quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A celebração de uma etapa de vida


Terceiro setênio – celebremos essa linda fase! 

Como não celebrar quando falamos de uma fase tão importante da biografia humana?
Dar as boas vindas ao terceiro setênio é possibilitar ao jovem abrir as portas para um novo mundo, despedindo-se do universo cósmico chamado infância, para conquistar o seu lugar na sociedade e no mundo.
Essa transição vai exigir coragem, ousadia e determinação para lidar com uma série de crises, conflitos e turbulências. Nessa época, mudanças hormonais e corporais ocorrem; os membros se alongam e, de forma desajustada, se fortificam e se preparam para transformar a terra e o mundo; órgãos digestivos (metabólicos) atuam mais para a elaboração dos alimentos; alteração na voz, nascimento de pelos, espinhas e uma série de outras metamorfoses acompanham o adolescente, que trilha a incansável busca de si.
É tudo muito novo e idealizado. Nessa fase, ele projeta a imagem de quem se transformará. Muitas dúvidas permeiam seu universo e perguntas como “o que eu quero para a minha vida?”, “quem sou eu?”, “o que faço do meu mundo?” são comuns e, uma das dificuldades é discernir o que é dele e o que é herança de pai e mãe. Eis aqui uma importante questão. Nesse contexto, a grande briga interna é deixar para trás aquilo que o ajudou chegar até ali e, à partir disso, caminhar na conquista do seu Eu.
Essa equação é desafiadora para ele que, muitas vezes, tem a sensação de estar caminhando “na contramão”. Mergulhado em sentimentos conflitantes, relaciona-se ora lançando críticas contra tudo e contra todos, ora ensimesmado em profunda solidão, fechando-se em seu mundo. Para a família, também, nem sempre é uma tarefa simples. Na tentativa de ajudar, muitas vezes, é pouco compreendida e, nessas horas, o risco é o distanciamento, as discussões e os desentendimentos. O mais importante nesses momentos é que esse jovem seja acolhido com carinho, respeito e presença afetiva, envolvido por diálogos construtivos, sem cobranças ou julgamento. Esses nutrientes alimentarão a alma do “entusiasmado buscador”.
É experimentando que esse jovem desabrocha e, qualquer sentimento de solidão, dura pouco. Ele precisa interagir para ter referência do mundo, ajudando-o a imprimir sua marca e seu jeito de ser. Com frequência, buscará nos grupos em que é aceito, o reforço e o apoio para suas ideias e convicções que ainda não sente coragem e fortalecido para enfrentar sozinho. Desta forma, vai conquistando sua independência.
A educação para esse peregrino, diferentemente do primeiro setênio que acontece pela imitação e, do segundo setênio, pela autoridade amada, nessa fase é pela “liberdade” interna e externa. Ele necessita experimentar, expor suas opiniões, conquistar autonomia, até encontrar o fio da meada vinculado ao seu destino. É por volta dos dezoito anos e meio, aproximadamente, com o fenômeno chamado “nó lunar”, quando sol e lua se encontram na mesma posição em que estavam no momento do nascimento, permitindo maior abertura para recordar a sua “missão de vida”, que o trouxe para a terra. Nessa fase, muitas vezes, decide-se o vestibular para determinada área e começa a sonhar com a atuação profissional.
Vale destacar que ele busca o que é verdadeiro e autêntico nos adultos e nas relações à sua volta. Essa verdade servirá de alicerce para a nova fase que adentrará mais tarde, além de contribuir para que se transforme em um adulto íntegro e fiel aos valores aprendidos e conquistados. Aos poucos, vai amadurecendo internamente para despedir-se do passado da adolescência e ingressar na vida adulta com maestria.
Como não se encantar com esse momento tão importante na vida dos jovens? É fundamental compreendermos a tônica dessa fase para que possamos como pais, educadores e influenciadores dessa juventude, fomentar o lado saudável na jornada desse adolescente, almejando por encontrar a sua verdadeira essência.

Daniela Curioni
Psicóloga Clínica




quarta-feira, 17 de outubro de 2018

TERCEIRO SETÊNIO E AS BASES PARA O FUTURO


Em uma aula de 10º ano, uma aluna, após uma exposição e debate sobre a epopeia Gilgamesh, pergunta se era verdadeiro o que a obra dizia. Os versos falavam sobre um dilúvio. Sobre um homem escolhido pelos deuses para construir um imenso barco e colocar em seu interior um casal de cada espécie animal da terra. Sobre o tempo que o barco ficou boiando sobre as águas. Sobre a salvação da espécie humana após aportar novamente em terra firme. A pergunta da aluna possuía também um segundo propósito: ela conhecia bem a história bíblica de Noé, e por isso, ao receber a informação de que a epopeia suméria fora escrita antes do relato bíblico, algo dentro de si se moveu e seu pensamento passou a elaborar a dúvida que ela então verbalizou na aula. Esse pequeno relato talvez nos mostre de uma maneira mais límpida o que vem a ser um jovem em seu terceiro setênio.

O que há nisso de tão sintomático? O que nos é revelado aqui? Pensemos que a exposição do professor estabeleceu como foco a grande aventura do herói Gilgamesh em busca da imortalidade. Ele perdera seu grande amigo Enkidu e tomado de tristeza e angústia pelo sentimento de morte, descobre que apenas um homem na Terra conquistara o dom de ser imortal. Parte em busca dele. É o que o professor narra aos alunos, que o acompanham nessa jornada. E ele encontra este homem, que se chama Utnapishitin. E esse homem conta sua história, de como recebera a imortalidade. E aí sabemos da história do dilúvio. O professor faz uma pausa. Todos olham e pensam. Talvez já tenham ouvido essa história. Então questionam o professor: mas não é a história de...? Elas se parecem, não há dúvida. E qual é a mais antiga? A revelação causa outro silêncio. O professor nada diz. Espera. E aí vem outra pergunta. Há outros relatos semelhantes? Sim, há. Em diversas culturas. Inclusive a ciência fala de uma grande inundação em tempos bastante remotos. Outro silêncio. E aí vem a pergunta: mas qual desses relatos é o verdadeiro?

Entremos nesse jovem e vejamos o que possa estar acontecendo. Ele acompanhava a narrativa que tratava de uma literatura de um povo arcaico, os sumérios. Ao mesmo tempo que recebia informações sobre essa cultura, seu modo de existir e de pensar, seus rituais e costumes, também acompanhava a vida do herói Gilgamesh, um rei severo e arrogante, injusto com seu povo, que tem o seu poder colocado à prova pelos deuses. O rei que se achava poderoso é derrotado em uma luta por uma criatura enviada pelos deuses, Enkidu, que havia sido criado na floresta, entre os animais selvagens. Diante da derrota, Gilgamesh conhece o que antes jamais praticara, a misericórdia e a compaixão. Essas virtudes, praticadas por Enkidu, libertam o rei do que o aprisionava: seus próprios sentimentos. Tornam-se amigos e irmãos. Essas imagens atravessam o sentir do jovem que as ouve e são redimensionadas em seu pensamento. Lá se juntam com as informações que tem sobre os sumérios, sobre a literatura arcaica, sobre as religiões antigas. O que move o herói?

Um dos principais aspectos que se relacionam ao conhecimento do terceiro setênio é quando abordamos a questão do nascimento do corpo astral e da formação do juízo. O que, em termos mais claros, eles podem significar? Temos aqui uma espécie de equação que não pode ser perdida de vista. O pensar do jovem se desenvolve de forma extraordinária nessa fase da vida. A capacidade de abstração se intensifica e ele pode agora transformar fatos em conceitos, relacionar diferentes âmbitos da realidade em uma síntese conclusiva. Essa capacidade, dentro de um desenvolvimento normal, permite que a aprendizagem possa seguir caminhos cada vez mais complexos. No entanto, ao mesmo tempo que ela é maravilhosa, possui também sérios riscos. Entusiasmado com sua habilidade de pensamento, o jovem pode se tornar soberbo, arrogante. Ele agora sabe tudo. Principalmente mais que os adultos. Sua habilidade dialética se torna nociva, porque não consegue abarcar a empatia, que é a capacidade de compreender o pensamento do outro. Por outro lado, o pensar pode se tornar frio, excessivamente racional, por uma ausência de reflexão permeada de sentimentos. Os dois aspectos percebemos fortemente nos tempos atuais.

Ao retomarmos a aula do primeiro parágrafo podemos observar que o pensamento da aluna se manifestou em virtude de alguns aspectos importantes: informação dada dentro de uma sequência em que os elementos façam sentido; possibilidade de exercer empatia ao perceber o espaço proporcionado para as reflexões sobre a personagem e suas ações; prática da pergunta que advém de um real desejo de compreender a oferta do mundo. A esses três aspectos, um quarto deve ser acrescentado, talvez o mais importante: o pensamento elaborado é construção do próprio aluno. O professor pavimenta o caminho da reflexão, mas não dá o destino. Esse destino quem estabelece é o aluno, porque é nesse plano que seu corpo astral tem a oportunidade de encontro com seu eu futuro. Aqui forma-se o caráter num sentido muito mais amplo que o de comportar-se socialmente. Pelo pensar livre, porém permeado de empatia, o aluno permite-se criar para si as questões que fundarão seu caminho de vida. O terceiro setênio é a construção do porto que leva ao futuro.

Sidnei Xavier dos Santos

Professor de Literatura da Escola Waldorf Francisco de Assis

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Criatura criada criando: fenômeno do terceiro setênio




Alguém já disse: Ah... essa idade é fogo!  E isso, pode ser aplicado à varias idades, não é mesmo?! O fato é que todas as idades tem suas dificuldades e suas recompensas. Em cada fase encontramos material para criar 'a dor e a delícia de ser' quem somos, como diria Caetano.

Nossa vida é um ato criativo constante. Somos criados, nos criamos. E para isso, é possível encontrar em cada fase, presentes que nos são conferidos, seja pela hereditariedade, seja pelo plano celestial.
Cada uma dessas recompensas  podem ser reconhecidas como as ferramentas necessárias que recebemos para criarmos a nossa obra na Terra.
Lá no primeiro setênio de vida, podemos encontrá-las  nas características dos tipos constitucionais, assim como no segundo setênio nos temperamentos, e no terceiro setênio, através das qualidades planetárias.
Todos esses presentes, que trazemos da nossa biografia noturna, vão moldando a maneira como captamos o mundo e como atuamos sobre ele, nos  orientando para a missão a ser realizada. 
Tomando a linha de desenvolvimento como ponto de partida, ao final do terceiro setenio concluímos uma etapa que servirá de apoio para as vivências futuras, e a partir desta fase, ganhamos a autonomia para realizar nosso propósito. Até este momento, estamos receptivamente recolhendo material a ser lapidado e, também, resignificado, ao longo dos outros anos.
Até o final do terceiro setenio, os pais, e outros adultos, são os responsáveis pela orientação do desenvolvimento, mesmo que neste setenio a vida se torne assunto próprio, e tudo o que existe seja questionado formando uma grande interrogação sobre 'o que farei' e 'quem sou'. Esses são os passos  para a experimentação da autonomia responsável.  Ainda assim, embora cada vez mais distantes, aos pais cabe apoiar esse desenvolvimento através de orientações, diálogos, muitos diálogos até o final desse terceiro setênio.
Nem sempre dialogar é tarefa fácil e raramente é simples entre os 14 e 21 anos. Este é o período em que o pensar é ativado como nunca, e o jovem está em busca da verdade. Da sua própria verdade e da verdade de todos ao seu redor. E isso o torna muito crítico e exige muita coerência. Porém, como além do sentido do pensamento e da linguagem, nesta época, a audição ganha especial atenção no desenvolvimento, e convém, como responsáveis pela orientação do desenvolvimento de seres nessa etapa, levá-los a compreender a importância do ouvir e considerar a verdade do outro com respeito e tolerância.
Esses fundamentos são de grande importância para as etapas futuras, e primorosas nos tempos atuais, mas sempre relevantes também porque o impulso para a transformação é própria dessa fase. Há energia, idealismo, interesse por um mundo melhor, mesmo que muitas vezes isso não venha acompanhado de valores que garantam sua integridade. Os valores que foram encontrados no segundo setenio e a noção de integridade no primeiro setenio, para ressaltar como uma coisa está atrelada a outra.
Se o conhecimento pode nos apoiar para conduzir o desenvolvimento de jovens isso também está disponível para eles conduzirem uma nova etapa de suas próprias vidas, e um dos grandes desafios que se apresentam é adentrar nos conhecimentos pelos quais eles se interessam sem que o nosso saber sufoque seus interesses ou, no oposto, os despreze como indíviduos.
E  em paralelo com toda ânsia de obter a verdade sobre as coisas, há o amor. Um impulso extraordinário que os leva a buscar o sentido das coisas e se aproximar de pessoas, principalmente em grupos de convivência. Mas o amor extrapola essa vivência e clama por uma experiência divina, idealizada, que invariavelmente se confronta com seus instintos. E se por um lado seus encontros afetivos possam leva-los a experiências tão divinas quanto infernais, por outro, a mística pode se converter em propósito.
Mesmo numa era digital, onde os encontros reais são escassos, ainda assim, surge uma personalidade inspiradora nesta fase da vida que leva, consciente ou inconscientemente, para futuras escolhas.
Saibamos dialogar e explorar o universo desses jovens, sem no entanto querer estreitá-lo. Já que à eles cabe o impulso para a transformação de um novo mundo. Mesmo que seja apenas o de tornar vazio o ninho em que viviam.

Olivia Gonzalez
Mãe waldorf do maternal ao 12º ano

Terapeuta corporal, floral e aconselhadora biográfica

sábado, 6 de outubro de 2018

O que a boca revela sobre nós

    A boca é a porta de entrada do nosso organismo, além de ter várias funções, por ela levamos o mundo exterior para o interior e podemos saber o que acontece neste mundo.
    Por muito tempo a boca foi simplesmente tratada como um triturador de alimentos, sem grandes preocupações com seus elementos, porém hoje em dia, sabemos que todo o sistema estomatognático tem grande importância para o ser integral.
    A boca é capaz de passar informações que nem imaginávamos!
     Existe uma íntima relação entre a posição das arcadas e a postura do indivíduos, a boca é quem sustenta todo processo postural. Arcadas muito para frente ou para trás relata muito da personalidade do mesmo.
      Já nas gengivas podemos observar alterações hormonais e algumas inflamações do organismo.
    Os dentes então são de extrema importância nessa codificação, além de traduzirem a saúde física e emocional, cada um está intimamente ligado a um órgão ou sistema. O adoecimento de um dente é um pedido de socorro da vida interior.
    É possível mudar aspectos psicológicos e sistêmicos mudando o posicionamento dos dentes com a Ortodontia, assim como a posição dos ossos com a Ortopedia funcional dos maxilares. Corrigindo essas alterações é possível libertar e proporcionar condições de cura para a pessoa.
    O trabalho de conhecer o ser humano através da boca tem como objetivo resgatar a saúde integral, trazendo cura e bem estar. 


Adriana Dell'Aquila Defendi

Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

Escola Waldorf Franscisco de Assis (11) 22310152 (11) 22317276 www.facebook.com/EscolaWaldorfFransciscoDeAssis

Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta (PMPSSV)

Casa da Antroposofia ZN Rua Guajurus, 222 Jardim São Paulo (11) 35699600