhecimento e nos acompanha como uma presença amiga, consoladora, que orienta e guia sempre que o necessitamos.”
Acredito que nós, habitantes do Planeta Terra, diante da pandemia que nos assola, estamos diante de um momento para experimentarmos esta moderna iniciação crística, pois diante do isolamento social, do medo do vírus invisível, estamos vivenciando as dores de um abismo, mas se levarmos essa situação conscientemente, fazendo reflexões que levam ao autoconhecimento, a busca pelo Eu Superior, sendo mais altruísta e amoroso não só conosco, mas principalmente com os outros, aí vamos ver a Cruz que se levanta sobre o Mal, e de novo acontecendo o Mistério do Golgotha derramando as forças para que nós avancemos cada vez mais para a meta evolutiva.
Citando novamente Jesaiah Bem – Aaron:
“Somente por meio deste íntimo autoconhecimento pode o homem corretamente entender e dispor da benção que o Cristo confere a seu ser. Ele compreende que o Cristo lhe mostra em imagens, palavras e atos aquilo em que ele pode se tornar se trabalhar em si a partir de sua livre decisão e contínuo esforço.”
E assim, se continuarmos nos esforçando para trilhar a Moderna Iniciação Crística em liberdade e principalmente em amor desinteressado pela humanidade, então no futuro poderemos falar verdadeiramente as mesmas palavras de Paulo de Tarso na Bíblia em Gálatas cap.20 v.20-21.
“Não mais Eu, mas Cristo em mim”
Por fim, para este momento peculiar que a humanidade está vivenciando nestes dias, vou colocar um poema do saudoso compositor brasileiro Gonzaguinha, para que nós não percamos a fé e tenhamos nas nossas mentes e corações a certeza da ajuda sempre presente do Mundo Espiritual.

 Semente do Amanhã


Ontem um menino que brincava me falou
Que hoje é semente do amanhã

Para não ter medo que este tempo vai passar
Não se desespere não, nem pare de sonhar

Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar!

Fé na vida Fé no homem, fé no que virá!
Nós podemos tudo
Nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será

RITA PAULA WEY NUNES DA COSTA

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Nova consciência


A humanidade para o seu desenvolvimento já passou por várias épocas culturais, vamos destacar a terceira época, a egípcia, que desenvolveu a alma da sensação, na quarta  época, a grego – romana, desenvolveu a alma do intelecto ou da razão, e agora estamos na época quinta, a europeia, e devemos desenvolver a alma da consciência. Desde 1413 a humanidade adentrou a este período da alma da consciência.
Anteriormente, no período da alma da razão, a humanidade aprendeu o pensar lógico e racional, a partir da observação     exterior, e isso foi muito importante para as descobertas científicas e o seu desenvolvimento. Nessa fase os homens dependiam de gurus, sacerdotes, clãs, família de sangue, nos quais eles se espelhavam e consequentemente eram guiados e obrigados a seguirem seus valores e preceitos morais, não existia a autoconsciência.
Agora todos nós estamos no período da alma da consciência, a tarefa que temos que desempenhar é desenvolver cada vez mais o livre pensar, sentir e querer e ser cada vez mais autoconsciente, a fim de contribuir para a evolução da humanidade. Como foi dito por Daniel Burkhard “Por sua vez, Rudolf Steiner, com sua capacidade clarividente, descreveu a identidade humana em seu constante processo de desenvolvimento com bastante clareza. Ele descreveu o próprio eu, que, como entidade espiritual passando por muitas encarnações, começa a despertar e a se dar conta de nossa condução interior na quinta época cultural, a nossa.” (em Nova Consciência  - pág.19).
Hoje, século XXI, qual o cenário que vemos: os gurus e sacerdotes não servem mais para nos conduzir, pois lhes falta credibilidade, porque muitas vezes suas ações não correspondem com suas palavras, a família, como nosso porto seguro está em crise, não preenchendo mais nossos valores, o mundo globalizado e integrado também não nos indica mais que pertencemos a uma raça ou nação, pois estamos todos interligados.
Assim, estamos sós, nos sentindo desamparados, porque antigamente havia algo que nos orientava, agora temos que olhar para o nosso interior, para o que somos  e quem somos, e assim desenvolvermos o pensar, valores, moral e ética.
A partir da nossa autoconsciência e liberdade temos que nos desenvolver para o bem e contribuir para a nossa evolução, bem como a evolução de todos.
Podemos começar com a observação do nosso pensar, de como tantas vezes a partir de uma inconsciência somos levados a pensar errado.
Como a internet, televisão, celulares, jogam informações sem controle, e a partir do desenvolvimento do pensar correto, moral e ético, permeados sempre pelo amor e altruísmo e pela auto observação, essas informações passam por nós, e temos condições de questioná-las e assim absorver o que for  bom, e descartarmos  o que é ruim, viver sem ilusões que nos conduzam a uma inconsciência e assim uma opinião errada.
Depois podemos observar o nosso sentir, temos compaixão pela dor do nosso próximo, ou simplesmente na inconsciência não sentimos nada, o sofrimento do outro não reverbera no nosso coração? Ainda somos conduzidos pela vaidade, compulsões, mentiras, amoralidades e instintos. Como bem diz Daniel Burkhard “Rudolf Steiner revela que a tarefa da época da alma da consciência é elevar  nosso lado instintivo para a clara consciência.” (em Nova Consciência  - pág.22).
Através dessa auto observação devemos desenvolver a Empatia em relação ao sofrimento, nos devemos sempre nos colocar no lugar de quem sofre, sem julgamentos ou cobranças.
E nossas ações são também permeadas pelo amor, ou são egoístas visando somente nosso bem estar, nosso querer está em consonância com o nosso pensar e sentir? Quantas vezes tivemos preguiça em pegar um livro de Rudolf Steiner e estudá-lo, de colocar nosso esforço a serviço de um auto desenvolvimento a fim de nos tornarmos mais humanos, para servir melhor a humanidade.
Muitas das nossas ações inconscientes são egoístas, meros atos sem sentido moral, somente satisfazendo nosso Ego, mas se tivermos atentos a nós mesmos, desenvolvendo a autoconsciência e colocando em prática nos nossos atos com amor, esses atos serão não só benéficos para nós, mas para todos os homens. Conforme Rudolf Steiner “ Um profundo respeito  pela individualidade do outro  e um verdadeiro interesse pelo outro. Essas duas qualidades podem ser treinadas e, se o esforço for realmente honesto, o amor espiritual não tardará a aparecer como graça divina...” (GA 186, Dornach, 6 de dez.1918).

Assim, nos dias de hoje urge o auto desenvolvimento, somente seremos seres melhores a partir desse desenvolvimento, o mundo parece vir ao nosso encontro de, como dito amplamente, vem para nós com inversão de valores morais e éticos, temos a ilusão de remarmos contra a maré, mas devemos sempre seguir em frente, mesmo quando pessoas que amamos não comunguem com o novo aprendizado, nesse momento devemos vivenciar a Antroposofia através da nossa coerência entre o pensar, sentir e agir, permeado de Amor e Liberdade.
Finalizo o tema proposto neste texto com um trecho do livro de Daniel Burkhard – Nova Consciência  - Altruísmo e Liberdade na pág. 14.
“Mas durante nossa travessia certamente também teremos momento de grande alegria, por exemplo estar no topo de uma montanha e encontrar outros seres humanos que fizeram o mesmo esforço que nós para chegar lá, talvez  com o objetivo de visualizar uma melhor paisagem a partir dali. Talvez olhemos juntos para trás no intuito de constatar quanto já caminhamos  e quanto já nos transformamos. E talvez juntos descubramos que a maior alegria que pode existir  para um ser humano é saber que se está sozinho e que se está no caminho certo rumo ao grande objetivo que é a conquista da dignidade de um ser humano livre.”



Rita Paula Wey Nunes da Costa

domingo, 8 de dezembro de 2019

Fase intuitiva



A cada setênio que vamos vivendo, vai crescendo a importância de cuidarmos do nosso desenvolvimento interior, lembrando-nos de Sermos além do Ter, para assim vivenciarmos, por exemplo, a fase mística e intuitiva do 9º setênio, marcado pelo período que vai dos 56 aos 63 anos.     
Os sentidos físicos, que atuam como as janelas para o mundo exterior, vão se recolhendo lentamente. Algumas capacidades vão se alterando: usar os óculos se torna mais necessário, a audição começa a se reduzir, o paladar se modifica. Sim, o declínio físico faz parte. A questão é como vamos passar por essa fase da vida: brigando com ela ou fazendo as pazes e contemplando novas habilidades que também nascem com a maturidade.
Cada setênio traz um convite para uma ressignificação e cada crise, uma oportunidade. Cabe a nós escolhermos como atravessaremos nossa jornada. Brigar e resistir é um caminho e contemplar as mudanças e fluir com elas também é.  
Pensando em uma jornada de desenvolvimento existencial, nesse setênio colhemos o que plantamos nos setênios anteriores. Grandes obras da humanidade foram criadas por pessoas acima dos 60 anos. Conforme vamos envelhecendo fisiologicamente, as forças criativas, imaginativas, intuitivas e espirituais vão se expandindo. Essas capacidades vão se ampliando conforme foram lapidadas durante a vida.
Pode ser também um momento para aprender algo novo: aprendizagem gera renovação!
É importante que se inicie, nos anos anteriores, a preparação para um novo ritmo, cuidando do próprio tempo interno, aprendendo a apreciar as pausas, o lazer, equilibrando o Ser e o Ter para que a chegada a essa fase possa ser natural e leve.
Cada setênio nos aproxima de perguntas que podem nos ajudar em nosso desenvolvimento. Compartilho algumas questões colocadas pela Dra. Gudrun Burkhard no livro “Tomar a vida nas próprias mãos”, referente a essa fase da biografia de cada pessoa:
“O que eu consegui realizar? Há ainda tarefas que eu gostaria de completar, ou há outras a realizar?
Como eu lido com os meus empecilhos físicos ou doenças (se é que tenho alguma)?
Existem relacionamentos com questões em aberto?
Como está a questão com a aposentadoria?
Tenho momentos de graça, sentimento de gratidão e alegria?
Sou capaz de perdoar?”

Andressa Miiashiro
Psicóloga, facilito jornadas de desenvolvimento com foco em inteligência emocional e relacional, por meio do Psicodrama, Comunicação Não Violenta e Antroposofia. www.lotustalentos.com.br

domingo, 15 de setembro de 2019

Vamos Viver – O oitavo setênio no feminino



Quando eu estava próxima de completar cinquenta anos, entrando no oitavo setênio, confesso que experimentei uma insegurança em relação de como seria a vida a partir desta idade.
O declínio físico iniciado no setênio anterior irá se acentuar e, será que eu vou conseguir realizar tudo que ainda sinto vontade de fazer?
Este setênio é muito importante para nós mulheres porque inicia a menopausa, com todos os seus sintomas, mas também, quando a menstruação cessa por completo e nós sabemos que não podemos mais engravidar, nós nos sentimos mais livres, pois nossos filhos já são adultos e estão em busca dos seus caminhos no mundo.
A partir deste momento podemos realizar vontades e desejos que ficaram no nosso íntimo, como uma espécie de semente na incubadora, que neste momento estão prontos para germinar e dar frutos, agora as decisões são tomadas conscientemente e em prol de nós mesmos, e também para o mundo, ou melhor, para o social e espiritual.
Como o hormônio masculino fica mais evidente e nos dá mais força e objetividade, podemos aplicar essas condições em uma tarefa nova, algo que nos realize pessoalmente, conforme o Professor Lievegoed em seu livro Fases da Vida: “há também mulheres que atravessam a crise da menopausa com uma visão positiva da vida e, alegremente, acham que podem novamente agarrar toda a espécie de coisas e que podem, ao menos, perceber um novo aspecto de seu leitmotiv. Gratas pela fase passada, onde foram capazes de ser úteis a outros, agora elas encontram uma nova tarefa na vida social...”
Mas temos o lado negativo dessas condições também, nós podemos nos tornar tiranas e amargas, ficando nos vitimando por estarmos sozinhas e culpando os filhos por esse momento, colocando que dedicamos toda a nossa juventude cuidando deles, e agora não retribuem essa dedicação na medida em que esperamos, não enxergando que essa afirmação nos leva a um afastamento dos filhos, do marido ou companheiro e até amigos.
Temos que empregar todo potencial que se abre nesta fase para nós mesmos.
Uma vez, minha psicóloga uma vez me perguntou: O que você quer ser quando envelhecer? Confesso que essa pergunta me intrigou por muito tempo, e durante o setênio anterior e também agora que estou no oitavo setênio essa pergunta tem uma resposta clara, agora posso me dedicar á divulgação do Impulso Antroposófico para o mundo.
E essa pergunta deveria ser feitas a todas as pessoas que ingressam no sétimo setênio, dando a elas a oportunidade de se planejarem para essa fase posterior, pesquisando tanto em seu interior, como no mundo prático qual tarefa mais agrada, como por exemplo: jardinagem, retomar o aprendizado de um instrumento, trabalhos voluntários e etc. Porque a fase do oitavo setênio pode ser chamada a fase mais altruísta ou, como Dra. Gundrum em seu livro Tomar a vida nas próprias mãos: “Eu gostaria de denominá-la a“ a fase ético-moral””. “Nesta fase da vida, já não nos preocupamos tanto com o nosso destino, mas com o destino do outro; abrimo-nos mais para a humanidade.”
Até nos momentos atuais, uma importante marca de suplemento alimentar fez sua propaganda na televisão com essa pergunta “O que eu quero ser quando eu envelhecer?”, por isso nos dias de hoje, onde nós mulheres de cinquenta anos ao invés de nos sentirmos velhas ou desvalorizadas, devemos nos priorizar e buscar todos os dias novos objetivos, pois não é tarde para isso, temos muita vida ainda para ser vivida.
Outro aspecto importante para ser observado nesta fase da vida é, que nós podemos nos tornar “mães universais”, Rudolf Steiner colocou, falando sobre ensino, ”quem aprendeu a rezar, a ter devoção, veneração no segundo setênio, agora, nesta fase é capaz de dar a benção.”, então nós também podemos ser procuradas por pessoas mais jovens que querem conselhos e nosso lar ser acolhedor aos amigos dos filhos.
Temos nessa fase tudo de bom para seguirmos em frente, a maturidade adquirida durante os primeiros cinquenta anos nos auxiliam hoje para um agir dotado de maior segurança e consciência.
No final do oitavo setênio, por volta dos 55 e 56 anos temos além da passagem para o nono setênio, temos o 3º nodo lunar, uma janela se abre e nos mostra novamente a meta reencarnatória, e assim podemos experimentar uma crise, porque estamos nos direcionando para a velhice, e aí?
Se estivermos dispostos a conduzir essa nova fase, encarando a aproximação da velhice com bom humor, produzido a partir do nosso pensar, sentir e querer coerentes e  conscientes, com objetivos, esse momento pode ser muito rico e repleto de realizações.
Para essa fase do oitavo setênio tenho a história de Bia Kern, uma gaúcha que aos 54 anos, já realizada profissionalmente funda em Canoas no Rio Grande do Sul a ONG Mulheres em Construção, essa ONG capacita mulheres de todas as idades para trabalhar na construção civil e terem independência financeira; “ A fundadora da ONG diz que nada se compara à alegria nos olhos de uma mulher que descobre pela primeira vez a autonomia e a liberdade de ter a própria renda.”
Por isso, caros leitores, principalmente leitoras, não temos motivo para desanimar diante da nova fase, podemos fazer muitas coisas boas para o mundo, e naturalmente seguiremos em frente para a vinda dos netos e quem sabe bisnetos, e teremos muita paciência e vontade de ensiná-los e guiá-los na nova existência, como bem disse Professor Lievegoed em seu livro Fase da Vida: E com modéstia e élan ela seguramente irá mergulhar  numa nova tarefa como avó, criando para uma segunda geração um ambiente no qual esta possa sentir-se segura e aquecida, e onde possa ouvir histórias tão dotadas de vida como em nenhum outro lugar.
Diante de todo o tema exposto, eu só posso voltar ao título e dizer com todo o meu carinho Vamos Viver!
Para finalizar compartilho o poema de LUIS MAURICIO SANTOS em 1982
Tempos Modernos

Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia
Que insiste em nos rodear

Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão

Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão

Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não não

Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir

Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir

Rita Paula Wey Nunes da Costa

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Autocompaixão como caminho do meio


Vejo a autocompaixão como um caminho a ser trilhado, que pode trazer muito mais leveza, bem-estar e saúde em todas as dimensões.
Até descobrir a autocompaixão, eu conhecia só um caminho, o da autocrítica. Você deve estar se perguntando: e isso não é bom? Muitos de nós aprendemos que essa capacidade de nos cobrar e de nos exigir é extremamente importante para sempre buscarmos nos aprimorar.
A questão é: qual é o tom dessa voz interna? Qual é a frequência que aparece em sua mente?
Parece que, algumas vezes, essa voz da autocrítica “perde um pouco a mão”. Grita ao invés de falar, usa palavras não tão boas, que chegam a machucar, e repete as mesmas coisas diariamente, como uma ruminação mental que não tem fim.   
Diante de algum erro ou um desafio, às vezes ou muitas vezes, essa voz interna diz:
“Você não está preparado (a)”, “você nem é tão bom assim”, “você nunca acerta”, “você é um fracassado (a)”.
Aparentemente, ela começa com boas intenções, apontando o que necessita ser aprimorado, mas o excesso de autocrítica pode ganhar um tom hostil, duro e repetitivo, criando medo, insegurança e muita frustração.
A autocompaixão, por sua vez, possibilita um equilíbrio, o caminho do meio!

Há o reconhecimento da falha, da fraqueza e da dor através de uma voz interna cuidadosa e gentil, que fortalece o cultivo da autoestima, uma vez que a relação consigo mesmo é estabelecida por meio de compreensão e respeito, e não mais de autocondenação. Dessa forma, o diálogo interno duro e cruel é substituído pelo acolhimento, que oferece espaço para ser compreensivo com o que está vivendo e pensar com mais clareza no que pode ser feito dali em diante.
A autocompaixão envolve três componentes importantes: a autobondade, o reconhecimento da experiência humana comum e a atenção plena.
A autobondade busca dissolver pensamentos depreciativos, que muitas vezes causam insegurança e frustração, a partir de uma relação mais saudável consigo. Não tem a ver com vitimização e sim autoempatia. Há a identificação do problema, mas sem que a pessoa se condene ou se maltrate.  
O reconhecimento da experiência humana comum nos traz à lembrança que “errar é humano” e que somos todos falíveis, o que permite abrirmo-nos à nossa própria vulnerabilidade e à do outro. Gerando, dessa forma, um senso de pertencimento e de conexão humana.  
Atenção plena é ter consciência da consciência. O estado de presença propicia a visão clara e a aceitação do que está ocorrendo no aqui e agora. Consiste em ver as coisas tal como são, nem mais, nem menos, a fim de agirmos frente às situações da vida de forma compassiva e, portanto, eficaz.
Enfim, a autocompaixão não nega o sofrimento e os erros. Reconhece-os com a devida clareza, sem negligenciá-los, tendo em vista que emoções suprimidas tendem a ficar mais fortes, mesmo que silenciosamente. Trata-se de um ato de autocuidado, que ajuda a lidar com sentimentos de imperfeição e inadequação por meio da gentileza, da compreensão e da não violência para consigo.
Sinto este texto de Kristin Neff como uma possibilidade de ouvirmos a nós mesmos, sentirmos o que sentimos e nos acolhermos:   
“Este é um momento de sofrimento.
O sofrimento faz parte da vida.
Posso ser gentil comigo agora.
Posso me oferecer a compaixão de que preciso”
Extraído do livro: “Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás 
Andressa Miiashiro
Psicóloga, facilito jornadas de desenvolvimento com foco em inteligência emocional e relacional, por meio do Psicodrama, Comunicação Não Violenta e Antroposofia. www.lotustalentos.com.br

sábado, 24 de agosto de 2019

Meu bem, meu mal


Estamos chegando à época de Micael. E, nesse momento, somos levados a nos deparar com a reflexão sobre a luta com o dragão.

'Dragão é uma feliz imagem encontrada por Lex Bos para referir-se às ameaças' com as quais nos deparamos que nos impedem ou dificultam realizar o que é necessário.

Por isso mesmo, esta época nos convida a refletir mais sobre nossa coragem para enfrentar as batalhas internas e externas com o mal.
E o que podemos reconhecer como 'mal'?
Como diz uma velha máxima: o mal é o bem no lugar e hora inadequados. E, exemplificando: "imaginemos estarmos lidando com um excelente pianista e um excelente técnico de piano, ambos perfeitos a seu modo. (...) Se, porém, o técnico se pusesse a martelar na sala de concertos em lugar do pianista, estaria então no lugar errado. O Bem se converteria, assim, no Mal." (O Maniqueísmo, R.Steiner)
Por si só, essa, parece ser, uma maneira desafiadora de olhar para o mal.
Por isso trarei outros exemplos, como uma certa história em que um reino vivia ameaçado por um dragão que surgia de tempos em tempos. Como ele já era esperado e temido, trataram de construir abrigos para se proteger das labaredas, que no entanto, continuava  incendiando toda sua produção, impedindo-os de progredir. Surge, então, um valente cavaleiro disposto a acabar com o problema. E, entre as voltas que dá, ele consegue um acordo com o dragão, e a partir daquela data, ao invés de incendiar aleatoriamente, o dragão - que também tinha seus problemas -  focará suas labaredas no lixo do reino, que então vê duas questões solucionadas e depois disso o reino prosperou por muitos e muitos anos.
Além desse exemplo, vamos lidar com aquele conto que diz que um sábio, pede ao seu discípulo,  depois de visitar uma família pobre, que, parcamente, se mantinha  com a produção do leite de sua vaca, que a jogasse no precipício. Algum tempo depois o discípulo volta para verificar a situação da família e percebe que após a 'perda' da vaca, a família buscou novas alternativas e conquistou melhores condições de vida.
Quais são as perguntas que podem surgir dessas passagens sobre o 'mal' ?
Nossa jornada está repleta de desafios a serem transpostos, enfrentados e superados.
A luta entre o Bem e o Mal é uma história muito antiga e, para tornar mais leve, embora não menos profunda, podemos resgatá-la em vários contos, como os de fadas,  e através da leitura ou contação dessas histórias,  darmos a oportunidade para atuar sobre áreas sensíveis do nosso Ser, trazendo o fortalecimento interno, sutil e eficiente, para encarar essas batalhas e superá-las.
Embora nossa maior facilidade seja reconhecer o mal no outro, do lado de fora, nas injustiças que sofremos, para além de nós, não podemos fechar os olhos para aqueles dragões adormecidos no mais íntimo do nosso ser, que embotam nossos sentidos e percepções e sabotam nosso desenvolvimento.
Quando nos colocamos à mercê dos acontecimentos, 'se deus quiser', 'se tiver sorte', 'se o fulano mudar de ideia', 'se beltrana mudar seu ponto de vista', 'se cicrano não tivesse feito'... nos colocamos num lugar impotente, ou seja, sem a potência da transformação. Isso não quer dizer que temos condições de mudar o mundo, mas temos a potencia de transformar como ele chega até nós. Temos a possibilidade de extrair dessas vivências algo que nos fortaleça.
Não vamos fazer de conta que o mal não existe, que forças adversas são fáceis de lidar. E, por isso mesmo, precisamos de coragem para enfrentar esse assunto.
Como podemos fortalecer nossa coragem?
Aprender a lidar com o que há de sombrio em nós para que cada vez estejamos mais corajosos para enfrentar o externo talvez seja a construção que nos torne capaz de pensar o bem, sentir o bem e fazer o bem para criar um mundo com menos violência, menos intolerância, mais respeito, mais solidariedade, mais compaixão, mais amor. 
Afinal, todos ansiamos que essa centelha luminosa e calorosa do amor seja cada vez mais presente e próxima. E somos responsáveis pela criação dessa oportunidade. 

Olivia R S Gonzalez
aconselhadora biográfica, terapeuta corporal e terapeuta floral.

domingo, 4 de agosto de 2019

Vamos despertar


Despertar, palavra que usamos normalmente para descrever o ato de acordar todas as manhãs, mas também podemos usá-la em muitos âmbitos das nossas vidas.
Podemos despertar para uma nova realidade, um amor, uma vocação, uma nova capacidade, uma vontade e em muitos momentos da vida.
Mas hoje, vamos falar do verdadeiro despertar interior nos seres humanos.
Hoje vivemos na época da alma da consciência, da plena liberdade, do livre arbítrio, de responsabilidades e consequências, mas ainda sim, muitos homens e mulheres ainda dormem para esta realidade atualmente, todos nós devemos fazer um trabalho interno, diário para esse despertar, não existe mais mestres ou gurus para nos guiarem como em épocas anteriores, e sim na nossa própria consciência desperta para estas vivências.
A Ciência Espiritual através da obra deixada por Rudolf Steiner nos auxilia a desenvolver esse despertar interior, temos que estudar as palestras, os exercícios propostos por ele, e colocá-los em prática na vida social, pois assim podemos principalmente ver o essencial no ser humano, e com isso desenvolver em nós uma nova ordem moral e ética na conduta da nossa vida diária.
Os anjos, hierarquia imediatamente superior ao homem, a fim de nos auxiliar com  esse despertar, permeia o nosso corpo astral com imagens do mundo espiritual, e também nos recorda da nossa missão de vida que nos propusemos entre a morte e o novo nascimento, e isso se dá durante o sono noturno.
Devemos também recordar diariamente que nós somos, na realidade, a imagem do Divino.
Através do trabalho diário com a Ciência Espiritual, ou com a prática de atos morais e éticos permeados de amor, nós iremos conseguir acessar estas imagens que foram permeadas pelos Anjos no nosso corpo astral durante o sono, no período de vigília, e enxergar o divino nas pessoas com as quais convivemos, e no futuro nós não vamos conseguir usufruir de felicidade se outros seres humanos forem infelizes, isto é, nós despertaremos para uma nova ordem social  a fraternidade correta.
Mas infelizmente muitos ainda dormem, mesmo estando acordados, pois fatos importantes da vida passam despercebidos, Rudolf Steiner coloca em sua obra O Anjo em nosso corpo astral   pág. 18 “ Já afirmei muitas vezes que os seres humanos, mesmo quando acordados, passam em sono os fatos mais importante da sua vida. Posso realmente assegurar-lhes – fato aliás, pouco reconfortante – que quem passa conscientemente pela vida encontra, hoje em dia muitas pessoas adormecidas.”
Os acontecimentos no mundo ou da nossa cidade ou de pessoas próximas simplesmente não nos tocam, e assim não nos preocupamos, e como consequência, não tomamos nenhuma atitude de interesse pelos outros, ainda que pequena, mas que mudemos algo no nosso entorno, e assim provocando em alguma medida, com relação, como já foi dito acima, do começo da fraternidade correta.
Ainda assim, o Anjo continua atuando no nosso corpo astral plasmando imagens, e aguardando esse despertar para a época da alma da consciência, pois cada indivíduo se encontra em um grau de evolução espiritual, portanto o despertar em todos nós é desenvolvido gradualmente e individualmente.
Diante de um mundo onde as ideias materialistas estão cada vez mais em evidência, parece difícil praticarmos tudo que a Ciência Espiritual nos convida a praticar, mas isto é uma ilusão colocada para nós, se todos os dias nós observarmos a nossa vida, veremos quanto está presente a atuação dos Anjos e do Mundo Espiritual.
A Antroposofia nos convida também a sermos pessoas vigilantes, à prática da observação dos pensamentos e sentimentos, a colocar em nossa vida bons propósitos, para assim adquirirmos a força necessária para esse despertar diário da consciência, para que nada que aconteça na nossa vida seja encarado como obra do acaso, como a Ciência Materialista prega, e vivido em total inconsciência, mas sim, esses acontecimentos são sempre uma atuação correta e direta das Hierarquias Espirituais no sentido de nos aproximar cada vez mais da evolução  de toda a humanidade.
Rudolf Steiner diz na mesma obra acima citada, em sua pág.33 –                              “Podemos começar com atitude de vigília, veremos que, se estivermos vigilantes, não passará um só dia sem que aconteça um milagre. Podemos inverter esta proposição, dizendo que, caso não aconteça um milagre em qualquer dia da nossa vida, será simplesmente porque o teremos perdido de vista.” Esta afirmação nos remete ao verdadeiro despertar para a época da alma da consciência, diariamente.
Busquemos o despertar da consciência diariamente, aquele despertar que nos é dado pela direção espiritual plena de sabedoria, vamos agir com coragem, para que esse despertar não se perca diante das vicissitudes da vida, temos que ter confiança diante de tudo que vier ao nosso encontro, pois sempre será para acordarmos cada vez mais para o Bom, o Belo e o Verdadeiro,  e principalmente e ter a certeza da presença do Mundo Espiritual em nossas vidas.
Era de São Michael
Isto é parte do que devemos aprender nessa época:
Saber viver com pura confiança sem qualquer segurança na existência, a não ser na ajuda sempre presente do mundo espiritual.
Em verdade nada terá valor se a coragem nos faltar.
Disciplinemos nossa vontade e busquemos o despertar interior todas as manhãs e todas as noites.
Rudolf Steiner

Rita Paula Wey Nunes da Costa

domingo, 21 de julho de 2019

Vivendo a nossa verdade


No período dos 35 aos 42 anos vivemos o início da crise da autenticidade, fase em que nos reconectamos com a nossa verdade para fazermos escolhas que realmente estejam alinhadas com a nossa essência. Tempo para trilhar novos caminhos e abrir mão de outros.
No 7º setênio, marcado pelos 42 aos 49 anos, experimentamos o auge da crise. A autenticidade surge como um processo de autoconhecimento que nos leva a olhar para dentro a procura de uma bússola interna, que busca nos guiar por caminhos que estejam em sincronia com o que há de genuíno em nós.
Podemos nos movimentar de forma fluida vivendo uma integração interna com o externo, que abre espaço para novas ações e conexões, mas é possível também resistirmos, agindo pelo medo do desconhecido e nos agarrarmos ao que já não faz mais sentido.
Experiencia-se, aqui, uma crise existencial, para que renasça novas formas, novas possibilidades, um novo jeito de ser e de atuar na vida com mais propósito.
A conexão espiritual vai se fazendo mais presente enquanto que o corpo físico vai demandando novas necessidades. Importante acolher este corpo que também vai se transformando, se desvitalizando, necessitando de um novo ritmo.
Ter uma vida ritmicamente equilibrada traz mais força para viver. É de extrema importância se observar para encontrar esse compasso interno, respeitando mais as pausas e o cuidado consigo, ouvindo realmente o corpo que muitas vezes é negligenciado pelo ritmo ditado pelo  externo.
Como diria Lenine:
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara
Sim, a vida não para, mas a vida é tão rara!!!
Podemos então, definir o que faremos da nossa jornada deste setênio em diante. É possível continuarmos ampliando a nossa consciência através do desenvolvimento do Ser ou continuarmos nutrindo a energia do Ter, mantendo o ritmo dos anos anteriores, o que trará prejuízos a saúde ou simplesmente acompanharmos o declínio físico.
Este setênio nos faz lembrar que já estamos passando pelo meio da vida e, por isso, nos cabe contemplar como queremos seguir.
Fecho com as palavras tocantes de Lenine:
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo para perder
E quem quer saber
A vida é tão rara, tão rara

Andressa Miiashiro
Psicóloga, facilito jornadas de desenvolvimento com foco em inteligência emocional e relacional, por meio do Psicodrama, Comunicação Não Violenta e Antroposofia. www.lotustalentos.com.br


sábado, 18 de maio de 2019

O amadurecer é envelhecer?


Quando falamos em Amadurecimento,  a ideia nos remete a terceira idade, a um momento da vida onde a idade reflete experiência, entretanto, na realidade, o processo de amadurecimento tem início no instante que nascemos.
          A cada sorriso, a cada conquista, aprender a andar, falar e pensar.
Nos frutos, o amadurecimento significa que as sementes estão prontas para a dispersão; no ser humano, significa que estamos prontos para receber os nossos novos desafios e ao chegarmos na terceira idade possamos "dispersar" pelo nosso ambiente toda a sabedoria adquirida através dos nossos setênios.
          O processo de amadurecimento intensifica-se no primeiro setênio, com as aquisições diárias que transformam o âmbito físico e anímico; são aquisições que dependem exclusivamente de calor, o calor anímico que envolve as criança. Ela deve amadurecer cada aquisição para estar apta à receber os novos desafios dos setênios seguintes.
          Cada setênio tem os seus desafios e paulatinamente caminhamos e crescemos, como o fruto em uma árvore.
Nas plantas sabemos que pode haver um descompasso entre a idade cronológica e a maturidade experimentada, podendo ocorrer por falta de calor, ausência ou excesso de hidratação, falta de cuidado com as estruturas para evitar as pragas, falta de nutrientes da terra para levar ao fruto que deveria estar maduro e pronto para reiniciar outro ciclo, mas está verde.
          Esta analogia pode ser feita para os seres humanos, pois pulando etapas, ao chegar na terceira idade, quando verdadeiramente a dispersão da sabedoria é esperada, a pessoa está “verde”, pois não há o que compartilhar, está amarga, endurecida, inflexível.
Felizmente, a qualquer momento há como melhorar este prognostico, como a própria palavra consegue nos dar a resposta, AMADURECER, AMAR, não deixar ENDURECER.
          Importante é experimentar a todo momento a experiência de aquecer as pessoas que estão ao nosso redor, seja familiares, pacientes, utilizando terapias, medicações ou o calor de uma palavra amiga.
Desta forma conseguiremos atingir o nosso objetivo nesta terra: amadurecer e frutificar, para que todos, como um todo, possamos caminhar juntos.


Cândida Costa Martins

Pediatra ampliada pela Antroposofia



sexta-feira, 10 de maio de 2019

Maturidade e o “Memento Mori”



Falar de maturidade no contexto Antroposófico nos remete automaticamente ás fases da vida e todo significado que trazemos a partir da metodologia biográfica para nossa história e todo processo, caminho que chamamos de maturidade. Só amadurecendo podemos receber as dádivas do tempo em nossas vidas não é mesmo?
Hoje quero trazer uma outra perspectiva. No desafio de tratar a maturidade sem necessariamente me repetir ou, ao menos lançarmos um novo olhar, quero falar do amadurecimento que nos renova.
Como assim? Então amadurecer pode nos renovar? Sim, pode!
Ao amadurecer podemos nos renovar. Uma maçã que está madura pode ser colhida, se tornar alimento e sua semente pode gerar outra macieira certo? E como ocorre conosco esse processo de renovação na própria vivencia humana?
Par nós seres humanos não é necessário nos tornarmos sementes para que a renovação aconteça. Podemos em vida plena nos renovarmos a partir do olhar e do agir para a vida de uma nova maneira.
A maturidade não precisa nos tornar mais sisudos ou mais “enferrujados”, ela pode nos servir de liberdade. Liberdade para agirmos da maneira como nos faz mais sentido e com maior significado.

A maturidade pode nos trazer a clareza de que todas as coisas e inclusive a nossa própria vida um dia chegará ao fim. Com essa visão ao invés de nos assustarmos, nos renovarmos, viver a vida como se fosse acabar logo e nos perguntarmos: e se acabar amanhã? O que eu estou fazendo e deixando? Quais alimentos estou oferecendo à minha alma e ao mundo, às pessoas ao meu redor?
Os pensadores estóicos nos trazem interessantes reflexões a respeito dessa clareza de que a vida um dia acaba. O “memento mori” é uma expressão usada por exemplo quando um general romano voltava para casa depois de uma campanha vitoriosa no exterior, era tradição a cidade sediar uma gloriosa cerimônia pública em sua homenagem.
Mas enquanto seu triunfo era celebrado de maneira entusiasmada pelo povo, um homem ficava atrás do general em sua luxuosa carruagem, sussurrando a seguinte mensagem em sua orelha: “Respice post te. Hominem te esse memento. Memento mori.”
Em português seria algo como: “Olhe ao seu redor. Não se esqueça de que você é apenas um homem. Lembre-se de que um dia você vai morrer.”
Por mais macabro que isso pareça, a expressão “memento mori” é de uma grande sabedoria. Diversas religiões e correntes filosóficas, como o budismo e o estoicismo, adotam esse conceito como base de seus ensinamentos.
A ideia de que vamos voltar ao mundo espiritual um dia causa terror em praticamente todos nós. Por isso evitamos pensar sobre o assunto. Nossa cultura é devotada a prolongar a juventude o máximo possível, como se pudéssemos viver eternamente.
Acontece que não dá. A melhor opção, portanto, é fazer as pazes com a noção da nossa mortalidade. Daí a expressão “memento mori”.
A certeza de que vamos morrer não tem como objetivo nos jogar para baixo. Pelo contrário. Ela serve como motivação para viver melhor. Aproveitar os dias de maneira mais significativa e virtuosa.
Quando você se lembra de que está se aproximando mais da morte a cada dia que passa, isso te encoraja e a pode ser a renovação que citei aqui, no início do texto.
Me refiro à renovação necessária para fazer as coisas importantes da vida aqui e agora, sem procrastinar, deixando as superficialidade e materialismos de lado. Cada alma humana vivendo na terra tem suas tarefas e meditarmos no fato de que temos um tempo limitado para nos desenvolvermos pode nos oferecer essa consciência renovada.
A cada passo da maturidade temos a proximidade do “memento mori” e então uma maior possibilidade de nos questionarmos quanto às renovações necessárias que a maturidade nos oferece.
Creio que vale a pena então nos perguntarmos: quando é a maturidade da vida? A partir da perspectiva de que o “Memento Mori” não tem data marcada ou pelo menos não nos é informada claramente, a maturidade é hoje, agora.
“Memento mori”. Eis uma boa frase para nos guiar pela vida e meditarmos a respeito da maturidade.

Michele Pereira



Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

Escola Waldorf Franscisco de Assis (11) 22310152 (11) 22317276 www.facebook.com/EscolaWaldorfFransciscoDeAssis

Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta (PMPSSV)

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