Esta semana vi um filme na
plataforma de streaming Netflix um filme que ficou em cartaz nos cinemas no
final do ano passado chamado “Luta por Justiça”, e me chamou muito a atenção a
história do personagem principal, um jovem advogado que trabalha defendendo
presos no “corredor da morte”, no Estado do Alabama, nos Estados Unidos, e
outro filme chamado “Uma prova de Fé”,
este na plataforma de streaming Prime Vídeo, no qual os pais tem que dar
uma lição aos filhos adolescentes sobre
ética.
E como eu tinha que falar
sobre ética neste texto, esse dois filmes vieram como uma inspiração para eu
falar sobre esse tema.
À Luz da Ciência Espiritual,
a humanidade está desenvolvendo, nesta época, a alma da consciência, isto é, o
exercício da liberdade autoconsciente, tanto interior como exterior.
Todas as pessoas, hoje, tem
acesso à Antroposofia, ou a matérias edificantes que desenvolvem um senso de
comportamento moral e ético, como também a outros conteúdos sem nenhum critério
oferecidos pelos meios de comunicação, podem escolher qual o melhor para si,
com qual conteúdo irão se relacionar,
podem usar a sua liberdade exterior e tomarem as próprias decisões, a partir da sua
consciência.
Quanto à liberdade interior,
esta é mais complexa e exigente,
a humanidade tem que lidar com seu Ego, onde estão os impulsos e cobiças, onde
a vontade está totalmente indisciplinada portanto, ainda não está conquistada
essa liberdade por inteiro.
Também todos estão sujeitos
a suportar as consequências dessas vontades, escolhas e ações.
Como bem coloca Daniel
Burkhard, em seu livro Nova Consciência- Altruísmo e Liberdade: “Porém
a liberdade tem dois lados: liberdade exterior e a liberdade interior.
A liberdade exterior pressupõe
a ausência do exercício de poder de uns sobre os outros. É a liberdade para mim
e para os outros, mediante valores e limites estabelecidos em conjunto. Viver e
deixar viver. A liberdade exterior, nos torna independente dos deuses antigos,
das crenças, das normas e dos mandamentos da religião, dos discursos tediosos
dos falsos moralistas etc. ...
Por sua vez, a liberdade
interior será conquistada quando conseguirmos controlar os impulsos e cobiças e
decidir livremente a partir do nosso Eu, e não mais do nosso Ego.”
Assim, quanto mais a
humanidade desenvolve a Alma da Consciência mais o Ego vai desaparecendo e
dando lugar para o Eu Superior nas hora
de se fazer escolhas, e atuar perante a vida.
Neste momento em que, um ato
é dirigido pelo Eu Superior que age no pensar, sentir e querer, e esses três
âmbitos da corporalidade são coerentes entre si, aí encontro o ato ético
aplicado.
O Ego ainda pensa em que um
ato praticado pode ser certo ou errado, mas isso é a partir do conceito que uma
pessoa tem do certo e errado, dando como exemplo: No Brasil Colônia a
escravidão de pessoas era legal, os Senhores de escravos cumpriam a lei, portanto
certo, mas esta forma de trabalho era ética?
Quanto mais o Eu Superior
está presente na atuação do indivíduo no mundo, ele ainda na ideia pensada se
perguntará: Se eu colocar em prática a ideia que eu pensei, este ato será
benéfico ou maléfico, meu ato trará saúde ou doença, ou melhor, meu ato será destrutivo
ou construtivo, para todos os envolvidos? Ou pensando de um modo macro, o ato
praticado por um ser humano trará como consequências, benefícios ou malefícios
para toda a humanidade.
Quando o indivíduo aplica a
ética em seus atos, podemos também dizer que esse indivíduo tem uma virtude.
Nos tempos atuais é de suma
importância a discussão cada vez mais sobre ética, pois como as pessoas ainda
oscilam entre o Ego e o Eu Superior, os atos ficam, às vezes, egoísta, outras
altruístas.
Mas temos como tarefa, neste
momento da humanidade, atuar cada vez mais com altruísmo, a fim de cumprir a
meta de nos tornarmos a Décima Hierarquia, seres da Liberdade e do Amor.
Com a pandemia no mundo
abre-se uma grande oportunidade para essa discussão sobre esse tema, agora está
cada vez mais escancarada esta atuação
ética, porque quando os indivíduos estocam alimentos, cobram mais por itens de
higiene que são essenciais para proteção das pessoas, estão em seus conceitos
fazendo o que é certo, mas a partir do malefício causado a todos que, não
puderam ter acesso ao alimento ou ao item de higiene o ato é visivelmente
antiético.
A partir do fato acima
descrito fica clara a importância do desenvolvimento correto da Alma da
Consciência, a fim de que cada vez mais o Eu Superior dos indivíduos possam
atuar e assim realmente haverá uma humanização dos atos praticados, uma maior
coerência entre o pensar, sentir e agir.
Voltando ao início do texto,
o primeiro filme mostra a coerência do advogado no seu pensar, sentir e agir,
em nenhum momento ele se desviou desse caminho, para cada caso que se propunha
a defender ele buscava a justiça eticamente, atuava sem se corromper ou
violentar seus valores morais. Vale a pena assistir.
No segundo filme, como os
pais ensinam os filhos a terem uma atuação ética, o filho do casal assina um
compromisso com seu treinador de futebol que não irá ingerir bebida alcoólica,
senão será penalizado com a pena de não poder participar dos jogos em campo,
assim em uma noite os pais vão busca-lo depois de uma festa e veem que seu
filho está alcoolizado, contar ou não para o treinador? Se o filho assumiu o compromisso de ter certo
comportamento antialcoólico, e esconde do seu treinador a quebra dele, vamos
ver que a atuação ética começa em casa, na família e quando ninguém está
olhando. Também recomendo.
Para
finalizar o texto gostaria de compartilhar com os meus leitores e leitoras um
trecho do discurso proferido por nosso Ministro
do Supremo Tribunal Federal, Doutor Luís Roberto Barroso intitulado “O mundo, o país e o papel de
cada um.” Para uma turma de
formandos em Direito em que é Paraninfo, no qual ele fala com maestria o que é
pensar, sentir, querer e ser Ético.
“IV. Três compromissos consigo próprio
1. Levar uma vida ética
Viver uma vida ética significa viver uma vida boa, ser bom, evitar
fazer o mal, tratar a todos com respeito e consideração. A vida boa, tomando emprestadas
algumas categorias de Aristóteles, inclui virtude, razão prática e coragem
moral. A virtude consiste em cumprir bem o próprio papel, fazer a coisa certa,
não desviar do reto caminho. Quem se move por valores e consegue ser fiel a si
mesmo, não perde nunca. A virtude é a sua própria recompensa. Virtude não
significa moralismo, superioridade ou arrogância. Não é critério para julgar os
outros, mas para traçar os próprios caminhos. É a simplicidade da correção
pessoal, dos bons propósitos e dos bons sentimentos.
Razão prática ou prudência é a capacidade de fazer juízos adequados,
conjugando a realidade e os fatos da vida com os valores a serem preservados e
os fins a serem alcançados. A razão prática visa à melhor decisão possível, com
a motivação correta e a busca dos melhores resultados. E, por fim, a coragem
moral, que é a determinação interior de fazer o que deve ser feito, como deve
ser feito, quando deve ser feito. Sem bravatas, com discrição, serenidade e
firmeza.
O universo protege as pessoas que vivem assim. Creiam em mim.”
Rita Paula Wey Nunes da Costa
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