domingo, 26 de janeiro de 2020

OS DESAFIOS DE SER PAI E SER MÃE NO SÉCULO XXI



Esse texto é baseado no texto da médica antroposófica Dra. Ana Paula I.Cury denominado “Sobre ser pai e mãe no século XXI”, o qual trata desse assunto  de uma maneira ampla, mas vou tentar pontuar algumas considerações que considero pertinentes para a nossa época.
Exercer a paternidade e a maternidade nos dias atuais é um desafio, pois estamos diante de muita tecnologia, muita teoria disponível na internet de como criar filhos, como também com pais e mães preocupados com suas carreiras, diante de um mundo cada vez mais competitivo, que exige mais e mais estudo, e no meio disso tudo a criação dos filhos.
A constante ausência dos pais durante o dia, e quando chegam em casa à noite do trabalho, ou da pós – graduação, eles estão cansados e muitas vezes estressados, que querem somente comer algo, assistir televisão e dormir, para no dia seguinte seguirem com a mesma rotina. Quando chega o final de semana o cansaço continua e muitos pais vão ao futebol ou bar com amigos dizendo que irão “desestressar” e mães vão fazer supermercado e cuidar de afazeres domésticos, podemos concluir que esses filhos estão com seu pai ou mãe ausentes por um longo tempo.
A situação acima descrita da ausência em momentos importantes na vida dos filhos e na sua criação gera nos pais e mães uma culpa, que no mundo de hoje essa culpa se compensa dando para as crianças brinquedos cada vez mais tecnológicos, por exemplo, celulares e tabletes com muitos recursos, que impedem o poder da imaginação, o fantasiar e enfraquece a vontade do agir nas crianças.
Temos também pais e mães que preenchem a vida diária das crianças com tantos afazeres, como inglês, natação, aulas particulares de diversas áreas, música, etc.., com o intuito de que ele se torne  adultos  bem preparados para esse mundo competitivo, assim a criança também tem uma rotina puxada, onde o tempo para brincar é muito pequeno, e os pais acham que com isso estão exercendo seus papéis, que são de provedores das necessidades dos filhos, que no mundo atual é muito complexo, bem como provedores de educação e com isso o pai e a mãe estão amando seus filhos.
Ou então delegam essa tarefa a outros, estranhos a família, ou à TV, ou à Internet.
Podemos dizer que temos também como consequência da situação de culpa acima citada, pais e mães não querem dizer o famoso “não”, nas horas em que existe essa necessidade, com medo de gerar um desamor por parte dos filhos.
Sérgio Sinay em seu livro  - Sociedade dos filhos Órfãos - , nos diz Um equivocado sentido de amor os leva a temer que o exercício das funções parentais em seus aspectos menos fáceis e demagógicos possa ter como consequência o desamor dos filhos. Há uma nefasta confusão ente paternidade e amizade, e esta desaba sobre os filhos na figura de um amigo ou amiga anacrônicos e disfuncionais, enquanto gera um vazio no tão necessário espaço parental.”
Mas, é possível criar os filhos de uma maneira salutar, apesar das rotinas exigentes vividas por pais e mães, de uma maneira diferente?
Os filhos escolhem seus pais antes do nascimento, bem como o seu lar, para seu melhor desenvolvimento e execução de sua tarefa reencarnatória, por isso o exercício da maternidade e paternidade deve ser feito de modo consciente e acima de tudo sagrado.
Nos dias atuais é muito importante a consciência desta tarefa, pois o filho vem para o pai e mãe, como dizem popularmente, sem um manual de instrução, cabe ao pai e mãe desenvolvê-lo no seu caminho, para que ele chegue ao lugar a que ele está destinado, com o melhor do seu potencial.
Por isso a tarefa de criar filhos necessita cuidados, presença, atenção e principalmente dedicação e devem ser exercidas conjuntamente com a vida prática diária.
Muitos pais e mães sem que se apercebam estão ligados no piloto automático na execução de tarefas do cotidiano externo, mas se quiserem exercer a tarefa de criar seus filhos de maneira presente eles devem colocar toda a sua atenção e consciência na vida em família.
A partir dessa atenção consciente, pais e mães procuram desenvolver autoconhecimento, nos momentos em que olham para dentro de si, e percebem pontos fracos e fortes da sua personalidade, e a partir dessa percepção suas escolhas serão mais coerentes, com seu modo de pensar, sentir e agir, e o filho saberá que tem pais e mães autênticos, o que trará segurança para a sua vida, e com isso ele terá um ambiente saudável para seu desenvolvimento, citando Ana Paula Cury, “Para colocarmos essa atenção consciente em nosso relacionamento com nossos filhos, é bom saber algo sobre ela: Essa atenção significa uma consciência permanente desprovida de crítica. É algo que desenvolvemos cultivando a capacidade de nos concentrar, intencionalmente, no momento presente, e manter essa concentração da melhor forma possível.
Em geral, vivemos a maior parte do tempo ligados no piloto automático, sem dar importância a muitas coisas importantes ou deixando-as  passar totalmente despercebidas, e julgando tudo o que experimentamos a partir de opiniões apressadas e muitas vezes não ponderadas, baseadas no que gostamos ou deixamos de gostar, no que queremos ou deixamos de querer.
A atenção consciente nos oferece um meio para nos concentrarmos no que quer que estejamos fazendo a cada momento, e com isso, enxergarmos uma realidade mais profunda por trás do véu de nossos gestos e pensamentos automáticos.”
A partir desse autoconhecimento o pai e a mãe não terão mais o medo de dizer o “não”, o filho saberá que essa fala é coerente com o modo de pensar, sentir e agir deles, e por trás desse “não” o filho perceberá o cuidado, o carinho, presença e a atenção de seu pai e mãe.
O mundo de hoje é exigente para todos, ser pai e mãe é um desafio cada vez maior, mas se todos nós nos propusermos a cumprir essa tarefa, principalmente com amor, que nos momentos em que estamos com nossos filhos focarmos na qualidade da presença, isto é, dando atenção consciente, brincando junto, quando o filho ainda é uma criança  pequena, mostrando como o mundo é belo para o filho, na fase do segundo setênio, e conversando e permitindo que o filho adolescente a nos oponha, para que ele encontre sua própria forma de pensar.
Devemos estar sempre atentos conosco para que nossa atitude sempre seja coerente, que sempre esteja de acordo com uma moral e uma ética em favor do bem para todos, educamos sempre a partir do nosso exemplo, por isso a qualidade da presença, para que o exemplo não venha de fora do lar, ou da TV ou da Internet.
Temos que erradicar da alma a preguiça, exercendo a vontade, o agir, devemos ir às reuniões da escola, na apresentação dos trabalhos, sempre incentivando os filhos a irem em frente.
Quando comprarmos um brinquedo para os nossos filhos, devemos estar atentos se ele está de acordo com a idade dos nossos deles, se eles acrescentam algo para seu desenvolvimento, se for um jogo, tire uma tarde para jogar com eles, pode ser um momento de interação, prazer e conhecimento mútuos.
Se for necessário trabalharmos demais para prover economicamente a família, não nos deixemos ser permeado pela culpa da ausência, o que temos que fazer em qualquer momento de folga, ao invés de nos jogarmos no sofá, devemos estar disponíveis, para dedicar esse tempo para os filhos, é a nossa tarefa sagrada.
Essas pequenas atitudes demonstram o nosso amor em fazer o melhor possível na condução da tarefa de criar os nossos filhos e não há garantias nos resultados desse processo, mas é através da atenção consciente nessa tarefa que vai nos capacitar para estarmos sempre presentes e agirmos com sabedoria.
Por fim, como bem dito por Ana Paula Cury, no seu texto mencionado no início: “ Trata-se de uma jornada na qual queremos converter-nos de meros progenitores ( pais biológicos) em pais no mais verdadeiro sentido da função, que hoje, é em si, supranatural. Isto é, já não pode alicerçar-se em uma base natural instintiva, mas requer conhecimento, ou melhor, autoconhecimento, e um esforço interior de aprimoramento a serviço da realização das potencialidades do ser que nos é confiado como filho. Em outras palavras, um processo que requer consciência, compromisso, responsabilidade e amor. Sim, pois ser pai, ser mãe não é um hobby ou uma atividade para as horas livres. Mas um empreendimento de tempo integral com tarefas que exigem tempo, consomem energia, requerem presença.”

RITA PAULA WEY NUNES DA COSTA

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