quinta-feira, 25 de julho de 2019

Tempo de despertar



Entre 'quem sabe faz a hora não espera acontecer' e
'não apresse o rio,  ele corre sozinho'
existe  
 'há tempo para plantar e tempo para colher'.

Essa foi e é uma citação muito significativa para mim, desde os idos anos 80. É verdade, já faz tempo! E, como aquelas coisas que se deparam com conteúdos mais verdadeiros, podemos usá-la ainda hoje. Ela sobrevive ao tempo.
O tempo... essa ideia, convenção, exercício de capitulação para que possamos registrar nossas experiências num determinado período, tem uma interação curiosa com nossa memória, nossa psique, e pode trazer efeitos marcantes nos nossos gestos e condução de vida.
Através do que guardamos na nossa memória - consciente ou inconsciente - vamos moldando nosso futuro que, por uma brincadeira dos deuses!, inicia no presente em que vivemos.
Há quem diga que 'no passado não se mexe, está morto', 'não se pode mudar o que já foi' e há também quem diga que 'no passado dorme a sabedoria para o presente'. Tanta sabedoria corre nesses tempos. Os ditados populares expressam por si, a sabedoria daquelas vivências mais significativas que foram passadas através de gerações....o passado se renovando.
No passado está o que vivemos, nossa história com erros e acertos, nosso processo de aprendizagem para sermos quem somos no presente. Ele merece ser reverenciado e aquecido com nossa memória para que não nos congele nas mesmices de sempre, como uma reprodução daqueles que foram antes de nós, cegamente.
E, recapitular essas vivências pode ser renovador! Através da pesquisa do passado pode-se rever acontecimentos, passagens que foram difíceis e que sob nova perspectiva, um olhar atualizado, pode revelar o potencial para que, de fato, possamos nos tornar quem queremos ser, ou em outras palavras, nos mostrar para quê viemos.  
Podemos despertar para a riqueza que nossos encontros, nossos talentos, nossas experiências nos contemplaram, e a partir disso redirecionar nossas ações para uma condição de vida mais inteira.
Ao nos apropriarmos das vivências que ficaram adormecidas na memória, mas permaneceram vivas nos nossos valores, na nossa conduta, podemos reeditá-las.
Alguns valores atuam em nós  como um vício: um hábito arraigado que nos conduz, ao invés de conduzirmos. Esse é um dos presentes de se resgatar a própria história: se inteirar de si mesmo.
Despertar a consciência para quem somos implica em sondar  a própria história e, a partir disso, poder atualizar o que é significativo, resignificar o que já foi, valorizar capacidades, e despertar, também, nossa vontade para descobrir o que queremos, ou não, vir a ser.

'Vai o bicho homem, fruto da semente
Renascer da própria força, própria luz e fé
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós
Somos a semente, ato, mente e voz'
é um trecho da música Redescobrir, do Gonzaguinha, que, poeticamente, nos desperta para o entrelaçamento do tempo e potência que vive em nós.
E aproveitar a possibilidade deste tempo em que existimos se reflete no desenvolvimento de toda uma era. Ao ampliar nossa consciência, o humano se fortalece.
Desperte para a sua história. Desperte-se.

Olivia Gonzalez
Aconselhadora biográfica, terapeuta corporal, terapeuta floral, facilitadora de barra de access.

domingo, 21 de julho de 2019

Vivendo a nossa verdade


No período dos 35 aos 42 anos vivemos o início da crise da autenticidade, fase em que nos reconectamos com a nossa verdade para fazermos escolhas que realmente estejam alinhadas com a nossa essência. Tempo para trilhar novos caminhos e abrir mão de outros.
No 7º setênio, marcado pelos 42 aos 49 anos, experimentamos o auge da crise. A autenticidade surge como um processo de autoconhecimento que nos leva a olhar para dentro a procura de uma bússola interna, que busca nos guiar por caminhos que estejam em sincronia com o que há de genuíno em nós.
Podemos nos movimentar de forma fluida vivendo uma integração interna com o externo, que abre espaço para novas ações e conexões, mas é possível também resistirmos, agindo pelo medo do desconhecido e nos agarrarmos ao que já não faz mais sentido.
Experiencia-se, aqui, uma crise existencial, para que renasça novas formas, novas possibilidades, um novo jeito de ser e de atuar na vida com mais propósito.
A conexão espiritual vai se fazendo mais presente enquanto que o corpo físico vai demandando novas necessidades. Importante acolher este corpo que também vai se transformando, se desvitalizando, necessitando de um novo ritmo.
Ter uma vida ritmicamente equilibrada traz mais força para viver. É de extrema importância se observar para encontrar esse compasso interno, respeitando mais as pausas e o cuidado consigo, ouvindo realmente o corpo que muitas vezes é negligenciado pelo ritmo ditado pelo  externo.
Como diria Lenine:
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara
Sim, a vida não para, mas a vida é tão rara!!!
Podemos então, definir o que faremos da nossa jornada deste setênio em diante. É possível continuarmos ampliando a nossa consciência através do desenvolvimento do Ser ou continuarmos nutrindo a energia do Ter, mantendo o ritmo dos anos anteriores, o que trará prejuízos a saúde ou simplesmente acompanharmos o declínio físico.
Este setênio nos faz lembrar que já estamos passando pelo meio da vida e, por isso, nos cabe contemplar como queremos seguir.
Fecho com as palavras tocantes de Lenine:
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo para perder
E quem quer saber
A vida é tão rara, tão rara

Andressa Miiashiro
Psicóloga, facilito jornadas de desenvolvimento com foco em inteligência emocional e relacional, por meio do Psicodrama, Comunicação Não Violenta e Antroposofia. www.lotustalentos.com.br


sábado, 13 de julho de 2019

Que folhas você ainda segura em seus galhos?


Há muito tempo, em um parque ecológico, um lugar muito agradável, que atraia muitas pessoas a procura de um contato com a natureza, existia uma grande árvore centenária.
Ela se lembra do dia em que a pequena árvore da mesma espécie que a sua, foi plantada. Talvez um pouco mais ou um pouco menos, certamente entre 42  a 49 anos.
Naquela tarde, tudo estava tranquilo, apenas o som dos passarinhos em revoada , quando o silêncio do parque foi preenchido por um choro compulsivo.
 Preocupada, pergunta a vizinha:
- Que acontece querida amiga?
- Minhas folhas caem incessantemente e meus galhos secaram, me sinto sem vitalidade, tenho medo de morrer, respondeu.
A árvore centenária diz do alto de sua sabedoria:
- Fique tranquila, estamos no Outono, e as folhas caem para ajudá-la a viver mais e ampliar sua criatividade.
- Como assim? Olhe para mim: Meu casco está seco e muito rugoso. Já não consigo me mover com tanta flexibilidade.
-  É importante entender e respeitar os ciclos da vida (primavera, verão, outono, inverno), comentou a árvore centenária.
- Fico triste de ver minhas folhas indo embora.
- Minha cara amiga, concordo contigo.Muitas folhas perdi e chorei solitária e silenciosamente por saber o quanto essa parte de mim me foi importante por tanto tempo. Difícil despedir. Porém,ao longo dos anos percebi que é necessário deixar ir, para sobreviver na próxima estação.
As folhas se queimariam com o frio do inverno e impediriam desta forma, a nossa respiração, o que seria nosso fim.
- Me sinto infeliz com essas mudanças físicas. Para onde foi toda aquela força e vitalidade do verão?
- O que pode parecer uma perda, é um ganho de qualidade de vida.
- É preciso entregar, deixar ir o que não serve mais para proteger o que é essencial.
- Como encontrar o que é essencial?
- Comece abençoando essa criança que brinca nos seus galhos.
A pequena árvore estava tão introspectiva olhando apenas para suas perdas que não percebera a alegria e a emoção de uma criança que subia com esforço e dificuldade em seus galhos.
Pela primeira vez, exalou bem-estar e a seiva dentro de si correu em seus veios com fluidez e leveza, como nos áureos tempos do verão, e essa sensação surgiu por sentir-se útil a humanidade.
E você o que precisa deixar ir?

Rose Camargo
Psicóloga, Aconselhadora Biográfica, Facilitadora de Constelações Familiares e Barras de Acess

sábado, 6 de julho de 2019

O que importa?


No processo de desenvolvimento, ao chegar na fase do 42 anos, cruzamos o portal da consciência social e ganhamos a perspectiva de estar no mundo diferente do que era antes.

Porém, nem sempre essa  nova perspectiva é apreciada com conforto.  E, embora já se tenha passado por muitas mudanças, esta passagem pode ser bem crítica, e, como toda crise, nos levar a reconsiderar sobre o estado de 'coisas' que estão fora do prumo ou não fazem muito sentido, por mais que se insista em manter tudo como era antes.

E, em pleno direito do livre arbítrio, podemos escolher como lidar com isso. Afinal, fazer escolhas baseadas no que é importante para você, é uma das grandes conquistas desta fase.

Se a vida começa aos 40, este é um ótimo momento para começar algo novo nessa jornada. E com a coragem de  perceber que a vitalidade está descambando morro abaixo, e nem tudo mais brilha com o esplendor da juventude, não é preciso se esforçar para mante-la a qualquer custo, nem tão pouco se apegar a vida que nos resta e querer guardar nossas conquistas em cofres e nossa saúde em frascos, porque a vida pede uma nova consciência.   

Este é o momento na vida em que você diminui o ritmo para prestar atenção no que adquiriu ao longo dos anos, e, como a caminho de embarcar numa grande viagem, examina sua bagagem e busca carregar o que realmente importa.

O que eu vivi até aqui tem valor? Essa é uma 'daquelas' perguntas quando alcançamos a linha dos 42 anos. Nesse momento, alguns questionamentos extras se impõem ao nosso ser. Dizendo assim, parece que esse questionamento vem de fora, mão não vem. Vem do mais íntimo do nosso ser. E, na imagem da viagem, numa rodovia em que estávamos em alta velocidade, começamos a ver as placas de 'Reduza a velocidade' e 'Curva perigosa'. E,  aceitar ou desprezar a orientação é uma questão de escolha e consequência.

No processo de um pensar mais claro e abrangente, Nessa época é comum achar que já é tão dona/o da própria vida que pode dar conta de tudo sozinha e que sabe lidar com tudo, que já passou por tantas, e a resposta na ponta da língua está pronta para ser lançada, e... vai derrapando na curva e percebendo que não é bem assim.

De repente, na tal 'curva perigosa' em que o declínio da vitalidade é percebido, a questão da finitude pode aparecer em forma da pergunta: 'Para quê serve tudo isso?'.
Isso nos leva a buscar olhar para a vida com novos olhos, a partir de uma nova perspectiva, e querer novas respostas. Afinal de contas, o quê importa? Qual o sentido das dores que vivi ? Devo fazer minhas escolhas a partir da imagem que o mundo quer e tem de mim ? Devo escolher a partir daquilo que realizo no mundo?  O que escolher por mim, apenas e autenticamente?

E, autenticamente, significaria o quê, mesmo?!

O dicionário nos explica que tem a ver com a nossa própria verdade, aquilo que se pode 'dar fé, ao que é legítimo, o que é originário do emissor'. Então, estarei respondendo por mim mesma e não mais por convenções.
Há quem diga que nesta época você ao ' dar de ombros' não se importa mais com nada e quer apertar o botão do 'dane-se!'.

Curiosamente, a crise da autenticidade acontece ao cruzar o portal da consciência social e, embora seja crucial reconhecer-se e assumir suas escolhas com autenticidade, sem empurrar a responsabilidade para alguém, sobre ter feito isto ou agido daquela forma, agora, inicia a fase em que pode perceber que sua contribuição é única e pode fazer a diferença ao se disponibilizar e compartilhar.

Passada as fases em que já experimentou e vivenciou o mundo entre 21 e 28 anos; em que lutou e conquistou seu lugar entre os 28 e 35 anos e, se apropriou dessas conquistas e de seu lugar entre os 35 e 42, cabe perguntar neste momento: qual é sua contribuição no mundo?

E pode examinar na sua bagagem quais foram os sinais despertados, as perguntas, as dúvidas que ocorreram em torno dos 37 anos e, a partir disso, renovar a bagagem, se desfazer do supérfluo, começar a prestar mais atenção ao essencial.
A vida que começa aos 40 anos prioriza sua essência, sua consciência e não sua vitalidade. E seu declínio, antes de ser apenas uma desvantagem,  pode despertar nova consciência corpórea: como cuidará de você, agora? Mais uma vez a vida exige mudanças no ritmo, na alimentação, no repouso, e mais do que isso, busca afinar a conexão entre sua razão e vontade através da consciência de si, para desenvolver um estar a serviço, no mundo. 

Neste momento, resgatar a sua individualidade como patrimônio maior da sua existência pode resultar em altruísmo ou tirania. A semente da bondade plantada no primeiro setênio de vida (0 a 7anos), foi cuidada o suficiente para se disponibilizar para o outro, ou o outro deve se submeter à sabedoria da sua experiência?  Baseada em quais valores você se dispõe à serviço ?

Diante de tantas exigências, não por acaso, nas fases da biografia humana, este momento é reconhecido como 'crise da autenticidade' e coloca à prova a capacidade de reagir de acordo com uma nova visão de si e do mundo.  A conquista de novos valores  é um caminho para todo o setênio, dos 42 aos 49 anos, onde se pode desenvolver um novo tato para se perceber e  lidar com as relações.

E, se caminharmos no rumo da compaixão, as relações ganharão importância ímpar no desenvolvimento não só pessoal, mas da humanidade.             
Mas,  afinal,  o que importa para você?

Olivia R S Gonzalez
Aconselhadora biográfica, terapeuta corporal, terapeuta floral





Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

Escola Waldorf Franscisco de Assis (11) 22310152 (11) 22317276 www.facebook.com/EscolaWaldorfFransciscoDeAssis

Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta (PMPSSV)

Casa da Antroposofia ZN Rua Guajurus, 222 Jardim São Paulo (11) 35699600