sábado, 6 de julho de 2019

O que importa?


No processo de desenvolvimento, ao chegar na fase do 42 anos, cruzamos o portal da consciência social e ganhamos a perspectiva de estar no mundo diferente do que era antes.

Porém, nem sempre essa  nova perspectiva é apreciada com conforto.  E, embora já se tenha passado por muitas mudanças, esta passagem pode ser bem crítica, e, como toda crise, nos levar a reconsiderar sobre o estado de 'coisas' que estão fora do prumo ou não fazem muito sentido, por mais que se insista em manter tudo como era antes.

E, em pleno direito do livre arbítrio, podemos escolher como lidar com isso. Afinal, fazer escolhas baseadas no que é importante para você, é uma das grandes conquistas desta fase.

Se a vida começa aos 40, este é um ótimo momento para começar algo novo nessa jornada. E com a coragem de  perceber que a vitalidade está descambando morro abaixo, e nem tudo mais brilha com o esplendor da juventude, não é preciso se esforçar para mante-la a qualquer custo, nem tão pouco se apegar a vida que nos resta e querer guardar nossas conquistas em cofres e nossa saúde em frascos, porque a vida pede uma nova consciência.   

Este é o momento na vida em que você diminui o ritmo para prestar atenção no que adquiriu ao longo dos anos, e, como a caminho de embarcar numa grande viagem, examina sua bagagem e busca carregar o que realmente importa.

O que eu vivi até aqui tem valor? Essa é uma 'daquelas' perguntas quando alcançamos a linha dos 42 anos. Nesse momento, alguns questionamentos extras se impõem ao nosso ser. Dizendo assim, parece que esse questionamento vem de fora, mão não vem. Vem do mais íntimo do nosso ser. E, na imagem da viagem, numa rodovia em que estávamos em alta velocidade, começamos a ver as placas de 'Reduza a velocidade' e 'Curva perigosa'. E,  aceitar ou desprezar a orientação é uma questão de escolha e consequência.

No processo de um pensar mais claro e abrangente, Nessa época é comum achar que já é tão dona/o da própria vida que pode dar conta de tudo sozinha e que sabe lidar com tudo, que já passou por tantas, e a resposta na ponta da língua está pronta para ser lançada, e... vai derrapando na curva e percebendo que não é bem assim.

De repente, na tal 'curva perigosa' em que o declínio da vitalidade é percebido, a questão da finitude pode aparecer em forma da pergunta: 'Para quê serve tudo isso?'.
Isso nos leva a buscar olhar para a vida com novos olhos, a partir de uma nova perspectiva, e querer novas respostas. Afinal de contas, o quê importa? Qual o sentido das dores que vivi ? Devo fazer minhas escolhas a partir da imagem que o mundo quer e tem de mim ? Devo escolher a partir daquilo que realizo no mundo?  O que escolher por mim, apenas e autenticamente?

E, autenticamente, significaria o quê, mesmo?!

O dicionário nos explica que tem a ver com a nossa própria verdade, aquilo que se pode 'dar fé, ao que é legítimo, o que é originário do emissor'. Então, estarei respondendo por mim mesma e não mais por convenções.
Há quem diga que nesta época você ao ' dar de ombros' não se importa mais com nada e quer apertar o botão do 'dane-se!'.

Curiosamente, a crise da autenticidade acontece ao cruzar o portal da consciência social e, embora seja crucial reconhecer-se e assumir suas escolhas com autenticidade, sem empurrar a responsabilidade para alguém, sobre ter feito isto ou agido daquela forma, agora, inicia a fase em que pode perceber que sua contribuição é única e pode fazer a diferença ao se disponibilizar e compartilhar.

Passada as fases em que já experimentou e vivenciou o mundo entre 21 e 28 anos; em que lutou e conquistou seu lugar entre os 28 e 35 anos e, se apropriou dessas conquistas e de seu lugar entre os 35 e 42, cabe perguntar neste momento: qual é sua contribuição no mundo?

E pode examinar na sua bagagem quais foram os sinais despertados, as perguntas, as dúvidas que ocorreram em torno dos 37 anos e, a partir disso, renovar a bagagem, se desfazer do supérfluo, começar a prestar mais atenção ao essencial.
A vida que começa aos 40 anos prioriza sua essência, sua consciência e não sua vitalidade. E seu declínio, antes de ser apenas uma desvantagem,  pode despertar nova consciência corpórea: como cuidará de você, agora? Mais uma vez a vida exige mudanças no ritmo, na alimentação, no repouso, e mais do que isso, busca afinar a conexão entre sua razão e vontade através da consciência de si, para desenvolver um estar a serviço, no mundo. 

Neste momento, resgatar a sua individualidade como patrimônio maior da sua existência pode resultar em altruísmo ou tirania. A semente da bondade plantada no primeiro setênio de vida (0 a 7anos), foi cuidada o suficiente para se disponibilizar para o outro, ou o outro deve se submeter à sabedoria da sua experiência?  Baseada em quais valores você se dispõe à serviço ?

Diante de tantas exigências, não por acaso, nas fases da biografia humana, este momento é reconhecido como 'crise da autenticidade' e coloca à prova a capacidade de reagir de acordo com uma nova visão de si e do mundo.  A conquista de novos valores  é um caminho para todo o setênio, dos 42 aos 49 anos, onde se pode desenvolver um novo tato para se perceber e  lidar com as relações.

E, se caminharmos no rumo da compaixão, as relações ganharão importância ímpar no desenvolvimento não só pessoal, mas da humanidade.             
Mas,  afinal,  o que importa para você?

Olivia R S Gonzalez
Aconselhadora biográfica, terapeuta corporal, terapeuta floral





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