Muito
se estudou sobre infância, adolescência, idade produtiva e... temos descoberto
que nunca se pesquisou tanto sobre a maturidade. As neurociências em especial,
têm oferecido incalculáveis contribuições para decifração das leis biológicas e
outros fatores que atuam ao longo de todo o desenvolvimento humano. Aqui nos
interessa focalizar a qualidade de vida física, energética, emocional, sexual,
mental e social, lembrando sempre desse “fantasma” que assombra nossos
pensamentos: o Mal de Alzheimer, que é também referido atualmente como DM3
(Diabete Mellitus 3). A ciência está descobrindo meios de prevenção e combate a
essa enfermidade ligada ao excesso ou carência de determinadas substâncias;
neste caso o açúcar é vilão para o cérebro.
Quero
destacar aqui que a qualidade do envelhecimento tem a ver com vários fatores
como a constituição física herdada (incluindo disposições cármicas),
influências educacionais e culturais, o caráter, entre outros, que nos
primeiros anos da existência contribuem com a “coloração” que daremos a
existência.
Estamos
habituados a ouvir (ou falar) que uma pessoa “sempre foi velha”. Estamos nos
referindo ao estilo de encarar a vida: mais positivo e pacífico; mais
depreciativo e crítico; mais intenso e alegre, entre outros. Não resta dúvida
que muitos dos chamados idosos de hoje (a partir de 60 ou 65 anos) estão
interessados em atividades diferentes daquelas que seus pais, avós e bisavós se
ocupavam.
Nossos
recursos de informação e comunicação nos permite hoje em dia retificar enganos
ou omissões cometidos por outras gerações como saneamento básico, higiene
mental, alimentação, entretenimento, avanços da medicina, atividade física,
desenvolvimento contínuo da mente, socialização, criação das mais diversas
próteses, etc.
Muito
ganhamos e muito perdemos. Deixamos para trás a convivência estreita e saudável
entre as gerações num mesmo lar. A crescente consciência mais
"individualista”, aliada às transformações da sociedade, com os arrojados
passos da mulher moderna, acabou “terceirizando” não só os cuidados da
infância, mas também dos idosos. Vemos pais precisando deixar seus filhos ou
idosos em mãos de outras pessoas que por sua vez também deixam seus filhos e
parentes nas mãos de outros educadores. Temos “pago” para que os nossos
cuidados amorosos sejam desempenhados por pessoas com dedicação duvidosa.
Sabemos que não basta que esses nossos entes queridos estejam sendo
alimentados, asseados, distraídos e medicados por profissionais; não podemos
descuidar de mantermos os VÍNCULOS AFETIVOS, que os ajuda a adquirir e manter a
importância que a vida deles tem para todos!
Por
outro lado, ganhamos uma compreensão muito ampla a respeito do conceito “aposentado”
(O termo refere-se às pessoas que se recolhiam em aposentos, albergues,
hospedarias). Temos estendido nossa capacidade produtiva, seja por necessidade
financeira ou outros desafios. Procuramos manter o corpo mais saudável, mais
ativo, mesmo com a motivação fundamentada em ilusões de perpetuar a juventude a
qualquer preço! Mas além de todos esses fatores sociais que têm nutrido o
imaginário “à perfeição” há um indiscutível fator a considerar. A ANTROPOSOFIA
nos demonstra um interessante contraste entre a curva de desenvolvimento físico
– descendente a partir da maturidade – e outra ascendente – a
evolução do espirito – nessa mesma faixa etária. Isto quer dizer que, enquanto
vai ocorrendo uma baixa na vitalidade física, por outro lado, a busca espiritual
se vincula aos valores mais essenciais sobre o significado, valor e sentido da
vida! Esta é a razão pela qual é tão útil proporcionarmos alimento espiritual
ligado às mais diversas artes (plásticas, música, dança, literatura, teatro, trabalhos manuais e tudo o mais que nos realiza como
seres humanos).
O
envelhecimento não deveria ser uma surpresa ou choque, como às vezes representa
para muitos. Ele é também o reflexo de hábitos que seguimos sem questionar na
juventude, como o uso (abuso) do álcool e drogas, cigarro, açúcar,
sedentarismo, o uso indiscriminado de medicamentos, prática esportiva sem
orientação e outros enganos. Por isso, à medida que vamos nos conscientizando,
sempre cabe correções a um novo estilo de vida. Portanto, o idoso pode espelhar
hoje escolhas do passado.
Há
algo em comum em todas as épocas da civilização: um natural desprendimento das
forças no plano físico e uma revisão dos verdadeiros conceitos sobre a vida
durante a maturidade. Temos notado que a maioria dos idosos sempre se sentiu
chamada ao cultivo da espiritualidade. O olhar interior para a conexão com
nosso Eu Superior é uma busca que sabemos que não precisa ser restrita às
décadas finais da existência. A interação com nosso Ser Espiritual é a
verdadeira fonte de sabedoria, lucidez e segurança em qualquer época de nossa
existência.
Ivani Lasco Rotundo Simões, psicóloga, coordenadora da
Oficina da Memória na Casa da Antroposofia ZN.
Colaboradores: Casimiro Francisco Simões Filho (69 anos),
Gisela Elena Reisewitz Theiser (77 anos), Maria Lucia Carvalho Marques, (65
anos).
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