Vejo a autocompaixão como um
caminho a ser trilhado, que pode trazer muito mais leveza, bem-estar e saúde em
todas as dimensões.
Até descobrir a
autocompaixão, eu conhecia só um caminho, o da autocrítica. Você deve estar se
perguntando: e isso não é bom? Muitos de nós aprendemos que essa capacidade de
nos cobrar e de nos exigir é extremamente importante para sempre buscarmos nos
aprimorar.
A questão é: qual é o tom
dessa voz interna? Qual é a frequência que aparece em sua mente?
Parece que, algumas vezes,
essa voz da autocrítica “perde um pouco a mão”. Grita ao invés de falar, usa
palavras não tão boas, que chegam a machucar, e repete as mesmas coisas
diariamente, como uma ruminação mental que não tem fim.
Diante de algum erro ou um
desafio, às vezes ou muitas vezes, essa voz interna diz:
“Você não está preparado (a)”,
“você nem é tão bom assim”, “você nunca acerta”, “você é um fracassado (a)”.
Aparentemente, ela começa
com boas intenções, apontando o que necessita ser aprimorado, mas o excesso de
autocrítica pode ganhar um tom hostil, duro e repetitivo, criando medo, insegurança
e muita frustração.
A autocompaixão, por sua
vez, possibilita um equilíbrio, o caminho do meio!
Há o reconhecimento da
falha, da fraqueza e da dor através de uma voz interna cuidadosa e gentil, que
fortalece o cultivo da autoestima, uma vez que a relação consigo mesmo é estabelecida
por meio de compreensão e respeito, e não mais de autocondenação. Dessa forma,
o diálogo interno duro e cruel é substituído pelo acolhimento, que oferece
espaço para ser compreensivo com o que está vivendo e pensar com mais clareza no
que pode ser feito dali em diante.
A autocompaixão envolve três
componentes importantes: a autobondade, o reconhecimento da experiência humana
comum e a atenção plena.
A autobondade busca dissolver
pensamentos depreciativos, que muitas vezes causam insegurança e frustração, a
partir de uma relação mais saudável consigo. Não tem a ver com vitimização e
sim autoempatia. Há a identificação do problema, mas sem que a pessoa se
condene ou se maltrate.
O reconhecimento da experiência
humana comum nos traz à lembrança que “errar é humano” e que somos todos
falíveis, o que permite abrirmo-nos à nossa própria vulnerabilidade e à do
outro. Gerando, dessa forma, um senso de pertencimento e de conexão humana.
Atenção plena é ter
consciência da consciência. O estado de presença propicia a visão clara e a aceitação
do que está ocorrendo no aqui e agora. Consiste em ver as coisas tal como são,
nem mais, nem menos, a fim de agirmos frente às situações da vida de forma
compassiva e, portanto, eficaz.
Enfim, a autocompaixão não
nega o sofrimento e os erros. Reconhece-os com a devida clareza, sem negligenciá-los,
tendo em vista que emoções suprimidas tendem a ficar mais fortes, mesmo que
silenciosamente. Trata-se de um ato de autocuidado, que ajuda a lidar com
sentimentos de imperfeição e inadequação por meio da gentileza, da compreensão
e da não violência para consigo.
Sinto este texto de Kristin
Neff como uma possibilidade de ouvirmos a nós mesmos, sentirmos o que sentimos
e nos acolhermos:
“Este é um momento de
sofrimento.
O sofrimento faz parte da
vida.
Posso ser gentil comigo
agora.
Posso me oferecer a
compaixão de que preciso”
Extraído do livro: “Autocompaixão:
Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás”
Andressa
Miiashiro
Psicóloga, facilito
jornadas de desenvolvimento com foco em inteligência emocional e
relacional, por meio do Psicodrama, Comunicação Não Violenta e Antroposofia.
www.lotustalentos.com.br
Andressa um texto belo e delicado sobre a compaixão x auto critica. Uma postura interna q por vezes, persiste em existir e nos tirar o equilíbrio. Gratidão
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