Estamos chegando à época de Micael. E, nesse momento, somos
levados a nos deparar com a reflexão sobre a luta com o dragão.
'Dragão é uma feliz imagem encontrada por Lex Bos para
referir-se às ameaças' com as quais nos deparamos que nos impedem ou dificultam
realizar o que é necessário.
Por isso mesmo, esta época nos convida a refletir mais
sobre nossa coragem para enfrentar as batalhas internas e externas com o mal.
E o que podemos reconhecer como 'mal'?
Como diz uma velha máxima: o mal é o bem no lugar e hora
inadequados. E, exemplificando: "imaginemos estarmos lidando com um
excelente pianista e um excelente técnico de piano, ambos perfeitos a seu modo.
(...) Se, porém, o técnico se pusesse a martelar na sala de concertos em lugar
do pianista, estaria então no lugar errado. O Bem se converteria, assim, no
Mal." (O Maniqueísmo, R.Steiner)
Por si só, essa, parece ser, uma maneira desafiadora de
olhar para o mal.
Por isso trarei outros exemplos, como uma certa história em
que um reino vivia ameaçado por um dragão que surgia de tempos em tempos. Como
ele já era esperado e temido, trataram de construir abrigos para se proteger
das labaredas, que no entanto, continuava incendiando toda sua produção, impedindo-os de
progredir. Surge, então, um valente cavaleiro disposto a acabar com o problema.
E, entre as voltas que dá, ele consegue um acordo com o dragão, e a partir
daquela data, ao invés de incendiar aleatoriamente, o dragão - que também tinha
seus problemas - focará suas labaredas no
lixo do reino, que então vê duas questões solucionadas e depois disso o reino
prosperou por muitos e muitos anos.
Além desse exemplo, vamos lidar com aquele conto que diz
que um sábio, pede ao seu discípulo, depois de visitar uma família pobre, que,
parcamente, se mantinha com a produção
do leite de sua vaca, que a jogasse no precipício. Algum tempo depois o
discípulo volta para verificar a situação da família e percebe que após a
'perda' da vaca, a família buscou novas alternativas e conquistou melhores
condições de vida.
Quais são as perguntas que podem surgir dessas passagens
sobre o 'mal' ?
Nossa jornada está repleta de desafios a serem transpostos,
enfrentados e superados.
A luta entre o Bem e o Mal é uma história muito antiga e,
para tornar mais leve, embora não menos profunda, podemos resgatá-la em vários
contos, como os de fadas, e através da
leitura ou contação dessas histórias, darmos
a oportunidade para atuar sobre áreas sensíveis do nosso Ser, trazendo o fortalecimento
interno, sutil e eficiente, para encarar essas batalhas e superá-las.
Embora nossa maior facilidade seja reconhecer o mal no
outro, do lado de fora, nas injustiças que sofremos, para além de nós, não
podemos fechar os olhos para aqueles dragões adormecidos no mais íntimo do
nosso ser, que embotam nossos sentidos e percepções e sabotam nosso
desenvolvimento.
Quando nos colocamos à mercê dos acontecimentos, 'se deus
quiser', 'se tiver sorte', 'se o fulano mudar de ideia', 'se beltrana mudar seu
ponto de vista', 'se cicrano não tivesse feito'... nos colocamos num lugar
impotente, ou seja, sem a potência da transformação. Isso não quer dizer que temos
condições de mudar o mundo, mas temos a potencia de transformar como ele chega
até nós. Temos a possibilidade de extrair dessas vivências algo que nos
fortaleça.
Não vamos fazer de conta que o mal não existe, que forças
adversas são fáceis de lidar. E, por isso mesmo, precisamos de coragem para
enfrentar esse assunto.
Como podemos fortalecer nossa coragem?
Aprender a lidar com o que há de sombrio em nós para que
cada vez estejamos mais corajosos para enfrentar o externo talvez seja a
construção que nos torne capaz de pensar o bem, sentir o bem e fazer o bem para
criar um mundo com menos violência, menos intolerância, mais respeito, mais
solidariedade, mais compaixão, mais amor.
Afinal, todos ansiamos que essa
centelha luminosa e calorosa do amor seja cada vez mais presente e próxima. E
somos responsáveis pela criação dessa oportunidade.
Olivia R S Gonzalez
aconselhadora biográfica, terapeuta corporal e
terapeuta floral.
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