A humanidade para o seu
desenvolvimento já passou por várias épocas culturais, vamos destacar a
terceira época, a egípcia, que desenvolveu a alma da sensação, na quarta época, a grego – romana, desenvolveu a alma do
intelecto ou da razão, e agora estamos na época quinta, a europeia, e devemos
desenvolver a alma da consciência. Desde 1413 a humanidade adentrou a este
período da alma da consciência.
Anteriormente, no período da
alma da razão, a humanidade aprendeu o pensar lógico e racional, a partir da
observação exterior, e isso foi muito
importante para as descobertas científicas e o seu desenvolvimento. Nessa fase
os homens dependiam de gurus, sacerdotes, clãs, família de sangue, nos quais eles
se espelhavam e consequentemente eram guiados e obrigados a seguirem seus
valores e preceitos morais, não existia a autoconsciência.
Agora todos nós estamos no
período da alma da consciência, a tarefa que temos que desempenhar é desenvolver
cada vez mais o livre pensar, sentir e querer e ser cada vez mais
autoconsciente, a fim de contribuir para a evolução da humanidade. Como foi
dito por Daniel Burkhard “Por sua vez, Rudolf Steiner, com sua
capacidade clarividente, descreveu a identidade humana em seu constante
processo de desenvolvimento com bastante clareza. Ele descreveu o próprio eu,
que, como entidade espiritual passando por muitas encarnações, começa a
despertar e a se dar conta de nossa condução interior na quinta época cultural,
a nossa.” (em Nova Consciência -
pág.19).
Hoje, século XXI, qual o
cenário que vemos: os gurus e sacerdotes não servem mais para nos conduzir,
pois lhes falta credibilidade, porque muitas vezes suas ações não correspondem
com suas palavras, a família, como nosso porto seguro está em crise, não
preenchendo mais nossos valores, o mundo globalizado e integrado também não nos
indica mais que pertencemos a uma raça ou nação, pois estamos todos
interligados.
Assim, estamos sós,
nos sentindo desamparados, porque antigamente havia algo que nos orientava,
agora temos que olhar para o nosso interior, para o que somos e quem somos, e assim desenvolvermos o pensar,
valores, moral e ética.
A partir da nossa
autoconsciência e liberdade temos que nos desenvolver para o bem e contribuir
para a nossa evolução, bem como a evolução de todos.
Podemos começar com a
observação do nosso pensar, de como tantas vezes a partir de uma inconsciência
somos levados a pensar errado.
Como a internet, televisão,
celulares, jogam informações sem controle, e a partir do desenvolvimento do
pensar correto, moral e ético, permeados sempre pelo amor e altruísmo e pela
auto observação, essas informações passam por nós, e temos condições de
questioná-las e assim absorver o que for
bom, e descartarmos o que é ruim,
viver sem ilusões que nos conduzam a uma inconsciência e assim uma opinião
errada.
Depois podemos observar o
nosso sentir, temos compaixão pela dor do nosso próximo, ou simplesmente na
inconsciência não sentimos nada, o sofrimento do outro não reverbera no nosso
coração? Ainda somos conduzidos pela vaidade, compulsões, mentiras, amoralidades
e instintos. Como bem diz Daniel Burkhard “Rudolf Steiner revela que a tarefa da época
da alma da consciência é elevar nosso
lado instintivo para a clara consciência.” (em Nova Consciência - pág.22).
Através dessa auto
observação devemos desenvolver a Empatia em relação ao sofrimento, nos devemos
sempre nos colocar no lugar de quem sofre, sem julgamentos ou cobranças.
E nossas ações são também
permeadas pelo amor, ou são egoístas visando somente nosso bem estar, nosso querer
está em consonância com o nosso pensar e sentir? Quantas vezes tivemos preguiça
em pegar um livro de Rudolf Steiner e estudá-lo, de colocar nosso esforço a
serviço de um auto desenvolvimento a fim de nos tornarmos mais humanos, para
servir melhor a humanidade.
Muitas das nossas ações inconscientes
são egoístas, meros atos sem sentido moral, somente satisfazendo nosso Ego, mas
se tivermos atentos a nós mesmos, desenvolvendo a autoconsciência e colocando
em prática nos nossos atos com amor, esses atos serão não
só benéficos para nós, mas para todos os homens. Conforme Rudolf Steiner “ Um
profundo respeito pela individualidade
do outro e um verdadeiro interesse pelo
outro. Essas duas qualidades podem ser treinadas e, se o esforço for realmente
honesto, o amor espiritual não tardará a aparecer como graça divina...” (GA
186, Dornach, 6 de dez.1918).
Assim, nos dias de hoje urge
o auto desenvolvimento, somente seremos seres melhores a partir desse
desenvolvimento, o mundo parece vir ao nosso encontro de, como dito amplamente,
vem para nós com inversão de valores morais e éticos, temos a ilusão de remarmos contra a maré, mas devemos
sempre seguir em frente, mesmo quando pessoas que amamos não comunguem com o
novo aprendizado, nesse momento devemos vivenciar a Antroposofia através da
nossa coerência entre o pensar, sentir e agir, permeado de Amor e Liberdade.
Finalizo o tema proposto
neste texto com um trecho do livro de Daniel Burkhard – Nova Consciência - Altruísmo e Liberdade na pág. 14.
“Mas durante nossa travessia
certamente também teremos momento de grande alegria, por exemplo estar no topo
de uma montanha e encontrar outros seres humanos que fizeram o mesmo esforço
que nós para chegar lá, talvez com o
objetivo de visualizar uma melhor paisagem a partir dali. Talvez olhemos juntos
para trás no intuito de constatar quanto já caminhamos e quanto já nos transformamos. E talvez
juntos descubramos que a maior alegria que pode existir para um ser humano é saber que se está
sozinho e que se está no caminho certo rumo ao grande objetivo que é a
conquista da dignidade de um ser humano livre.”
Rita Paula Wey Nunes da
Costa
Muito bom, parabéns!
ResponderExcluirÉ sempre gratificante saber que o texto foi bom !
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