Quando eu estava próxima de
completar cinquenta anos, entrando no oitavo setênio, confesso que experimentei
uma insegurança em relação de como seria a vida a partir desta idade.
O declínio físico iniciado
no setênio anterior irá se acentuar e, será que eu vou conseguir realizar tudo
que ainda sinto vontade de fazer?
Este setênio é muito
importante para nós mulheres porque inicia a menopausa, com todos os seus
sintomas, mas também, quando a menstruação cessa por completo e nós sabemos que
não podemos mais engravidar, nós nos sentimos mais livres, pois nossos filhos
já são adultos e estão em busca dos seus caminhos no mundo.
A partir deste momento
podemos realizar vontades e desejos que ficaram no nosso íntimo, como uma
espécie de semente na incubadora, que neste momento estão prontos para germinar
e dar frutos, agora as decisões são tomadas conscientemente e em prol de nós
mesmos, e também para o mundo, ou melhor, para o social e espiritual.
Como o hormônio masculino
fica mais evidente e nos dá mais força e objetividade, podemos aplicar essas
condições em uma tarefa nova, algo que nos realize pessoalmente, conforme o
Professor Lievegoed em seu livro Fases da
Vida: “há também mulheres que
atravessam a crise da menopausa com uma visão positiva da vida e, alegremente,
acham que podem novamente agarrar toda a espécie de coisas e que podem, ao
menos, perceber um novo aspecto de seu leitmotiv.
Gratas pela fase passada, onde foram capazes de ser úteis a outros, agora elas
encontram uma nova tarefa na vida social...”
Mas temos o lado negativo
dessas condições também, nós podemos nos tornar tiranas e amargas, ficando nos
vitimando por estarmos sozinhas e culpando os filhos por esse momento, colocando
que dedicamos toda a nossa juventude cuidando deles, e agora não retribuem essa
dedicação na medida em que esperamos, não enxergando que essa afirmação nos
leva a um afastamento dos filhos, do marido ou
companheiro e até amigos.
Temos que empregar todo
potencial que se abre nesta fase para nós mesmos.
Uma vez, minha psicóloga uma
vez me perguntou: O que você quer ser quando envelhecer? Confesso que essa
pergunta me intrigou por muito tempo, e durante o setênio anterior e também agora
que estou no oitavo setênio essa pergunta tem uma resposta clara, agora posso
me dedicar á divulgação do Impulso Antroposófico para o mundo.
E essa pergunta deveria ser
feitas a todas as pessoas que ingressam no sétimo setênio, dando a elas a
oportunidade de se planejarem para essa fase posterior, pesquisando tanto em
seu interior, como no mundo prático qual tarefa mais agrada, como por exemplo:
jardinagem, retomar o aprendizado de um instrumento, trabalhos voluntários e
etc. Porque a fase do oitavo setênio pode ser chamada a fase mais altruísta ou,
como Dra. Gundrum em seu livro Tomar a
vida nas próprias mãos: “Eu gostaria
de denominá-la a“ a fase ético-moral””. “Nesta fase da vida, já não nos
preocupamos tanto com o nosso destino, mas com o destino do outro; abrimo-nos
mais para a humanidade.”
Até nos momentos atuais, uma
importante marca de suplemento alimentar fez sua propaganda na televisão com
essa pergunta “O que eu quero ser quando eu envelhecer?”, por isso nos dias de
hoje, onde nós mulheres de cinquenta anos ao invés de nos sentirmos velhas ou
desvalorizadas, devemos nos priorizar e buscar todos os dias novos objetivos,
pois não é tarde para isso, temos muita vida ainda para ser vivida.
Outro aspecto importante
para ser observado nesta fase da vida é, que nós podemos nos tornar “mães
universais”, Rudolf Steiner colocou, falando sobre ensino, ”quem aprendeu a
rezar, a ter devoção, veneração no segundo setênio, agora, nesta fase é capaz
de dar a benção.”, então nós também podemos ser procuradas por pessoas mais
jovens que querem conselhos e nosso lar ser acolhedor aos amigos dos filhos.
Temos nessa fase tudo de bom
para seguirmos em frente, a maturidade adquirida durante os primeiros cinquenta
anos nos auxiliam hoje para um agir dotado de maior segurança e consciência.
No final do oitavo setênio,
por volta dos 55 e 56 anos temos além da passagem para o nono setênio, temos o
3º nodo lunar, uma janela se abre e nos mostra novamente a meta reencarnatória,
e assim podemos experimentar uma crise, porque estamos nos direcionando para a
velhice, e aí?
Se estivermos dispostos a conduzir
essa nova fase, encarando a aproximação da velhice com bom humor, produzido a
partir do nosso pensar, sentir e querer coerentes e conscientes, com objetivos, esse momento pode
ser muito rico e repleto de realizações.
Para essa fase do oitavo
setênio tenho a história de Bia Kern, uma gaúcha que aos 54 anos, já realizada
profissionalmente funda em Canoas no Rio Grande do Sul a ONG Mulheres em
Construção, essa ONG capacita mulheres de todas as idades para trabalhar na
construção civil e terem independência financeira; “ A fundadora da ONG diz que nada se compara à alegria nos olhos de
uma mulher que descobre pela primeira vez a autonomia e a liberdade de ter a
própria renda.”
Por isso, caros leitores,
principalmente leitoras, não temos motivo para desanimar diante da nova fase,
podemos fazer muitas coisas boas para o mundo, e naturalmente seguiremos em
frente para a vinda dos netos e quem sabe bisnetos, e teremos muita paciência e
vontade de ensiná-los e guiá-los na nova existência, como bem disse Professor
Lievegoed em seu livro Fase da Vida: E com modéstia e élan ela seguramente irá mergulhar
numa nova tarefa como avó, criando para uma segunda geração um ambiente
no qual esta possa sentir-se segura e aquecida, e onde possa ouvir histórias
tão dotadas de vida como em nenhum outro lugar.
Diante de todo o tema
exposto, eu só posso voltar ao título e dizer com todo o meu carinho Vamos Viver!
Para finalizar compartilho o
poema de LUIS MAURICIO SANTOS em 1982
Tempos Modernos
Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia
Que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não não
Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir
Eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia
Que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não não
Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir
Rita
Paula Wey Nunes da Costa

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