“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma de nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo de travessia, e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa
Neste setênio há uma marca importante: o fim da fase do crescimento corporal. Aqui começa a autoeducação. Até aqui, com o corpo físico em crescimento, o Homem está aberto, pois para crescer precisa ter espaço. Este espaço permite que a educação ocorra de fora para dentro.
Com o término do crescimento físico, o “fechamento” do esqueleto, ocorre uma nova situação. Agora, não é mais possível educar de fora. Se tudo deu certo, toda informação que entrar será avaliada pelo Eu. Então o que se vê agora não é mais um jovem, mas um adulto, com opiniões próprias, escolhas pessoais e atitudes individuais.
Este processo é lento e vai se consolidar neste setênio. Esta é a tônica desta época na biografia humana.
O Homem agora se emancipa da educação que herdou. Ele tem agora um corpo adulto e uma bagagem pessoal, que foi a educação que recebeu até então. Com a perda do último invólucro, o do Eu, se inicia a manifestação plena do mesmo, que começa neste ponto a verdadeiramente se formar. A individualidade. Esta parte suprassensível do ser humano, agora desperta com toda sua força.
Se até então a criança estava dentro de casa e da escola e o jovem estava meio-fora e meio-dentro, treinando olhar o mundo exterior, agora o novo adulto estará especialmente sensível ao mundo de fora.
É o momento onde ele começa a questionar se os valores recebidos tem conexão com seu Eu e se a educação que recebeu faz sentido para ele. É uma época de profundos questionamentos, o que deixa o novo adulto vulnerável às informações, pois ele está mais propenso a negar os valores e a educação recebidos, na busca de sua própria identidade. É um momento crucial onde também pode ocorrer uma ligação demasiadamente forte com valores diferentes dos seus originais. Ele reflete sobre o que herdou, se sua bagagem serve aos seus propósitos de vida. É momento dele fazer um balanço, para ver o que fica e o que se vai, na construção de sua identidade adulta.
Neste ponto, o Eu se liberou do trabalho com o corpo físico e agora se ocupa com a constituição de sua Alma. A Alma é o instrumento pelo qual o Homem se manifesta no mundo. É Ela quem dá notícias ao mundo sobre a individualidade que ali está e que agora, neste setênio, se manifesta mais plenamente. Este é o momento biográfico que pode ser traduzido como um segundo nascimento. Ao nascermos, nasce a promessa de uma individualidade. Aos 21, ela se torna presente.
Os fenômenos que serão percebidos neste setênio, na vida prática, serão aqueles relacionados com a formação de uma base estrutural como plataforma de lançamento para o próximo setênio. São eles: formação universitária, colocação profissional, consolidação dos relacionamentos amorosos, constituição de uma nova família, obtenção de recursos financeiros.
Fica evidente que neste momento o novo adulto prepara seu novo ninho, com sua marca pessoal, e vai em busca de recursos materiais para consolidar sua tarefa e, mais tarde, concretizar sua missão de vida.
O Homem é um cidadão de dois mundos, o celeste e o terrestre. A vida é como uma conversa ou um encontro destas duas forças. A partir dos 21 anos, aquele Eu que desejou passar pela experiência terrestre finalmente pode expressar, com liberdade e verdade, aquilo que veio manifestar no mundo físico. Dádiva!
Anahi Noppeney
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