Sob as leis biográficas
pode-se reconhecer o desenrolar das etapas da vida e descobrir que nossas
vivências tem um significado, um propósito, no processo do nosso
desenvolvimento.
E, à medida que vamos
abordando cada setênio, podemos nos sentir como que integrando peças numa
imagem mais ampla, como num quebra cabeça, constatando que cada parte é
preciosa para revelar o todo.
Ao chegar na fase entre os 49
e 56 anos, o oitavo setênio, podemos perceber que já fizemos uma boa caminhada
e estamos um pouco mais adaptados às mudanças na nossa vitalidade.
E embora possamos fazer, em
muitos momentos, uma avaliação da nossa jornada através de uma retrospectiva e
realinhar nosso percurso, nesta etapa, é possível estarmos mais atentos à nossa
voz interior, mais conectados com o que sentimos, porém, não tão identificados
com nossas paixões, e por isso, extrair dali o extrato mais essencial das
nossas experiências.
Nessa época, vale
especialmente estarmos atentos à voz do nosso coração e atentar para que se os
medos de outrora, aqueles que vem nos acompanhando há muito tempo, ou não, tem
nos dificultado retribuir o calor e a beleza que recolhemos em tantos
encontros.
Como seres sociais que somos,
enquanto humanos, nosso sentido de pertencer é inerente. Queremos fazer parte.
Estamos interligados, e queremos constantemente reconhecer como estamos, o quanto
estamos. Seja no desejo de ser reconhecido pelo pai e pela mãe, e pela filha e
pelo filho, pelo bom trabalho que realizamos, pela comida que acabamos de
fazer, pela foto que postamos, pelo desejo de compartilhar fragmentos da nossa
vida, e por aí afora, queremos fazer e mostrar que fazemos parte.
No segundo setênio, nos
deparamos, intensamente, com o medo de não pertencer. Esse sentimento surge num
período da vida em que, ao mesmo tempo em que nos despregamos da infância, nos separamos mais do pai e da mãe, ganhamos
mais autonomia, temos, também, receio de que não pertençamos mais, e surjam
dúvidas sobre: 'como cheguei até aqui ?', 'será que eles são mesmo meus pais?',
'o que acontece quando a gente morre?'.
Esse fenômeno ocorre no mesmo
momento em que nossa respiração e batimentos cardíacos se adequam a um novo ritmo,
igual ao dos adultos, marcando o final da infância.
E se até aqui, para
sobrevivermos, precisávamos essencialmente de cuidado e vínculo com um outro, onde o
outro deveria se empenhar e se responsabilizar por esse cuidado e vínculo, a
partir dos 9 anos, nos tornamos mais conscientes da troca entre dentro e fora,
com a respiração, e passamos a nos empenhar também em ir ao encontro do outro,
nos tornarmos autores das trocas estabelecidas, pois elas já não chegam prontas
para nós.
A vida pulsa, pulsa e pulsa e
aqui estamos vivendo nosso amadurecimento, na fase adulta, e podendo nos deparar com as mesmas questões,
numa outra dimensão: 'como cheguei até aqui ?', 'o que acontece quando a gente
morre?', 'como me movo na direção do outro?'.
Como nosso sentido de
pertencimento está vibrando nesta fase dos 49 aos 56 anos?
Este é um período muito rico
para revisar a capacidade de pertencer.
E, por desdobramento, podemos
examinar o desenvolvimento das nossas relações e qual sustentação temos dado as
nossas habilidades sociais, principalmente desabrochadas em torno dos 28-35
anos?
Quem são meus atuais amigos e
companheiros de jornada ?
Qual é a rede de encontros em
que me apoio?
Quais são os temas que me
entretém ? O que eles despertam em mim?
Como contribuo com minhas
experiências para aqueles que estão passando por fases de vida anteriores à
minha?
O que tenho construído através
dos meus relacionamentos?
Quais são as marcas que os
relacionamentos tem deixado em mim?
Do que quero fazer parte?
Neste momento em que nossas forças vitais se desprendem
mais um pouco e sensibilizam outros sentidos, com o novo ritmo que se imprime,
a reconsideração do que foi feito pode levar a uma nova meta, a um novo
desenvolvimento.
O que você espera de você nesta etapa da vida?
Olivia R S Gonzalez
Aconselhadora biográfica, terapeuta corporal e terapeuta
floral.