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terça-feira, 6 de outubro de 2020

A ÉPOCA DE MICAEL

Micael é o arcanjo que rege o nosso tempo. Ele ficou conhecido popularmente como um guerreiro destemido e valente. Ele representa o bem, cheio de coragem e fé. É aquele que luta contra o mal, muitas vezes representado por Satanás, Lúcifer e o dragão.

Esta luta entre o bem e o mal, luz e trevas, existe desde os princípios da humanidade, mas ela existe principalmente dentro do próprio homem, dentro de cada um de nós.

O homem que busca a verdade precisa travar muitas lutas consigo próprio e é a partir daí que surge a superação, a luz. E porque vivemos numa época materialista e difícil, Micael nos traz uma nova perspectiva de guerreiro, a consciência.

Ter consciência e presença. Precisamos saber exatamente contra quem estamos lutando, com que armas e para quê.  E é assim, através dessa imagem de coragem e de fé e do agir consciente, que podemos buscar a transformação.

Seria inocente pensar só no mal puro e simples que alguém pode oferecer. O mal tem várias facetas. Os dragões estão em toda parte, dentro e fora do homem. Estão nas relações competitivas, na falta de tempo, nas discriminações sociais e raciais, no dinheiro que compra tudo, nas máquinas, nos agrotóxicos... Em tudo que torna o homem um ser pequeno e sem vontade própria. Sem falar no que temos dentro de nós, o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a ganância, covardia, hipocrisia... E tudo mais que desqualifica a alma humana.

Lutar contra esses dragões é a sina do homem moderno.

Importante notar que não matamos o dragão, mas o dominamos. Em todas as histórias é o que se mostra. Mas isso é obvio! Porque não podemos aniquilar os problemas, mas sim afastá-los, resolvê-los, mas não posso fingir que não existem. É preciso dominá-lo, subjugá-lo a nossa própria vontade. O dragão deve ser colocado aos meus pés, sob meu domínio. O homem é um ser possuidor de vontade e quando souber fazer uso dela é que poderá crescer espiritualmente.

Assim, as histórias que trazemos para as crianças nesta época têm mais a dizer aos adultos que precisam reaprender a ter coragem e fé nos desígnios celestes. As crianças percebem de pronto a imagem do príncipe que não é orgulhoso e se coloca por vontade própria a ajudar, mas que pede ajuda celestial. A princesa representa a fragilidade que inspira a coragem. As imagens são claras e ensinam. Só quando o homem imbuído de força de vontade, que tem como objetivo uma causa justa, e que ergue seus pensamentos a Deus, é que dos mundos espirituais recebe forças necessárias para empreender a luta. E Micael é o representante dessas forças.

Para as crianças tudo vem com imagem e brincadeira, e chega a elas pelas vivências e histórias, a coragem e a fé, que são dois sentimentos necessários para cada um cumprir seu destino. Esse conteúdo dá força para enfrentarem o mundo presente e faz crer que as respostas existem em algum lugar, pois é certo que nós adultos não temos a resposta pra tudo. Isso dá à criança a noção de grandeza e sabedoria em tudo que diz respeito ao homem. Cultivando essa coragem e confiança é que colheremos os melhores frutos no futuro.

E nós, adultos, devemos fazer as perguntas que nos levam ao domínio que almejamos, aquele que devemos vencer em nós para que possamos ser conscientes dos nossos atos e senhores de nós mesmos sem medo. É a nossa busca. É o dragão que vencemos em nós. Vencemos o dragão da preguiça, do pensar difícil, do medo do desconhecido, da falta de serenidade. Será a espada da consciência que nos ajudará a vencer. A achar força para controlar a situação e buscar o melhor caminho. Será a capacidade de agir conscientemente na hora certa.

Cada um de nós é chamado a participar na luta para a dignidade humana, na luta do humano contra o sub-humano.

Devemos, assim, iluminar pelas forças do pensar, tudo que há de escuro em nós. Não deixarmos nos enganar pelas situações e por aqueles que querem o nosso mal, mas sim sermos senhores de nossos próprios destinos.

Carla Guedes – Professora de Classe da Escola Waldorf Francisco de Assis

domingo, 27 de setembro de 2020

MICAEL ARQUEU

 

Vamos celebrar agora dia 29 de Setembro o dia Arcanjo Micael, que agora como regente da nossa Época está elevado a condição de Arqueu, com a missão de conduzir toda a humanidade no Planeta Terra.

Micael é um arqueu cosmopolita e que traz, quando da sua regência, como qualidade a integração entre os povos, hoje chamamos de globalização, para que as pessoas cada vez mais não sintam pertencentes a um povo, raça, família, são cidadãs do mundo e  assim se  reconhecerem como irmãos em uma mesma comunidade.

Hoje, queridos amigos, estamos sob a influência de uma força adversa liderada por Ahriman, com toda a sua tecnologia fria, e tem como objetivo plantar no coração humano o materialismo, a existência somente do corpo físico, que o pensamento tem que ser frio, linear, abstrato e solitário e totalmente apartado do mundo espiritual.

E as suas tentações são grandes, seus argumentos a uma primeira visão parecem totalmente verdadeiros, mas temos que ter consciência que essa visão materialista da humanidade e do mundo é uma ilusão, Maya.

Mas diante desta influência tão avassaladora destas forças não regulares, temos a atuação do Arqueu Micael no sentido contrário, ele nos observa e nos inspira a ter a coragem de  fazer, com consciência e liberdade, uma aliança verdadeira com ele, com ser da Sophia Cósmica e com o Cristo, e ter a plena certeza dentro do nosso coração que, somos seres eternos, espirituais. Mas como fazer essa união? E como combater a atuação Ahrimanica em nós e no mundo?

Através da formação de uma comunidade empenhada em fazer o bem, em Amor e Liberdade, de forma altruísta entre os membros, ali então forma-se um cálice onde, algo novo pode acontecer, a vinda de um Ser Espiritual Superior que derrama para dentro do cálice a força e auxílio necessários e suficientes para combater o mal que vive em nossos pensamentos, sentimentos e ações, e assim a combater as tentações Ahrimanicas pelo mundo.

As comunidades Antroposóficas são um grande exemplo dessa realidade, como os Grupos de Estudos, os Ramos das Sociedades Antroposóficas espalhados ao redor do mundo e a Classe da Escola Superior Livre para a Ciência do Espírito.

E hoje durante a pandemia, quando fomos obrigados a ficarmos isolados, aparentemente solitários, Micael vem e nos intui a usar uma ferramenta fria criada por inspiração de Ahriman, a Internet,   e criamos os Grupos de Estudos Virtuais com pessoas que estão ao redor do Mundo, mas todas com o mesmo pensamento, sentimento e ação,  participar de uma Comunidade do Bem, contribuir mesmo que isolado em sua cas, com um estudo edificante que não só, nos fortalece, como auxilia os Seres das Hierarquias Superiores através de nós,  a continuarem atuando no sentido da Evolução da Humanidade.

Micael espera sempre de nós uma atuação na direção do Bem, ele não fala nada, porque estamos na Época da Alma da Consciência e nossos atos são praticados em Liberdade, mas está sempre nos observando atento, pois todas as noites somos guiados pelo nosso Anjo Guardião para o mundo espiritual, somos tocados pelas Asas de Micael, que nos convida a agir para a construção de um futuro coerente com a Meta dos Deuses, não só para nós, mas para toda a humanidade. Rudolf Steiner nos deixou um verso para ser meditado toda a noite, e outro verso para toda manhã, para que durante o dia nosso atuar  possa estar em consonância com os desígnios Divinos.

 

Antes de deitar:

“Carrego meu pesar ao sol poente,

Coloco minhas preocupações em teu colo resplandecente.

Purificadas em tua luz

Transformadas por teu amor,

Que elas me retornem

Como pensamentos que auxiliem

Como forças para um agir alegre,

Disposto ao sacrifício”

Para o amanhecer:

“Oh, Michael

À tua proteção eu me recomendo,

À tua direção eu me uno

A partir da força do meu coração.

Que este dia se torne uma imagem da tua vontade que ordena o destino”

Mas quando acordamos todas as manhãs estamos realmente despertos? Ou voltamos para o mundo material com dúvidas e medos?

Ora, o Arqueu Micael é um Ser Espiritual dotado de coragem e disposto a derramar essa coragem em nossos corações para o nosso atuar diário, sem medo do que vier em nossa direção, seja para o bem ou para o mal, porque estamos unidos a ele.

Ele também nos auxilia para que não caiamos nas tentações das ilusões  Ahrimanicas, que hoje são  tão bem colocadas pelos meios de comunicação, como o medo de tudo, porque o medo muitas vezes nos paralisa e deixamos de agir  em momentos que eram necessários o nosso atuar para o bem. 

Rudolf Steiner também deixou para nós um verso para fortalecer, não só a união com Micael, como também a nossa coragem.

Se nos dedicarmos ao Estudo da Ciência Espiritual, se praticarmos a Meditação aquietando a mente por alguns minutos diariamente para nos conhecer profundamente, a fim de mudarmos hábitos não mais adequados para a nossa Época, isso vai nos fazer cada vez mais fortes, decididos e corajosos.

E a partir das atividades acima, partirmos para a Ação do Bem no Mundo com coragem, essa ação pode ter seu início no nosso próprio entorno, como também, uma ação em direção à União ao Arqueu Micael, a Sophia Cósmica e principalmente ao Ser Solar Maior, o Cristo Jesus, que há dois mil anos habitou a Terra e deixou o ensinamento do caminho que devemos seguir, agora em Amor e Liberdade.

Estimados leitores, convido-os a fazer, nessa Época de Micael, a Oração da Pedra Fundamental, para que todos nós unidos através dessa Oração possamos formar, ainda que discreta, uma comunidade do Bem, e que a nossa Oração sincera e conjunta seja elevada até o Arqueu Micael, como uma singela contribuição para a sua Celebração ao redor do Mundo.

"Na virada dos tempos

Entrou a luz do espírito do Cosmo

Na corrente terrestre do ser

Treva da noite deixara de imperar

A clara luz do dia resplandeceu nas almas dos homens

Luz que aquece

Os pobres corações de pastores

Luz que ilumina

As sábias cabeças de reis

Luz divina

Cristo Sol

Aquecei nossos corações

Iluminai nossas cabeças

Que se torne bom o que nós com o coração queremos fundar

O que nós a partir da cabeça com metas seguras queremos guiar"

R. Steiner

 

RITA PAULA WEY NUNES DA COSTA

domingo, 30 de agosto de 2020

Breves reflexões sobre a Liberdade

 


Falar sobre Liberdade, sob a luz da Antroposofia, é uma tarefa exigente e desafiadora, então vou tentar colocar nesse texto algumas reflexões para os amigos leitores e amigas leitoras, com o fim de convidá-los a seguir nessa jornada comigo.

Caros amigos vocês já se fizeram essas perguntas:

Quando sou livre?

O que está por trás dessa liberdade?

Muitas pessoas respondem as perguntas sobre liberdade através de relatos como admirar uma praia bonita com o mar calmo ou na montanha contemplando uma paisagem de árvores e plantas.

Pessoas também respondem através de ações, como por exemplo: sou livre quando faço algo que me agrada e faz sentido, ou então quando faço o que quero.

Mas podemos nos aprofundar um pouco mais sobre essas perguntas sem invalidar as respostas dadas acima.

O que os dois relatos tem em comum?  O pensamento. 

“Observação e pensar são os dois pontos de partida de toda busca cognitiva consciente do ser humano.”  Rudolf Steiner GA 4

Assim, temos que tomar por base o pensamento e a observação para refletirmos sobre a Liberdade.

Em relação à contemplação das paisagens usamos nosso pensamento construindo representações mentais das plantas ou da praia, elas mobilizam um sentimento de prazer em nós, e como Steiner diz: “Também aqui o pensamento é o pai do sentimento.” GA 4.

No momento em que agimos para algo prazeroso, em primeiro lugar surge o pensamento da ação para depois executarmos a ação em si, nesse momento temos que respeitar toda uma convenção social presente na cultura da época, do lugar, não podemos simplesmente agir sem nenhum critério previamente analisado, então se conclui que, nas nossas ações concretas, nós não somos livres.

Mas podemos expandir nossa consciência, e podemos fazer um exercício de colocar o pensar como objeto de observação, isto é, pensar o pensar. Para esclarecer melhor a afirmação acima temos as palavras de Steiner em GA 4.

“Pelo fato de dirigir o seu pensar para a observação, ele tem consciência dos objetos; quando dirige o seu pensar sobre si mesmo, obtém consciência de si próprio, ou seja, autoconsciência....Ora, quando o pensar dirige atenção para sua própria atividade, ele tem em si mesmo, ou seja, seu sujeito, como objeto diante de si.”

Com esse exercício podemos enxergar os porquês dos pensamentos que pensamos, e de onde eles vêm, acessando nossos arquivos da memória que nos motiva pensar desse modo, e vamos observar que ações são praticadas a partir de pensamentos superficiais, levando em conta condicionamentos sociais ou normas, essas ações não são livres, mas as ações praticadas através do pensamento intuitivo, sem esperar nada em troca e em amor, essas sim são totalmente livres.

Do mesmo modo temos a prática de meditação, a busca por um autoconhecimento, nesse momento podemos observar nosso pensar, nossa respiração, cada parte do nosso corpo conscientemente, e essa meditação é feita em total liberdade, pois também não somos coagidos a praticá-la, a ação de meditar é livre.

Mas hoje, em plena Época da Alma da Consciência, Steiner nos convida a desenvolver o pensar intuitivo, para que a nossa ação seja executada em liberdade, pois a partir da observação do pensar podemos agir conforme o mundo das ideias.

“[…] encontra a liberdade como característica das ações que fluem a partir das intuições da consciência. Nessas considerações sobre a vontade humana, foi apresentado o que o ser humano pode vivenciar em suas ações para chegar à consciência, por meio dessa vivência: Minha vontade é livre. É de significado especial, que a justificativa para caracterizar uma vontade como sendo livre é obtida por meio da vivência: na vontade se realiza a intuição de uma ideia. Isso só pode ser o resultado da observação.” Rudolf Steiner GA 4.

Mas como desenvolver o pensar intuitivo?

Queridos amigos e amigas, vamos verificar na nossa vida cotidiana quantas ações são realizadas em “piloto automático”, vamos agindo de acordo com as pressões, convenções até mesmo seguindo uma religião.

Vejamos, peguemos um livro cujo tema central é mais denso, complexo e exigente e quando começamos a lê-lo, acabamos pensando na lista do supermercado, mesmo lendo as palavras e parágrafos. Ora, nem paramos para observar o nosso pensar, ele foi automático, mas vamos à experiência, lemos o mesmo livro analisando cada palavra e cada parágrafo o seu sentido, observando como isto se dá no nosso pensar, eu posso chegar a tirar conclusões sobre o livro por mim mesmo, porque estou consciente na leitura do livro.

Esse exemplo acima mostra como desenvolver o pensar intuitivo, quando  pensamos sobre o pensar  Steiner o chama de estado de exceção, porque  o pensar cotidiano  se dá através de representações mentais passando na nossa mente o tempo todo, é um estado comum, mas o pensar como objeto de observação do pensamento, este sim é um estado de exceção, pois necessita esforço próprio, e a partir desta prática começamos a fortalecer a nossa capacidade de atenção, buscamos sentido para os fatos, temos maior senso crítico e avaliamos se a decisão de agir  que  tomamos  é fruto da influência de algo externo a nós,  de algum  preconceito enraizado ou de “gatilhos” de memória de fatos que  nos influenciaram no passado.

Deste modo, passamos a agir no cotidiano com mais consciência, pois a capacidade de observação do pensar expande a nossa atenção ao todo, e assim, nossa ação poderá ser praticada conscientemente e em amor que nos leva a liberdade.

Portanto, o desenvolvimento do pensar intuitivo nos torna mais autoconsciente.

Podemos visitar a nosso passado e vermos também que, quantas vezes nós também agimos através do pensar intuitivo, tivemos situações onde observamos o nosso pensar, acessamos o mundo das ideias e chegamos a uma conclusão por nós mesmos, sem qualquer influencia de alguém ou pressão exterior que nos obrigasse, sem nenhuma expectativa de ganho, então podemos afirmar que nossa ação foi praticada em Amor que proporcionou a Liberdade.

Como disse Rudolf  Steiner em GA 4:

“Os espíritos livres, porém, não se conformaram com tal escravidão. Eles se levantam a partir do momento em encontram a si mesmos para seguirem os seus caminhos em meio ao caos das convenções, obrigações e exercícios religiosos. Eles são livres quando seguem apenas a si mesmos, não livres quando se submetem. Quem pode dizer que é livre em todas as suas ações? Mas em cada um existe uma essência profunda na qual se expressa um homem livre.

Nossa vida se compõe de ações livres e não livres. Não é possível formar por completo a ideia do homem sem pensar no espírito livre como expressão mais pura do homem. Verdadeiramente homens somos apenas como seres livres.

Muitos dirão que isso é um ideal. Sem dúvida! Mas é um ideal com fundamento em nossa essência e que está vindo à tona. Não é um ideal abstrato ou sonhado, mas um ideal que possui vida própria e se anuncia claramente mesmo em suas manifestações pouco perfeitas.”

O desafio da nossa época é trilhar um caminho de autoconhecimento e autodesenvolvimento, quanto mais nós praticamos o pensar intuitivo, mais encontramos conceitos únicos e claros que nos definem, e com isso conseguimos atuar cada vez mais no mundo com a força do Amor que faculta a liberdade, pois nos conhecendo temos maior clareza para refletir sobre nossas atitudes.

O agir a partir do pensar intuitivo é uma prática diária, não se consegue por passe de mágica, é uma meta a ser conquistada, mas quando agimos, seja em maior ou menor grau a partir desse modo de pensar, temos a nítida sensação de que foi uma ação genuinamente nossa e nos sentimos totalmente livres.

Temos que conviver diariamente com a pergunta: “Se eu soubesse o que realmente eu deveria fazer?” Mas quando encontramos as respostas corretas e agimos a partir do pensar intuitivo iremos também perceber que fomos instrumentos de forças superiores que nos auxiliaram e capacitaram além do que nós nos julgamos capazes, e então podemos dizer que, prestamos um serviço à meta de desenvolvimento da humanidade, se tornar a Décima Hierarquia da Liberdade e do Amor.

Em GA 4 Rudolf Steiner completa:

“A natureza faz do homem um mero ser natural; a sociedade, um ser que age conforme leis; um ser livre somente ele pode fazer de si mesmo. A natureza abandona o homem em determinado estado de sua evolução; a sociedade o conduz  alguns passos adiante; o último aperfeiçoamento somente ele pode dar a si mesmo.”

Caros companheiros de jornada na Ciência Espiritual essa é a minha pequena contribuição a partir do tema Liberdade, que é muito amplo e fascinante.

Agora eu finalizo o tema com um verso de Steiner, os quais podem ser meditados diariamente, a fim de nos fortalecer na prática do pensar como objeto de observação.

“Quando deixa viver

Nos alvos campos do espírito

A pura força do pensar,

A alma apreende a liberdade em seu saber,

Mas quando, com sua vida plenamente assumida,

Cônscio de sua liberdade, o homem

Insere na vida sua força de vontade,

A liberdade celebra sua realidade."

 

Rita Paula Wey Nunes da Costa

 

quarta-feira, 8 de julho de 2020

DURMA COM OS ANJOS


“Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.”
Clarice Lispector


 - Boa noite, durma com os anjos!
Uma frase bastante comum na minha infância, quando minha mãe se despedia de mim, na hora de dormir.
E, no resgate dessa lembrança, associada a alguns novos conhecimentos, me disponho a falar sobre algo que envolve nossos hábitos e que podem ser realizados 'no piloto automático' ou com consciência.

Quando minha mãe se despedia de mim, na hora de dormir, ela transmitia que ali se encerrava um ciclo, e que dormir com os anjos me prepararia para o novo ciclo no amanhecer.

Ao dormir, nossa alma se distancia de nosso corpo físico e se envolve com outras questões. Quais questões ? O que determina isso ? Posso dizer que, quanto mais consciência tivermos desse processo, mais claro isso se torna.

Temos o tempo de acordar e o tempo de dormir. Isso implica na necessidade que temos de realizar um descanso, certo? E, talvez a pausa precise ser considerada também num outro sentido, ou seja, o que estamos pausando mesmo ?! E de que modo?
Dado o conhecimento de que somos seres espirituais encarnados, quando estaremos descansando? No tempo acordado ou no tempo dormindo?

'Alguém' por aí já disse: Nem só de pão vive o ser humano. Pois é, esse ser que sabia das coisas, revelou numa simples frase que não é apenas importante alimentar e cuidar do corpo físico, que precisamos de outras coisas para nos sentirmos nutridos.

"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte..." é uma resposta que, na atualidade, se aproxima um pouco mais do vislumbre de outras instâncias. 
Em seu livro 'Teosofia', R. Steiner diz:
Assim como não conhecemos inteiramente uma pessoa quando só temos uma ideia de sua aparência física, tampouco podemos conhecer o mundo que nos cerca quando só sabemos dele o que nos revelam nossos sentidos físicos. (...)Nós só podemos compreender totalmente o mundo físico ao discernirmos seu fundamento anímico e espiritual.
Reconhecendo que além de corpo, temos também alma e espírito, vamos voltar a refletir sobre o sono, e o que pode acontecer entre estes três universos que compõe nossa existência terrena, enquanto seres humanos.

O que se passa quando dormimos ?
O sono se revela como portal de acesso ao mundo espiritual. Nossa organização anímica se distancia desta realidade para se deparar com outras vivências, e através delas se abastecer para continuar sua existência com mais orientação, de acordo com seus próprios valores. Nessa esfera, nossa alma pode se desfazer do lixo acumulado, pode se nutrir, pode recolher orientação, pode rever seus passos e redirecionar determinadas escolhas.
No sono, a alma, ao acessar as esferas espirituais, pode se reconectar com seu propósito de vida, na Terra. Para isso, precisamos nos preparar para o sono.
E se, quando criança, absorvi essa orientação, também fiz assim com minha filha, e ao acompanhá-la para o adormecer, contava uma bela história, depois trazia o verso da noite, e assim ela podia embarcar para uma boa noite de sono. Uma amiga, contou, dia desses, que sua mãe antes de dormir, enfatizando a importância de uma conexão com o plano espiritual e a preparação para o sono, lhe dizia: "Não somos bichos, somos seres humanos. Bichos, se deitam e dormem, nós precisamos fazer contato com nosso anjo da guarda através de uma oração, para entrarmos no mundo do sono." É como nosso 'Olá!' para ele, "vim te visitar".

Como podemos dar nosso 'Olá!' para o plano espiritual, quando adultos ? podemos repassar a nossa própria história, a história do dia que acabamos de vivenciar, em retrospectiva, e colher os aprendizados, nos confrontarmos com as vivências inadequadas, enfim, separar o joio do trigo. Isso ativa nossa consciência para atravessar o portal do sono, e praticamente orienta, a partir das nossas reflexões, o encaminhamento das nossas vivências para as esferas mais sutis.
A partir disso, podemos colher, mais direta e ou conscientemente, a orientação que precisamos.

E na manhã seguinte, ao despertar, antes de nos levantarmos, podemos nos deter por uns instantes, para recolher as lembranças, seja por meio de uma imagem que nos salta, ou uma palavra, ou uma sensação. A intuição que surge é um anúncio do plano espiritual, a sensação que desperta pode ser um tema a ser investigado.

A partir dessas práticas diárias, vamos nos conectando com a nossa essência, e a partir dela, nossa consciência se amplia.
Quando entramos mais em nós mesmos? Quando, dentro do sentimento geral da vida, percebemos o que sempre temos como nossa consciência na condição de vigília; quando percebemos quem somos; quando nos experimentamos interiormente; quando sentimos quem somos nós. (GA-199 - R. Steiner) 
Não só durma com os anjos, mantenha-se em conexão com eles durante todo o seu dia. Assim, teremos  o mundo espiritual mais presente.

Olivia Gonzalez
Aconselhadora biográfica, terapeuta corporal e terapeuta floral

terça-feira, 14 de abril de 2020

O ATUAR E A ÉTICA


Esta semana vi um filme na plataforma de streaming Netflix um filme que ficou em cartaz nos cinemas no final do ano passado chamado “Luta por Justiça”, e me chamou muito a atenção a história do personagem principal, um jovem advogado que trabalha defendendo presos no “corredor da morte”, no Estado do Alabama, nos Estados Unidos, e outro filme chamado “Uma prova de Fé”,  este na plataforma de streaming Prime Vídeo, no qual os pais tem que dar uma lição aos filhos adolescentes  sobre ética.
E como eu tinha que falar sobre ética neste texto, esse dois filmes vieram como uma inspiração para eu falar sobre esse tema.
À Luz da Ciência Espiritual, a humanidade está desenvolvendo, nesta época, a alma da consciência, isto é, o exercício da liberdade autoconsciente, tanto interior como exterior.
Todas as pessoas, hoje, tem acesso à Antroposofia, ou a matérias edificantes que desenvolvem um senso de comportamento moral e ético, como também a outros conteúdos sem nenhum critério oferecidos pelos meios de comunicação, podem escolher qual o melhor para si, com qual conteúdo  irão se relacionar, podem usar a sua liberdade exterior e tomarem as  próprias decisões, a partir da sua consciência.
Quanto à liberdade interior, esta é mais complexa  e exigente, a humanidade tem que lidar com seu Ego, onde estão os impulsos e cobiças, onde a vontade está totalmente indisciplinada portanto, ainda não está conquistada essa liberdade por inteiro.
Também todos estão sujeitos a suportar as consequências dessas vontades, escolhas e ações.
Como bem coloca Daniel Burkhard, em seu livro Nova Consciência- Altruísmo e Liberdade: “Porém a liberdade tem dois lados: liberdade exterior e a liberdade interior.
A liberdade exterior pressupõe a ausência do exercício de poder de uns sobre os outros. É a liberdade para mim e para os outros, mediante valores e limites estabelecidos em conjunto. Viver e deixar viver. A liberdade exterior, nos torna independente dos deuses antigos, das crenças, das normas e dos mandamentos da religião, dos discursos tediosos dos falsos moralistas etc. ...
Por sua vez, a liberdade interior será conquistada quando conseguirmos controlar os impulsos e cobiças e decidir livremente a partir do nosso Eu, e não mais do nosso Ego.”
Assim, quanto mais a humanidade desenvolve a Alma da Consciência mais o Ego vai desaparecendo e dando lugar para o  Eu Superior nas hora de se fazer escolhas,  e atuar perante  a vida.
Neste momento em que, um ato é dirigido pelo Eu Superior que age no pensar, sentir e querer, e esses três âmbitos da corporalidade são coerentes entre si, aí encontro o ato ético aplicado.
O Ego ainda pensa em que um ato praticado pode ser certo ou errado, mas isso é a partir do conceito que uma pessoa tem do certo e errado, dando como exemplo: No Brasil Colônia a escravidão de pessoas era legal, os Senhores de escravos cumpriam a lei, portanto certo, mas esta forma de trabalho era ética?
Quanto mais o Eu Superior está presente na atuação do indivíduo no mundo, ele ainda na ideia pensada se perguntará: Se eu colocar em prática a ideia que eu pensei, este ato será benéfico ou maléfico, meu ato trará saúde ou doença, ou melhor, meu ato será destrutivo ou construtivo, para todos os envolvidos? Ou pensando de um modo macro, o ato praticado por um ser humano trará como consequências, benefícios ou malefícios para toda a humanidade.
Quando o indivíduo aplica a ética em seus atos, podemos também dizer que esse indivíduo tem uma virtude.
Nos tempos atuais é de suma importância a discussão cada vez mais sobre ética, pois como as pessoas ainda oscilam entre o Ego e o Eu Superior, os atos ficam, às vezes, egoísta, outras altruístas.
Mas temos como tarefa, neste momento da humanidade, atuar cada vez mais com altruísmo, a fim de cumprir a meta de nos tornarmos a Décima Hierarquia, seres da Liberdade e do Amor.
Com a pandemia no mundo abre-se uma grande oportunidade para essa discussão sobre esse tema, agora está cada vez mais escancarada esta  atuação ética, porque quando os indivíduos estocam alimentos, cobram mais por itens de higiene que são essenciais para proteção das pessoas, estão em seus conceitos fazendo o que é certo, mas a partir do malefício causado a todos que, não puderam ter acesso ao alimento ou ao item de higiene o ato é visivelmente antiético.
A partir do fato acima descrito fica clara a importância do desenvolvimento correto da Alma da Consciência, a fim de que cada vez mais o Eu Superior dos indivíduos possam atuar e assim realmente haverá uma humanização dos atos praticados, uma maior coerência entre o pensar, sentir e agir.
Voltando ao início do texto, o primeiro filme mostra a coerência do advogado no seu pensar, sentir e agir, em nenhum momento ele se desviou desse caminho, para cada caso que se propunha a defender ele buscava a justiça eticamente, atuava sem se corromper ou violentar seus valores morais. Vale a pena assistir.
No segundo filme, como os pais ensinam os filhos a terem uma atuação ética, o filho do casal assina um compromisso com seu treinador de futebol que não irá ingerir bebida alcoólica, senão será penalizado com a pena de não poder participar dos jogos em campo, assim em uma noite os pais vão busca-lo depois de uma festa e veem que seu filho está alcoolizado, contar ou não para o treinador?  Se o filho assumiu o compromisso de ter certo comportamento antialcoólico, e esconde do seu treinador a quebra dele, vamos ver que a atuação ética começa em casa, na família e quando ninguém está olhando. Também recomendo.
Para finalizar o texto gostaria de compartilhar com os meus leitores e leitoras um trecho do discurso proferido por nosso Ministro do Supremo Tribunal Federal, Doutor Luís Roberto Barroso intitulado O mundo, o país e o papel de cada um.” Para uma turma de formandos em Direito em que é Paraninfo, no qual ele fala com maestria o que é pensar, sentir, querer e ser Ético.

IV. Três compromissos consigo próprio
1. Levar uma vida ética
Viver uma vida ética significa viver uma vida boa, ser bom, evitar fazer o mal, tratar a todos com respeito e consideração. A vida boa, tomando emprestadas algumas categorias de Aristóteles, inclui virtude, razão prática e coragem moral. A virtude consiste em cumprir bem o próprio papel, fazer a coisa certa, não desviar do reto caminho. Quem se move por valores e consegue ser fiel a si mesmo, não perde nunca. A virtude é a sua própria recompensa. Virtude não significa moralismo, superioridade ou arrogância. Não é critério para julgar os outros, mas para traçar os próprios caminhos. É a simplicidade da correção pessoal, dos bons propósitos e dos bons sentimentos.
Razão prática ou prudência é a capacidade de fazer juízos adequados, conjugando a realidade e os fatos da vida com os valores a serem preservados e os fins a serem alcançados. A razão prática visa à melhor decisão possível, com a motivação correta e a busca dos melhores resultados. E, por fim, a coragem moral, que é a determinação interior de fazer o que deve ser feito, como deve ser feito, quando deve ser feito. Sem bravatas, com discrição, serenidade e firmeza.
O universo protege as pessoas que vivem assim. Creiam em mim.”

Rita Paula Wey Nunes da Costa

quinta-feira, 26 de março de 2020

ÉTICA NO MOMENTO PRESENTE


Diante do cenário atual, senti vontade de compartilhar minhas impressões sobre o que estamos vivendo, nossas responsabilidades e aprendizados.

Quando uma doença acomete um indivíduo, é revisitando sua biografia, que percebemos, o que precisa ser transformado, internamente, ou a sua volta. Quando é coletiva, como agora, penso que o aprendizado é para toda a humanidade, que vive a época.

Segundo a Antroposofia, estamos na quinta época do desenvolvimento da humanidade na Terra, a fase da Consciência. E desenvolver o EU, sem esquecer o NÓS, é reconhecer a nossa individualidade, reconhecendo que ela faz parte de um coletivo, deste grande tear humano.

E o que ética, tem a ver, com tudo isso? Nessa fase, muito mais do que falarmos sobre o que é ética, trata-se de vivenciá-la. Hoje a ética, antes de mais nada, precisa permear as nossas ações. Então, ética tem a ver com solidariedade e empatia, um pensamento sistêmico que enxerga esse tear humano e, esse EU, consciente, assume sua corresponsabilidade pelo coletivo.

Diante de crises, temos sempre dois caminhos, pela luz ou pela sombra. Vemos intensamente, isso acontecer a nossa volta, com a situação presente.  Quantas pessoas estão tendo empatia e ajudando os outros, mesmos desconhecidos. Seja compartilhando seus dons, talentos ou recursos; se oferecendo para ouvir quem se sente sozinho, mantendo pagamentos de profissionais liberais e abrindo mão desse serviço para que essas pessoas também possam ficar em casa em segurança, seja se voluntariando para dar suporte para um idoso sem família ou sair de casa e atuar na área da saúde e alimentação/distribuição, que são essenciais nesta situação. Enfim, são muitos exemplos que nos enchem de esperança e fé na humanidade.

É verdade que o contrário também ocorre; sombras. Sempre haverá quem irá pensar apenas em si ou apenas em seus entes queridos; os que irão estocar alimentos e remédios, sem se preocupar se isso pode acarretar a falta de acesso para outros; haverá quem irá buscar lucrar abusivamente em cima de produtos escassos. Indivíduos são compostos de luzes e sombras e em uma sociedade sempre vai haver esses dois pólos, e em momentos assim, isso fica mais evidente. Muitas das nossas sombras surgem em momentos que nos deixamos levar pelas sensações ou medos, por isso, a importância de nos mantermos centrados e conscientes de nossos atos.

Acho significativo ver como um vírus parou a economia, isolou as pessoas e que agora estão mais propensas a ter empatia de fato. Foi necessário nos afastar socialmente, para, com mais força, reconhecermos a importância do amor, do afeto, do toque humano, da solidariedade e assim de fato poder desenvolver empatia em grande escala.

Sinto que esse é o grande aprendizado espiritual que temos diante de nós. E aprendizado é escolha, podemos nos ver e reconhecer como parte do todo. Esse vírus chega sem distinção a qualquer humano, mas, o como chegará, sua velocidade e intensidade, ah, isso sim, dependerá essencialmente de nossas escolhas, enquanto indivíduos, coletivos, governos, empresas, sociedade em geral. Podemos acentuar ainda mais as desigualdades ou aprendermos a ser fraternos no econômico e lutarmos para que haja acesso a igualdade aos direitos de saúde e bem-estar social.

Podemos conter o vírus, adiando seu avanço e salvando vidas, mas é importante que o façamos com amor, o amor nos aquece e o calor humano é a melhor arma contra as doenças. Um ser humano aquecido por sua luz interior, se conecta com sua centelha divina que todos nós temos.

Não é hora de levantarmos barricadas movidos pelo medo, procurar culpados ou nos auto enganarmos que é apenas uma gripe com baixa letalidade para uma doença que avança em projeção geométrica, ou que não temos a ver com isso porque estamos fora do grupo de risco, e nos esquecermos da nossa responsabilidade, e seguirmos espalhando esse vírus.

Como disse Steiner, “A Humanidade só conseguirá ter uma vida social saudável quando, no espelho de cada alma, a comunidade inteira encontrar seu reflexo. E quando, as virtudes de cada um viver em toda comunidade”.

Ficar em casa para a maioria, que está fora do grupo de risco, é fazê-lo com consciência, de que ao nos preservarmos estamos segurando o avanço do vírus, sobre aqueles que são mais vulneráveis. Ao fazê-lo estamos dando tempo, para que o sistema de saúde possa absorver os pacientes e tratá-los devidamente. Ao fazê-lo, estamos aflorando, o que, de mais humano, temos para desenvolver, que é o amor genuíno.

A Questão é, estaremos prontos para aprender o que precisamos aprender, com tudo isso? Espero, pelo bem da humanidade, que sim. É um chamado para deixarmos o individualismo e as polaridades, e nos reconhecermos, sim, como individualidades, mas que estão todas conectadas em um grande tear humano, é momento de integração sob a luz da consciência.

Fica o convite de ouvirmos esse chamado fraterno que a situação nos apresenta.

Fiquem bem, se possível, fiquem em casa ❤
#poramoreuficoemcasa

RENATA NASC
Sou apaixonada por estudos da formação do povo e da cultura brasileira, feminismos, sustentabilidade, antroposofia e pedagogia. Atuo há mais de 13 anos com Responsabilidade Social e Sustentabilidade e com a chegada da minha filha, hoje com nove anos, mergulhei intensamente nos estudos biográficos e sobre a pedagogia.

domingo, 1 de dezembro de 2019

Vamos continuar vivendo


O nono setênio, na biografia humana, se inicia com 56 anos e vai até os 63 anos.
Este setênio tem como palavra principal a fase mística.
Por que essa fase é chamada mística? Porque o homem ou mulher que está nessa fase se volta mais para seu interior, é um momento de solidão, onde a vida será repassada, é um bom momento para fazer uma retrospectiva de sua vida, ou aconselhamento biográfico, a fim de tomar contato com tudo que realizou e o que deixou de realizar, e assim poder se perdoar, e seguir em frente através do desenvolvimento de atividades guardadas como sonhos no fundo da alma.
A introspecção nesse setênio proporciona ao homem ou mulher viver o espiritual em si e irradiá-lo para todos com quem convive.
Os netos são os primeiros a vivenciarem essa fase com os avós, porque como muitos netos ainda estão no primeiro setênio, e sentem o espiritual em tudo, e os avós irradiam o espiritual de dentro para fora, eles tem uma afinidade maior, e como também os avós já desenvolveram mais paciência, tendo em vista o tempo de vida e experiências vividas,  e não tem mais a obrigação de criá-los, pois isso está ao encargo dos pais, fica mais fácil a interação entre eles, porque a criança sente o verdadeiro espiritual irradiado, como bem diz Gudrun Burkhard em seu livro: Tomar a vida nas próprias mãos, pág. 147 “Essa luz espiritual interior que surge é também amada pelos netos. A afinidade entre netos e avós é grande, pois as crianças pequenas tem a luz para fora, ou como uma aura. O espiritual as envolve, não estando ainda totalmente mergulhado no corpo . Entretanto, nos mais velhos a luz está dentro e irradia para fora.”
No meu texto sobre o oitavo setênio, o tema principal versava em ter metas e objetivos que estavam guardados no coração, agora neste nono setênio o tema continua.
Agora,  a partir desta introspecção que está acentuada o importante é continuar com atividades iniciadas no setênio anterior, ou novamente se perguntar: “O que eu quero ser quando eu envelhecer?”. Nunca é tarde para começar algo que ressoa no coração como impulso para exercer uma atividade, seja ela qual for. Isso mantém, apesar do declínio físico agora mais evidente, como dito por Gudrun Burkhard   “Fisicamente as forças se retiram dos órgãos, dos sentidos e do cérebro...”,  a se manter ativo, essas tarefas iniciadas a partir da vontade do coração obrigam o homem ou a mulher  a conviver com pessoas da sua geração, ou mais jovens, a pensar,  isso é um exercício físico para o cérebro, manter a mente ativa preservando sua capacidade cognitiva, o próprio estudo da Antroposofia,  contribui para o desenvolvimento de uma consciência ampliada, essas condições aqui colocadas  enriquecem a vida nesta fase e proporcionam vitalidade, pois  a própria Dra. Gudrun  quando estava no nono setênio iniciou cursos de formação em  biográficos na Europa, pois isso estava guardado em seu íntimo, e a partir da solidão e introspecção que revelam o que está guardado na alma como tarefa a ser desenvolvida. E assim ela pode colocar em prática essa formação quando  teve mais tempo para desenvolve-la e principalmente conduzi-la.
Outro aspecto importante a ser destacado é que, nesta fase o homem ou mulher se tornaram pessoas aconselhadoras, como já viveu grande parte da vida e já vivenciou muitas experiências, possuem grande bagagem de vida, encontram-se aptos a aconselhar os mais novos, que vem ao seu encontro com suas questões. Entretanto, as questões devem se formuladas pelos mais jovens, nesta fase a paciência já adquirida diz para esperar, e não se adiantar com as respostas.
A revista Cláudia publicou uma reportagem em 25 de Novembro de 2016, onde mulheres de 60 anos colocavam seus pensamentos para as mulheres de 30 anos, mas esses pensamentos podem ser aplicados para todos, sejam homens ou mulheres, e estão em comunhão com as características apresentadas neste nono setênio, por meio do estudo da Biografia Humana.

 “Tente ser positiva e olhar para o lado bom de cada experiência de vida.
 Viva cada dia de sua vida ao máximo, porque você nunca sabe o que te espera ao virar a esquina.
 Ame todas as fases da sua vida e não tema passar por nenhuma delas, porque todas são mágicas.
 A vida é muito curta para se preocupar com algo que vai acontecer no futuro. Viva o hoje.
Encontre um hobby ou um trabalho que faça você experimentar as diferentes sensações de cada fase de sua vida.
Seja você mesma. Envelheça com dignidade.
Foque no envelhecimento de uma forma positiva; não tente evitá-lo.
Aceite as mudanças em seu corpo e na sua mente enquanto você amadurece.
Seja sempre honesta com você mesma. A vida é um processo lento de aprendizagem, mas que vale a pena.
Preserve suas memórias, mas não seja demasiadamente dura consigo mesma.
Esqueça os estereótipos que a sociedade tem sobre o envelhecimento.
Não se preocupe com o envelhecimento. Preocupe-se com o tédio.
A idade é apenas um número, ela não define quem você é.
O Tempo vai passar, goste você disso ou não, portanto comece a viver!
Não deixe de inspirar-se.
Viva de uma maneira simples e segura. Exercite-se, cultive, leia e viaje.
Seja você mesma; brilhe. Mostre-se real, esteja consciente e viva em todos os momentos.
Não se torne obsessiva com as rugas. Quando elas começarem a aparecer em seu rosto, pense que elas são um mapa de sua vida.
Esteja no presente; não se preocupe com o envelhecimento. O melhor ainda está por vir.
Aprecie os pequenos prazeres da vida; não a complique ainda mais.
Respeite o seu parceiro e seus filhos da mesma forma que você quer que eles te amem e te respeitem.
Mostre empatia com você mesma e com aqueles que estão ao seu redor.
Tenha um círculo íntimo de amigos. Isso é fundamental!
Valorize sua família. Eles vão estar com você quando os outros se afastarem. Irão apoiá-la durante todo o percurso de sua vida.
Aprenda a rir de si mesma. Não seja tão séria!
Dedique algum tempo a si mesma todos os dias; ria e sorria o tempo todo.
Não se guie pelo medo.
Não pare de aprender e de exercitar a sua mente, o seu físico e o seu espírito.
Aceite os aspectos positivos do envelhecimento, como ter menos responsabilidades e mais liberdade.
Muitas batalhas são simplificadas com a idade.
Não deixe que ninguém lhe diga que você está velho demais para fazer alguma coisa! Ou muito jovem.
Não tenha medo. Quando você ficar velha, você vai se sentir bem. A vida e a natureza preparam você para cada fase de sua vida.”

Queridos leitores e leitoras, que estão no nono setênio ou estão a caminho dele, não há necessidade de se desesperar com a proximidade do envelhecimento, nos dias atuais, com a expectativa de vida cada vez maior, temos muito tempo para desempenhar nossas tarefas, que estão guardadas bem no fundo da alma e prontas para serem colocadas em prática.

Para contemplar principalmente os leitores, temos o exemplo de Jornalista Roberto Marinho, que fundou a Rede Globo de Televisão em 1965 quando já estava com 61 anos, realizou um sonho que estava em seu coração, apesar de também experimentar o declínio físico, a nova empresa deu a ele a vitalidade necessária para fundar e construir o que nos dias atuais se tornou a emissora de televisão de maior abrangência nacional.

Portanto, caros amigos, finalizo meu texto sobre o nono setênio, dizendo para todos que VAMOS CONTINUAR VIVENDO, porque cada fase da vida, já vivida, contribuiu para o que somos hoje, mas nunca é tarde demais para atuar no mundo, através das nossas capacidades adquiridas, nossos dons e com o melhor de nós mesmos.

Ilustro o texto com um verso:

Se eu me considerasse o que o mundo faz de mim,
Nada poderia fazer.
A destruição do globo terrestre não conseguiria, é claro evitar.
Se pensar, porém, no que cada um originalmente é,
Ou melhor, poderia vir a ser – independente da situação mundial –,
Isto é, um ser humano autônomo, responsável pelo mundo e para o mundo,
É óbvio que muito posso fazer.
Vaclav Hável

Rita Paula Wey Nunes da Costa

Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

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