quinta-feira, 26 de março de 2020

ÉTICA NO MOMENTO PRESENTE


Diante do cenário atual, senti vontade de compartilhar minhas impressões sobre o que estamos vivendo, nossas responsabilidades e aprendizados.

Quando uma doença acomete um indivíduo, é revisitando sua biografia, que percebemos, o que precisa ser transformado, internamente, ou a sua volta. Quando é coletiva, como agora, penso que o aprendizado é para toda a humanidade, que vive a época.

Segundo a Antroposofia, estamos na quinta época do desenvolvimento da humanidade na Terra, a fase da Consciência. E desenvolver o EU, sem esquecer o NÓS, é reconhecer a nossa individualidade, reconhecendo que ela faz parte de um coletivo, deste grande tear humano.

E o que ética, tem a ver, com tudo isso? Nessa fase, muito mais do que falarmos sobre o que é ética, trata-se de vivenciá-la. Hoje a ética, antes de mais nada, precisa permear as nossas ações. Então, ética tem a ver com solidariedade e empatia, um pensamento sistêmico que enxerga esse tear humano e, esse EU, consciente, assume sua corresponsabilidade pelo coletivo.

Diante de crises, temos sempre dois caminhos, pela luz ou pela sombra. Vemos intensamente, isso acontecer a nossa volta, com a situação presente.  Quantas pessoas estão tendo empatia e ajudando os outros, mesmos desconhecidos. Seja compartilhando seus dons, talentos ou recursos; se oferecendo para ouvir quem se sente sozinho, mantendo pagamentos de profissionais liberais e abrindo mão desse serviço para que essas pessoas também possam ficar em casa em segurança, seja se voluntariando para dar suporte para um idoso sem família ou sair de casa e atuar na área da saúde e alimentação/distribuição, que são essenciais nesta situação. Enfim, são muitos exemplos que nos enchem de esperança e fé na humanidade.

É verdade que o contrário também ocorre; sombras. Sempre haverá quem irá pensar apenas em si ou apenas em seus entes queridos; os que irão estocar alimentos e remédios, sem se preocupar se isso pode acarretar a falta de acesso para outros; haverá quem irá buscar lucrar abusivamente em cima de produtos escassos. Indivíduos são compostos de luzes e sombras e em uma sociedade sempre vai haver esses dois pólos, e em momentos assim, isso fica mais evidente. Muitas das nossas sombras surgem em momentos que nos deixamos levar pelas sensações ou medos, por isso, a importância de nos mantermos centrados e conscientes de nossos atos.

Acho significativo ver como um vírus parou a economia, isolou as pessoas e que agora estão mais propensas a ter empatia de fato. Foi necessário nos afastar socialmente, para, com mais força, reconhecermos a importância do amor, do afeto, do toque humano, da solidariedade e assim de fato poder desenvolver empatia em grande escala.

Sinto que esse é o grande aprendizado espiritual que temos diante de nós. E aprendizado é escolha, podemos nos ver e reconhecer como parte do todo. Esse vírus chega sem distinção a qualquer humano, mas, o como chegará, sua velocidade e intensidade, ah, isso sim, dependerá essencialmente de nossas escolhas, enquanto indivíduos, coletivos, governos, empresas, sociedade em geral. Podemos acentuar ainda mais as desigualdades ou aprendermos a ser fraternos no econômico e lutarmos para que haja acesso a igualdade aos direitos de saúde e bem-estar social.

Podemos conter o vírus, adiando seu avanço e salvando vidas, mas é importante que o façamos com amor, o amor nos aquece e o calor humano é a melhor arma contra as doenças. Um ser humano aquecido por sua luz interior, se conecta com sua centelha divina que todos nós temos.

Não é hora de levantarmos barricadas movidos pelo medo, procurar culpados ou nos auto enganarmos que é apenas uma gripe com baixa letalidade para uma doença que avança em projeção geométrica, ou que não temos a ver com isso porque estamos fora do grupo de risco, e nos esquecermos da nossa responsabilidade, e seguirmos espalhando esse vírus.

Como disse Steiner, “A Humanidade só conseguirá ter uma vida social saudável quando, no espelho de cada alma, a comunidade inteira encontrar seu reflexo. E quando, as virtudes de cada um viver em toda comunidade”.

Ficar em casa para a maioria, que está fora do grupo de risco, é fazê-lo com consciência, de que ao nos preservarmos estamos segurando o avanço do vírus, sobre aqueles que são mais vulneráveis. Ao fazê-lo estamos dando tempo, para que o sistema de saúde possa absorver os pacientes e tratá-los devidamente. Ao fazê-lo, estamos aflorando, o que, de mais humano, temos para desenvolver, que é o amor genuíno.

A Questão é, estaremos prontos para aprender o que precisamos aprender, com tudo isso? Espero, pelo bem da humanidade, que sim. É um chamado para deixarmos o individualismo e as polaridades, e nos reconhecermos, sim, como individualidades, mas que estão todas conectadas em um grande tear humano, é momento de integração sob a luz da consciência.

Fica o convite de ouvirmos esse chamado fraterno que a situação nos apresenta.

Fiquem bem, se possível, fiquem em casa ❤
#poramoreuficoemcasa

RENATA NASC
Sou apaixonada por estudos da formação do povo e da cultura brasileira, feminismos, sustentabilidade, antroposofia e pedagogia. Atuo há mais de 13 anos com Responsabilidade Social e Sustentabilidade e com a chegada da minha filha, hoje com nove anos, mergulhei intensamente nos estudos biográficos e sobre a pedagogia.

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