
Estamos, por assim dizer, equipados para a tarefa principal desta época atual em que nos cabe desenvolver a Alma da Consciência.
Quando Cristo, o Eu Cósmico, encarnou em Jesus de Nazaré, nos deixou como legado a possibilidade de vivenciarmos 'a autoconsciência, a liberdade, a compaixão, o amor altruísta e a capacidade de perdoar.'[1]
Agora, mais do que nunca, a ampliação da consciência, esse exercício árduo a partir do autodesenvolvimento, é que permite a vivência do EU.
Temos a promessa e um longo caminho a trilhar.
"Em cada um de nós há um espaço interior que é preciso atravessar, observando atentamente o que está ali e onde." J. Lusseyran
E não é fácil nos mantermos nesse caminho de atenção e cuidado coerente com uma ética amorosa. Somos bombardeados por todos os lados, a todo e qualquer momento para não prestarmos atenção ao essencial, para não cuidarmos do sagrado em nós, seja pelo excesso de informações desnecessárias sobre a vida dos outros, que ao invés de nos inspirar nos distrai de uma atuação com propósito; ou seja pela compulsão medicamentosa - pelas drogas em seus diversos graus e diferentes gêneros - recomendadas para um sem de números de estados distorcidos de ser quem é, para remendar (na maioria das vezes, ouso dizer!) estados emocionais, criando atalhos para o árduo caminho de se reconhecer e aprender a lidar com o que é seu mais intimamente, com o seu espaço interior. Nesse espaço onde o EU deveria estar, onde poderia ser acessado. Mas esse espaço interior está sobrecarregado de imagens, sons, lembranças que pouco pertence a esse EU, que pertence a esse bombardeio a que nos expomos sem cuidado e que esquecemos de higienizar, frequentemente.
Nos deparamos aqui com duas fortes marés: a da era tecnológica, onde o reino mais material e frio se impõe, e a das drogas que inibe o contato com a dura e difícil realidade que vivemos. Este é um exemplo das forças adversas trabalhando contra a atuação do EU.
E embora não possamos fugir da época em que vivemos, nem negá-la, também não podemos ficar à mercê dessas marés.
E, para que isso seja diferente, como nos disse J. Lusseyran: o nosso EU precisa de nós.
Mas, se o EU é o que há de mais essencial em cada um, como poderia ele precisar de nós?
Pois é disso mesmo que precisamos falar, dos cuidados, da atenção que precisamos ter para que esse EU se fortaleça.
A base para o fortalecimento do Eu começa já na infância, através do vínculo duradouro que confere a segurança interna e confiança na vida, e "o caminho para a sustentabilidade desse EU é construído através da convivência" como nos alerta Ute Craemer, em A sustentabilidade do EU.
Isso nos aponta tão extraordinariamente para o desenvolvimento social e para as redes que criamos.
Que espaço tem sido criado para que nessa convivência o espaço interior seja cultivado e celebrado ?
Quais são os impulsos gerados a partir dos encontros que tem realizado ?
"O EU tem condições próprias para crescer. O Eu se nutre, se alimenta unicamente dos movimentos que faz" e ele "diminui, encolhe cada vez que não atua."[2]
Assim, se deixarmos nosso espaço interior ser inundado por marés adversas, ele poderá ser levado para longe do seu propósito.
E adentrar o portal do autoconhecimento é a escolha que melhor pode nos apoiar para o fortalecimento do EU, e a realização de nosso propósito. Já que isso implica em se apropriar e responsabilizar pelo que realiza, pelo que sente e pelo que pensa.
Dessa forma, tendo como pilares da educação aprender a atuar, aprender a conviver, aprender a aprender, podemos oferecer a cada criança e jovem a oportunidade de se conhecer - exercício humano de refletir sobre si e dar significado as suas vivências, orientado pelo último pilar, que é aprender a Ser. Humano. Não apenas aceitando a ligação entre o princípio terreno e cósmico, mas trabalhando conscientemente sobre essa ligação em si, sem se perder numa maré ou noutra.
Olivia Gonzalez
Terapeuta corporal, floral e aconselhadora biográfica
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