sábado, 24 de agosto de 2019

Meu bem, meu mal


Estamos chegando à época de Micael. E, nesse momento, somos levados a nos deparar com a reflexão sobre a luta com o dragão.

'Dragão é uma feliz imagem encontrada por Lex Bos para referir-se às ameaças' com as quais nos deparamos que nos impedem ou dificultam realizar o que é necessário.

Por isso mesmo, esta época nos convida a refletir mais sobre nossa coragem para enfrentar as batalhas internas e externas com o mal.
E o que podemos reconhecer como 'mal'?
Como diz uma velha máxima: o mal é o bem no lugar e hora inadequados. E, exemplificando: "imaginemos estarmos lidando com um excelente pianista e um excelente técnico de piano, ambos perfeitos a seu modo. (...) Se, porém, o técnico se pusesse a martelar na sala de concertos em lugar do pianista, estaria então no lugar errado. O Bem se converteria, assim, no Mal." (O Maniqueísmo, R.Steiner)
Por si só, essa, parece ser, uma maneira desafiadora de olhar para o mal.
Por isso trarei outros exemplos, como uma certa história em que um reino vivia ameaçado por um dragão que surgia de tempos em tempos. Como ele já era esperado e temido, trataram de construir abrigos para se proteger das labaredas, que no entanto, continuava  incendiando toda sua produção, impedindo-os de progredir. Surge, então, um valente cavaleiro disposto a acabar com o problema. E, entre as voltas que dá, ele consegue um acordo com o dragão, e a partir daquela data, ao invés de incendiar aleatoriamente, o dragão - que também tinha seus problemas -  focará suas labaredas no lixo do reino, que então vê duas questões solucionadas e depois disso o reino prosperou por muitos e muitos anos.
Além desse exemplo, vamos lidar com aquele conto que diz que um sábio, pede ao seu discípulo,  depois de visitar uma família pobre, que, parcamente, se mantinha  com a produção do leite de sua vaca, que a jogasse no precipício. Algum tempo depois o discípulo volta para verificar a situação da família e percebe que após a 'perda' da vaca, a família buscou novas alternativas e conquistou melhores condições de vida.
Quais são as perguntas que podem surgir dessas passagens sobre o 'mal' ?
Nossa jornada está repleta de desafios a serem transpostos, enfrentados e superados.
A luta entre o Bem e o Mal é uma história muito antiga e, para tornar mais leve, embora não menos profunda, podemos resgatá-la em vários contos, como os de fadas,  e através da leitura ou contação dessas histórias,  darmos a oportunidade para atuar sobre áreas sensíveis do nosso Ser, trazendo o fortalecimento interno, sutil e eficiente, para encarar essas batalhas e superá-las.
Embora nossa maior facilidade seja reconhecer o mal no outro, do lado de fora, nas injustiças que sofremos, para além de nós, não podemos fechar os olhos para aqueles dragões adormecidos no mais íntimo do nosso ser, que embotam nossos sentidos e percepções e sabotam nosso desenvolvimento.
Quando nos colocamos à mercê dos acontecimentos, 'se deus quiser', 'se tiver sorte', 'se o fulano mudar de ideia', 'se beltrana mudar seu ponto de vista', 'se cicrano não tivesse feito'... nos colocamos num lugar impotente, ou seja, sem a potência da transformação. Isso não quer dizer que temos condições de mudar o mundo, mas temos a potencia de transformar como ele chega até nós. Temos a possibilidade de extrair dessas vivências algo que nos fortaleça.
Não vamos fazer de conta que o mal não existe, que forças adversas são fáceis de lidar. E, por isso mesmo, precisamos de coragem para enfrentar esse assunto.
Como podemos fortalecer nossa coragem?
Aprender a lidar com o que há de sombrio em nós para que cada vez estejamos mais corajosos para enfrentar o externo talvez seja a construção que nos torne capaz de pensar o bem, sentir o bem e fazer o bem para criar um mundo com menos violência, menos intolerância, mais respeito, mais solidariedade, mais compaixão, mais amor. 
Afinal, todos ansiamos que essa centelha luminosa e calorosa do amor seja cada vez mais presente e próxima. E somos responsáveis pela criação dessa oportunidade. 

Olivia R S Gonzalez
aconselhadora biográfica, terapeuta corporal e terapeuta floral.

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