Entre 'quem sabe faz a hora não espera acontecer' e
'não apresse o rio, ele corre
sozinho'
existe
'há
tempo para plantar e tempo para colher'.
Essa foi e é uma citação muito significativa para mim, desde
os idos anos 80. É verdade, já faz tempo! E, como aquelas coisas que se deparam
com conteúdos mais verdadeiros, podemos usá-la ainda hoje. Ela sobrevive ao
tempo.
O tempo... essa ideia, convenção, exercício de capitulação
para que possamos registrar nossas experiências num determinado período, tem
uma interação curiosa com nossa memória, nossa psique, e pode trazer efeitos
marcantes nos nossos gestos e condução de vida.
Através do que guardamos na nossa memória - consciente ou
inconsciente - vamos moldando nosso futuro que, por uma brincadeira dos
deuses!, inicia no presente em que vivemos.
Há quem diga que 'no
passado não se mexe, está morto', 'não
se pode mudar o que já foi' e há também quem diga que 'no passado dorme a sabedoria para o presente'. Tanta sabedoria
corre nesses tempos. Os ditados populares expressam por si, a sabedoria
daquelas vivências mais significativas que foram passadas através de
gerações....o passado se renovando.
No passado está o que vivemos, nossa história com erros e
acertos, nosso processo de aprendizagem para sermos quem somos no presente. Ele
merece ser reverenciado e aquecido com nossa memória para que não nos congele
nas mesmices de sempre, como uma reprodução daqueles que foram antes de nós,
cegamente.
E, recapitular essas vivências pode ser renovador! Através da
pesquisa do passado pode-se rever acontecimentos, passagens que foram difíceis
e que sob nova perspectiva, um olhar atualizado, pode revelar o potencial para
que, de fato, possamos nos tornar quem queremos ser, ou em outras palavras, nos
mostrar para quê viemos.
Podemos despertar para a riqueza que nossos encontros, nossos
talentos, nossas experiências nos contemplaram, e a partir disso redirecionar
nossas ações para uma condição de vida mais inteira.
Ao nos apropriarmos das vivências que ficaram adormecidas na
memória, mas permaneceram vivas nos nossos valores, na nossa conduta, podemos
reeditá-las.
Alguns valores atuam em nós
como um vício: um hábito arraigado que nos conduz, ao invés de
conduzirmos. Esse é um dos presentes de se resgatar a própria história: se
inteirar de si mesmo.
Despertar a consciência para quem somos implica em
sondar a própria história e, a partir
disso, poder atualizar o que é significativo, resignificar o que já foi,
valorizar capacidades, e despertar, também, nossa vontade para descobrir o que
queremos, ou não, vir a ser.
'Vai o bicho homem, fruto da semente
Renascer da própria força, própria luz e fé
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós
Somos a semente, ato, mente e voz'
é um trecho da música Redescobrir, do Gonzaguinha, que,
poeticamente, nos desperta para o entrelaçamento do tempo e potência que vive
em nós.
E aproveitar a possibilidade deste tempo em que existimos se
reflete no desenvolvimento de toda uma era. Ao ampliar nossa consciência, o
humano se fortalece.
Desperte para a sua história. Desperte-se.
Olivia Gonzalez
Aconselhadora biográfica, terapeuta corporal, terapeuta
floral, facilitadora de barra de access.