domingo, 15 de setembro de 2019

Vamos Viver – O oitavo setênio no feminino



Quando eu estava próxima de completar cinquenta anos, entrando no oitavo setênio, confesso que experimentei uma insegurança em relação de como seria a vida a partir desta idade.
O declínio físico iniciado no setênio anterior irá se acentuar e, será que eu vou conseguir realizar tudo que ainda sinto vontade de fazer?
Este setênio é muito importante para nós mulheres porque inicia a menopausa, com todos os seus sintomas, mas também, quando a menstruação cessa por completo e nós sabemos que não podemos mais engravidar, nós nos sentimos mais livres, pois nossos filhos já são adultos e estão em busca dos seus caminhos no mundo.
A partir deste momento podemos realizar vontades e desejos que ficaram no nosso íntimo, como uma espécie de semente na incubadora, que neste momento estão prontos para germinar e dar frutos, agora as decisões são tomadas conscientemente e em prol de nós mesmos, e também para o mundo, ou melhor, para o social e espiritual.
Como o hormônio masculino fica mais evidente e nos dá mais força e objetividade, podemos aplicar essas condições em uma tarefa nova, algo que nos realize pessoalmente, conforme o Professor Lievegoed em seu livro Fases da Vida: “há também mulheres que atravessam a crise da menopausa com uma visão positiva da vida e, alegremente, acham que podem novamente agarrar toda a espécie de coisas e que podem, ao menos, perceber um novo aspecto de seu leitmotiv. Gratas pela fase passada, onde foram capazes de ser úteis a outros, agora elas encontram uma nova tarefa na vida social...”
Mas temos o lado negativo dessas condições também, nós podemos nos tornar tiranas e amargas, ficando nos vitimando por estarmos sozinhas e culpando os filhos por esse momento, colocando que dedicamos toda a nossa juventude cuidando deles, e agora não retribuem essa dedicação na medida em que esperamos, não enxergando que essa afirmação nos leva a um afastamento dos filhos, do marido ou companheiro e até amigos.
Temos que empregar todo potencial que se abre nesta fase para nós mesmos.
Uma vez, minha psicóloga uma vez me perguntou: O que você quer ser quando envelhecer? Confesso que essa pergunta me intrigou por muito tempo, e durante o setênio anterior e também agora que estou no oitavo setênio essa pergunta tem uma resposta clara, agora posso me dedicar á divulgação do Impulso Antroposófico para o mundo.
E essa pergunta deveria ser feitas a todas as pessoas que ingressam no sétimo setênio, dando a elas a oportunidade de se planejarem para essa fase posterior, pesquisando tanto em seu interior, como no mundo prático qual tarefa mais agrada, como por exemplo: jardinagem, retomar o aprendizado de um instrumento, trabalhos voluntários e etc. Porque a fase do oitavo setênio pode ser chamada a fase mais altruísta ou, como Dra. Gundrum em seu livro Tomar a vida nas próprias mãos: “Eu gostaria de denominá-la a“ a fase ético-moral””. “Nesta fase da vida, já não nos preocupamos tanto com o nosso destino, mas com o destino do outro; abrimo-nos mais para a humanidade.”
Até nos momentos atuais, uma importante marca de suplemento alimentar fez sua propaganda na televisão com essa pergunta “O que eu quero ser quando eu envelhecer?”, por isso nos dias de hoje, onde nós mulheres de cinquenta anos ao invés de nos sentirmos velhas ou desvalorizadas, devemos nos priorizar e buscar todos os dias novos objetivos, pois não é tarde para isso, temos muita vida ainda para ser vivida.
Outro aspecto importante para ser observado nesta fase da vida é, que nós podemos nos tornar “mães universais”, Rudolf Steiner colocou, falando sobre ensino, ”quem aprendeu a rezar, a ter devoção, veneração no segundo setênio, agora, nesta fase é capaz de dar a benção.”, então nós também podemos ser procuradas por pessoas mais jovens que querem conselhos e nosso lar ser acolhedor aos amigos dos filhos.
Temos nessa fase tudo de bom para seguirmos em frente, a maturidade adquirida durante os primeiros cinquenta anos nos auxiliam hoje para um agir dotado de maior segurança e consciência.
No final do oitavo setênio, por volta dos 55 e 56 anos temos além da passagem para o nono setênio, temos o 3º nodo lunar, uma janela se abre e nos mostra novamente a meta reencarnatória, e assim podemos experimentar uma crise, porque estamos nos direcionando para a velhice, e aí?
Se estivermos dispostos a conduzir essa nova fase, encarando a aproximação da velhice com bom humor, produzido a partir do nosso pensar, sentir e querer coerentes e  conscientes, com objetivos, esse momento pode ser muito rico e repleto de realizações.
Para essa fase do oitavo setênio tenho a história de Bia Kern, uma gaúcha que aos 54 anos, já realizada profissionalmente funda em Canoas no Rio Grande do Sul a ONG Mulheres em Construção, essa ONG capacita mulheres de todas as idades para trabalhar na construção civil e terem independência financeira; “ A fundadora da ONG diz que nada se compara à alegria nos olhos de uma mulher que descobre pela primeira vez a autonomia e a liberdade de ter a própria renda.”
Por isso, caros leitores, principalmente leitoras, não temos motivo para desanimar diante da nova fase, podemos fazer muitas coisas boas para o mundo, e naturalmente seguiremos em frente para a vinda dos netos e quem sabe bisnetos, e teremos muita paciência e vontade de ensiná-los e guiá-los na nova existência, como bem disse Professor Lievegoed em seu livro Fase da Vida: E com modéstia e élan ela seguramente irá mergulhar  numa nova tarefa como avó, criando para uma segunda geração um ambiente no qual esta possa sentir-se segura e aquecida, e onde possa ouvir histórias tão dotadas de vida como em nenhum outro lugar.
Diante de todo o tema exposto, eu só posso voltar ao título e dizer com todo o meu carinho Vamos Viver!
Para finalizar compartilho o poema de LUIS MAURICIO SANTOS em 1982
Tempos Modernos

Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia
Que insiste em nos rodear

Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão

Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão

Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não não

Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir

Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir

Rita Paula Wey Nunes da Costa

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