quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Criatura criada criando: fenômeno do terceiro setênio




Alguém já disse: Ah... essa idade é fogo!  E isso, pode ser aplicado à varias idades, não é mesmo?! O fato é que todas as idades tem suas dificuldades e suas recompensas. Em cada fase encontramos material para criar 'a dor e a delícia de ser' quem somos, como diria Caetano.

Nossa vida é um ato criativo constante. Somos criados, nos criamos. E para isso, é possível encontrar em cada fase, presentes que nos são conferidos, seja pela hereditariedade, seja pelo plano celestial.
Cada uma dessas recompensas  podem ser reconhecidas como as ferramentas necessárias que recebemos para criarmos a nossa obra na Terra.
Lá no primeiro setênio de vida, podemos encontrá-las  nas características dos tipos constitucionais, assim como no segundo setênio nos temperamentos, e no terceiro setênio, através das qualidades planetárias.
Todos esses presentes, que trazemos da nossa biografia noturna, vão moldando a maneira como captamos o mundo e como atuamos sobre ele, nos  orientando para a missão a ser realizada. 
Tomando a linha de desenvolvimento como ponto de partida, ao final do terceiro setenio concluímos uma etapa que servirá de apoio para as vivências futuras, e a partir desta fase, ganhamos a autonomia para realizar nosso propósito. Até este momento, estamos receptivamente recolhendo material a ser lapidado e, também, resignificado, ao longo dos outros anos.
Até o final do terceiro setenio, os pais, e outros adultos, são os responsáveis pela orientação do desenvolvimento, mesmo que neste setenio a vida se torne assunto próprio, e tudo o que existe seja questionado formando uma grande interrogação sobre 'o que farei' e 'quem sou'. Esses são os passos  para a experimentação da autonomia responsável.  Ainda assim, embora cada vez mais distantes, aos pais cabe apoiar esse desenvolvimento através de orientações, diálogos, muitos diálogos até o final desse terceiro setênio.
Nem sempre dialogar é tarefa fácil e raramente é simples entre os 14 e 21 anos. Este é o período em que o pensar é ativado como nunca, e o jovem está em busca da verdade. Da sua própria verdade e da verdade de todos ao seu redor. E isso o torna muito crítico e exige muita coerência. Porém, como além do sentido do pensamento e da linguagem, nesta época, a audição ganha especial atenção no desenvolvimento, e convém, como responsáveis pela orientação do desenvolvimento de seres nessa etapa, levá-los a compreender a importância do ouvir e considerar a verdade do outro com respeito e tolerância.
Esses fundamentos são de grande importância para as etapas futuras, e primorosas nos tempos atuais, mas sempre relevantes também porque o impulso para a transformação é própria dessa fase. Há energia, idealismo, interesse por um mundo melhor, mesmo que muitas vezes isso não venha acompanhado de valores que garantam sua integridade. Os valores que foram encontrados no segundo setenio e a noção de integridade no primeiro setenio, para ressaltar como uma coisa está atrelada a outra.
Se o conhecimento pode nos apoiar para conduzir o desenvolvimento de jovens isso também está disponível para eles conduzirem uma nova etapa de suas próprias vidas, e um dos grandes desafios que se apresentam é adentrar nos conhecimentos pelos quais eles se interessam sem que o nosso saber sufoque seus interesses ou, no oposto, os despreze como indíviduos.
E  em paralelo com toda ânsia de obter a verdade sobre as coisas, há o amor. Um impulso extraordinário que os leva a buscar o sentido das coisas e se aproximar de pessoas, principalmente em grupos de convivência. Mas o amor extrapola essa vivência e clama por uma experiência divina, idealizada, que invariavelmente se confronta com seus instintos. E se por um lado seus encontros afetivos possam leva-los a experiências tão divinas quanto infernais, por outro, a mística pode se converter em propósito.
Mesmo numa era digital, onde os encontros reais são escassos, ainda assim, surge uma personalidade inspiradora nesta fase da vida que leva, consciente ou inconscientemente, para futuras escolhas.
Saibamos dialogar e explorar o universo desses jovens, sem no entanto querer estreitá-lo. Já que à eles cabe o impulso para a transformação de um novo mundo. Mesmo que seja apenas o de tornar vazio o ninho em que viviam.

Olivia Gonzalez
Mãe waldorf do maternal ao 12º ano

Terapeuta corporal, floral e aconselhadora biográfica

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