Nossa
vida é um ato criativo constante. Somos criados, nos criamos. E para isso, é
possível encontrar em cada fase, presentes que nos são conferidos, seja pela
hereditariedade, seja pelo plano celestial.
Cada
uma dessas recompensas podem ser
reconhecidas como as ferramentas necessárias que recebemos para criarmos a
nossa obra na Terra.
Lá
no primeiro setênio de vida, podemos encontrá-las nas características dos tipos
constitucionais, assim como no segundo setênio nos temperamentos, e no terceiro
setênio, através das qualidades planetárias.
Todos
esses presentes, que trazemos da nossa biografia noturna, vão moldando a
maneira como captamos o mundo e como atuamos sobre ele, nos orientando para a missão a ser
realizada.
Tomando
a linha de desenvolvimento como ponto de partida, ao final do terceiro setenio
concluímos uma etapa que servirá de apoio para as vivências futuras, e a partir
desta fase, ganhamos a autonomia para realizar nosso propósito. Até este
momento, estamos receptivamente recolhendo material a ser lapidado e, também,
resignificado, ao longo dos outros anos.
Até
o final do terceiro setenio, os pais, e outros adultos, são os responsáveis
pela orientação do desenvolvimento, mesmo que neste setenio a vida se torne
assunto próprio, e tudo o que existe seja questionado formando uma grande
interrogação sobre 'o que farei' e 'quem sou'. Esses são os passos para a experimentação da autonomia
responsável. Ainda assim, embora cada
vez mais distantes, aos pais cabe apoiar esse desenvolvimento através de
orientações, diálogos, muitos diálogos até o final desse terceiro setênio.
Nem
sempre dialogar é tarefa fácil e raramente é simples entre os 14 e 21 anos.
Este é o período em que o pensar é ativado como nunca, e o jovem está em busca
da verdade. Da sua própria verdade e da verdade de todos ao seu redor. E isso o
torna muito crítico e exige muita coerência. Porém, como além do sentido do
pensamento e da linguagem, nesta época, a audição ganha especial atenção no
desenvolvimento, e convém, como responsáveis pela orientação do desenvolvimento
de seres nessa etapa, levá-los a compreender a importância do ouvir e
considerar a verdade do outro com respeito e tolerância.
Esses
fundamentos são de grande importância para as etapas futuras, e primorosas nos
tempos atuais, mas sempre relevantes também porque o impulso para a
transformação é própria dessa fase. Há energia, idealismo, interesse por um
mundo melhor, mesmo que muitas vezes isso não venha acompanhado de valores que garantam sua integridade. Os valores que foram
encontrados no segundo setenio e a noção de integridade no primeiro setenio,
para ressaltar como uma coisa está atrelada a outra.
Se
o conhecimento pode nos apoiar para conduzir o desenvolvimento de jovens isso também
está disponível para eles conduzirem uma nova etapa de suas próprias vidas, e
um dos grandes desafios que se apresentam é adentrar nos conhecimentos pelos
quais eles se interessam sem que o nosso saber sufoque seus interesses ou, no oposto,
os despreze como indíviduos.
E em paralelo com toda ânsia de obter a verdade
sobre as coisas, há o amor. Um impulso extraordinário que os leva a buscar o
sentido das coisas e se aproximar de pessoas, principalmente em grupos de
convivência. Mas o amor extrapola essa vivência e clama por uma experiência
divina, idealizada, que invariavelmente se confronta com seus instintos. E se
por um lado seus encontros afetivos possam leva-los a experiências tão divinas
quanto infernais, por outro, a mística pode se converter em propósito.
Mesmo
numa era digital, onde os encontros reais são escassos, ainda assim, surge uma
personalidade inspiradora nesta fase da vida que leva, consciente ou
inconscientemente, para futuras escolhas.
Saibamos
dialogar e explorar o universo desses jovens, sem no entanto querer
estreitá-lo. Já que à eles cabe o impulso para a transformação de um novo
mundo. Mesmo que seja apenas o de tornar vazio o ninho em que viviam.
Olivia
Gonzalez
Mãe waldorf do maternal ao 12º ano
Terapeuta corporal, floral e aconselhadora biográfica
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