Diante do cenário atual, senti vontade de compartilhar minhas
impressões sobre o que estamos vivendo, nossas responsabilidades e
aprendizados.
Quando uma doença acomete um indivíduo, é revisitando sua
biografia, que percebemos, o que precisa ser transformado, internamente, ou a
sua volta. Quando é coletiva, como agora, penso que o aprendizado é para toda a
humanidade, que vive a época.
Segundo a Antroposofia, estamos na quinta época do
desenvolvimento da humanidade na Terra, a fase da Consciência. E desenvolver o
EU, sem esquecer o NÓS, é reconhecer a nossa individualidade, reconhecendo que
ela faz parte de um coletivo, deste grande tear humano.
E o que ética, tem a ver, com tudo isso? Nessa fase, muito
mais do que falarmos sobre o que é ética, trata-se de vivenciá-la. Hoje a
ética, antes de mais nada, precisa permear as nossas ações. Então, ética tem a
ver com solidariedade e empatia, um pensamento sistêmico que enxerga esse tear
humano e, esse EU, consciente, assume sua corresponsabilidade pelo coletivo.
Diante de crises, temos sempre dois caminhos, pela luz ou
pela sombra. Vemos intensamente, isso acontecer a nossa volta, com a situação
presente. Quantas pessoas estão tendo
empatia e ajudando os outros, mesmos desconhecidos. Seja compartilhando seus
dons, talentos ou recursos; se oferecendo para ouvir quem se sente sozinho,
mantendo pagamentos de profissionais liberais e abrindo mão desse serviço para
que essas pessoas também possam ficar em casa em segurança, seja se
voluntariando para dar suporte para um idoso sem família ou sair de casa e
atuar na área da saúde e alimentação/distribuição, que são essenciais nesta
situação. Enfim, são muitos exemplos que nos enchem de esperança e fé na
humanidade.
É verdade que o contrário também ocorre; sombras. Sempre
haverá quem irá pensar apenas em si ou apenas em seus entes queridos; os que
irão estocar alimentos e remédios, sem se preocupar se isso pode acarretar a
falta de acesso para outros; haverá quem irá buscar lucrar abusivamente em cima
de produtos escassos. Indivíduos são compostos de luzes e sombras e em uma
sociedade sempre vai haver esses dois pólos, e em momentos assim, isso fica
mais evidente. Muitas das nossas sombras surgem em momentos que nos deixamos
levar pelas sensações ou medos, por isso, a importância de nos mantermos
centrados e conscientes de nossos atos.
Acho significativo ver como um vírus parou a economia, isolou
as pessoas e que agora estão mais propensas a ter empatia de fato. Foi
necessário nos afastar socialmente, para, com mais força, reconhecermos a
importância do amor, do afeto, do toque humano, da solidariedade e assim de
fato poder desenvolver empatia em grande escala.
Sinto que esse é o grande aprendizado espiritual que temos
diante de nós. E aprendizado é escolha, podemos nos ver e reconhecer como parte
do todo. Esse vírus chega sem distinção a qualquer humano, mas, o como chegará,
sua velocidade e intensidade, ah, isso sim, dependerá essencialmente de nossas
escolhas, enquanto indivíduos, coletivos, governos, empresas, sociedade em
geral. Podemos acentuar ainda mais as desigualdades ou aprendermos a ser
fraternos no econômico e lutarmos para que haja acesso a igualdade aos direitos
de saúde e bem-estar social.
Podemos conter o vírus, adiando seu avanço e salvando vidas,
mas é importante que o façamos com amor, o amor nos aquece e o calor humano é a
melhor arma contra as doenças. Um ser humano aquecido por sua luz interior, se
conecta com sua centelha divina que todos nós temos.
Não é hora de levantarmos barricadas movidos pelo medo,
procurar culpados ou nos auto enganarmos que é apenas uma gripe com baixa
letalidade para uma doença que avança em projeção geométrica, ou que não temos
a ver com isso porque estamos fora do grupo de risco, e nos esquecermos da
nossa responsabilidade, e seguirmos espalhando esse vírus.
Como disse Steiner, “A
Humanidade só conseguirá ter uma vida social saudável quando, no espelho de
cada alma, a comunidade inteira encontrar seu reflexo. E quando, as virtudes de
cada um viver em toda comunidade”.
Ficar em casa para a maioria, que está fora do grupo de
risco, é fazê-lo com consciência, de que ao nos preservarmos estamos segurando
o avanço do vírus, sobre aqueles que são mais vulneráveis. Ao fazê-lo estamos
dando tempo, para que o sistema de saúde possa absorver os pacientes e
tratá-los devidamente. Ao fazê-lo, estamos aflorando, o que, de mais humano,
temos para desenvolver, que é o amor genuíno.
A Questão é, estaremos prontos para aprender o que precisamos
aprender, com tudo isso? Espero, pelo bem da humanidade, que sim. É um chamado
para deixarmos o individualismo e as polaridades, e nos reconhecermos, sim,
como individualidades, mas que estão todas conectadas em um grande tear humano,
é momento de integração sob a luz da consciência.
Fica o convite de ouvirmos esse chamado fraterno que a
situação nos apresenta.
#poramoreuficoemcasa
RENATA NASC
Sou apaixonada por estudos da formação do povo e da cultura
brasileira, feminismos, sustentabilidade, antroposofia e pedagogia. Atuo há
mais de 13 anos com Responsabilidade Social e Sustentabilidade e com a chegada
da minha filha, hoje com nove anos, mergulhei intensamente nos estudos
biográficos e sobre a pedagogia.
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