No processo de desenvolvimento, ao chegar na fase do 42
anos, cruzamos o portal da consciência social e ganhamos a perspectiva de estar
no mundo diferente do que era antes.
Porém, nem sempre essa
nova perspectiva é apreciada com conforto. E, embora já se tenha passado por muitas
mudanças, esta passagem pode ser bem crítica, e, como toda crise, nos levar a
reconsiderar sobre o estado de 'coisas' que estão fora do prumo ou não fazem
muito sentido, por mais que se insista em manter tudo como era antes.
E, em pleno direito do livre arbítrio, podemos escolher
como lidar com isso. Afinal, fazer escolhas baseadas no que é
importante para você, é uma das grandes conquistas desta fase.
Se a vida começa aos 40, este é um ótimo momento para
começar algo novo nessa jornada. E com a coragem de perceber que a vitalidade está descambando
morro abaixo, e nem tudo mais brilha com o esplendor da juventude, não é
preciso se esforçar para mante-la a qualquer custo, nem tão pouco se apegar a
vida que nos resta e querer guardar nossas conquistas em cofres e nossa saúde
em frascos, porque a vida pede uma nova consciência.
Este
é o momento na vida em que você diminui o ritmo para prestar atenção no que
adquiriu ao longo dos anos, e, como a caminho de embarcar numa grande viagem,
examina sua bagagem e busca carregar o que realmente importa.
O
que eu vivi até aqui tem valor? Essa é uma 'daquelas' perguntas quando
alcançamos a linha dos 42 anos. Nesse momento, alguns questionamentos extras se
impõem ao nosso ser. Dizendo assim, parece que esse questionamento vem de fora,
mão não vem. Vem do mais íntimo do nosso ser. E, na imagem da viagem, numa
rodovia em que estávamos em alta velocidade, começamos a ver as placas de 'Reduza
a velocidade' e 'Curva perigosa'. E, aceitar ou desprezar a orientação é uma
questão de escolha e consequência.
No
processo de um pensar mais claro e abrangente, Nessa época é comum achar que já
é tão dona/o da própria vida que pode dar conta de tudo sozinha e que sabe
lidar com tudo, que já passou por tantas, e a resposta na ponta da língua está
pronta para ser lançada, e... vai derrapando na curva e percebendo que não é
bem assim.
De
repente, na tal 'curva perigosa' em que o declínio da vitalidade é percebido, a
questão da finitude pode aparecer em forma da pergunta: 'Para quê serve tudo
isso?'.
Isso
nos leva a buscar olhar para a vida com novos olhos, a partir de uma nova
perspectiva, e querer novas respostas. Afinal de contas, o quê importa? Qual o
sentido das dores que vivi ? Devo fazer minhas escolhas a partir da imagem que
o mundo quer e tem de mim ? Devo escolher a partir daquilo que realizo no mundo? O que escolher por mim, apenas e
autenticamente?
E,
autenticamente, significaria o quê, mesmo?!
O
dicionário nos explica que tem a ver com a nossa própria verdade, aquilo que se
pode 'dar fé, ao que é legítimo, o que é originário do emissor'. Então, estarei
respondendo por mim mesma e não mais por convenções.
Há
quem diga que nesta época você ao ' dar de ombros' não se importa mais com nada
e quer apertar o botão do 'dane-se!'.
Curiosamente,
a crise da autenticidade acontece ao cruzar o portal da consciência social e, embora seja crucial
reconhecer-se e assumir suas escolhas com autenticidade, sem empurrar a
responsabilidade para alguém, sobre ter feito isto ou agido daquela forma,
agora, inicia a fase em que pode perceber que sua contribuição é única e pode
fazer a diferença ao se disponibilizar e compartilhar.
Passada
as fases em que já experimentou e vivenciou o mundo entre 21 e 28 anos; em que
lutou e conquistou seu lugar entre os 28 e 35 anos e, se apropriou dessas
conquistas e de seu lugar entre os 35 e 42, cabe perguntar neste momento: qual
é sua contribuição no mundo?
E
pode examinar na sua bagagem quais foram os sinais despertados, as perguntas,
as dúvidas que ocorreram em torno dos 37 anos e, a partir disso, renovar a
bagagem, se desfazer do supérfluo, começar a prestar mais atenção ao essencial.
A vida que começa aos 40 anos prioriza sua essência, sua
consciência e não sua vitalidade. E seu declínio, antes de ser apenas uma
desvantagem, pode despertar nova
consciência corpórea: como cuidará de você, agora? Mais uma vez a vida exige
mudanças no ritmo, na alimentação, no repouso, e mais do que isso, busca afinar
a conexão entre sua razão e vontade através da consciência de si, para
desenvolver um estar a serviço, no mundo.
Neste momento, resgatar a sua individualidade como
patrimônio maior da sua existência pode resultar em altruísmo ou tirania. A semente da bondade
plantada no primeiro setênio de vida (0 a 7anos), foi cuidada o suficiente para
se disponibilizar para o outro, ou o outro deve se submeter à sabedoria da sua
experiência? Baseada em quais valores você
se dispõe à serviço ?
Diante de tantas exigências, não por acaso, nas
fases da biografia humana, este momento é reconhecido como 'crise da
autenticidade' e coloca à prova a capacidade de reagir de acordo com uma nova
visão de si e do mundo. A conquista de
novos valores é um caminho para todo o setênio,
dos 42 aos 49 anos, onde se pode desenvolver um novo tato para se perceber
e lidar com as relações.
E,
se caminharmos no rumo da compaixão, as relações ganharão importância ímpar no
desenvolvimento não só pessoal, mas da humanidade.
Mas,
afinal, o que importa para você?
Olivia R S Gonzalez
Aconselhadora biográfica, terapeuta corporal, terapeuta
floral
Nenhum comentário:
Postar um comentário