quinta-feira, 30 de maio de 2019

A maturidade e a jornada interior


O que é maturidade? Quando começa?
Este tema, pode ser abordado por diversas perspectivas, não é?
Minha partilha se desenvolverá através do olhar da Antroposofia e do amadurecer como uma jornada interior, onde o declínio físico abre espaço para novas aprendizagens, transformações e ressignificações, dando vida a arte de amadurecer.
Trarei aqui um brevíssimo panorama da maturidade iniciando pelo 6º setênio, já que por volta dos 35 anos começa-se a sentir um certo desgaste físico, mas por outro lado, uma ampliação da consciência. Aos 37 anos a missão de vida torna-se cada vez mais aparente, 42 anos a conexão espiritual vai se fazendo mais presente ao mesmo tempo em que se vivencia uma das crises mais profundas, a existencial.
7º setênio, 42 aos 49 anos, a autenticidade pode ganhar ainda mais forma, dado que há muita força de realização. Padrões antigos podem ser deixados de lado e novos valores de vida e espirituais podem emergir.
8º setênio, 49 aos 56 anos, a sabedoria desta fase está em encontrar um novo ritmo, considerando os limites físicos. O fim deste setênio marca uma passagem para a aceitação de um outro patamar da maturidade, que pode ser muito rica, afinal muitas das grandes obras da humanidade, de escritores, músicos e outros foram compostas após os 60 anos.
9º setênio, 56 aos 63 anos, é saudável chegar neste período de vida com a prática de um hobby, um planejamento para o que fazer após a aposentadoria, o cultivo de novos aprendizados e autodesenvolvimento. A aprendizagem  gera renovação! Bom momento também, para se fazer uma retrospectiva e se perguntar: O que consegui realizar? O que ainda desejo desenvolver?
10º setênio, 63 aos 70 anos, nesta etapa há a possibilidade de novas combinações, maior ligação com a intuição e desejo para efetuar mudanças radicais. É possível vivenciar aqui uma crise que vem com a intenção de encontrar uma maturidade mais cheia de sentido.
11º setênio, 70 aos 77 anos, pode surgir uma força mais intensa de amor, que ajudará a superar a tendência ao isolamento comum a este período. Aos 74 anos, há um marco da velhice para a senilidade, onde novamente, há a necessidade de uma nova adaptação.  
12º setênio, 77 aos 84 anos, a paciência por sua vez poderá contribuir muito para lidar com as dores e a serenidade para superar obstáculos. Os sentidos vão se enfraquecendo, enquanto que pode existir uma elevação através da imaginação, inspiração e intuição, os três graus do conhecimento espiritual.
E após os 84 anos? A jornada continua, cada vez mais está se tornando corriqueiro completar 90 anos. E os centenários por sua vez, surgindo como pontes entre os séculos. E com isto vem a reflexão.
Como podemos cultivar o autocuidado de forma integrada, para que possamos apreciar o nosso amadurecer?
Encerro com Olavo Bilac...
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo!
Envelheçamos como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhemos os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!   

Andressa Miiashiro
Psicóloga e psicodramatista.
www.lotustalentos.com.br

sábado, 18 de maio de 2019

O amadurecer é envelhecer?


Quando falamos em Amadurecimento,  a ideia nos remete a terceira idade, a um momento da vida onde a idade reflete experiência, entretanto, na realidade, o processo de amadurecimento tem início no instante que nascemos.
          A cada sorriso, a cada conquista, aprender a andar, falar e pensar.
Nos frutos, o amadurecimento significa que as sementes estão prontas para a dispersão; no ser humano, significa que estamos prontos para receber os nossos novos desafios e ao chegarmos na terceira idade possamos "dispersar" pelo nosso ambiente toda a sabedoria adquirida através dos nossos setênios.
          O processo de amadurecimento intensifica-se no primeiro setênio, com as aquisições diárias que transformam o âmbito físico e anímico; são aquisições que dependem exclusivamente de calor, o calor anímico que envolve as criança. Ela deve amadurecer cada aquisição para estar apta à receber os novos desafios dos setênios seguintes.
          Cada setênio tem os seus desafios e paulatinamente caminhamos e crescemos, como o fruto em uma árvore.
Nas plantas sabemos que pode haver um descompasso entre a idade cronológica e a maturidade experimentada, podendo ocorrer por falta de calor, ausência ou excesso de hidratação, falta de cuidado com as estruturas para evitar as pragas, falta de nutrientes da terra para levar ao fruto que deveria estar maduro e pronto para reiniciar outro ciclo, mas está verde.
          Esta analogia pode ser feita para os seres humanos, pois pulando etapas, ao chegar na terceira idade, quando verdadeiramente a dispersão da sabedoria é esperada, a pessoa está “verde”, pois não há o que compartilhar, está amarga, endurecida, inflexível.
Felizmente, a qualquer momento há como melhorar este prognostico, como a própria palavra consegue nos dar a resposta, AMADURECER, AMAR, não deixar ENDURECER.
          Importante é experimentar a todo momento a experiência de aquecer as pessoas que estão ao nosso redor, seja familiares, pacientes, utilizando terapias, medicações ou o calor de uma palavra amiga.
Desta forma conseguiremos atingir o nosso objetivo nesta terra: amadurecer e frutificar, para que todos, como um todo, possamos caminhar juntos.


Cândida Costa Martins

Pediatra ampliada pela Antroposofia



sexta-feira, 10 de maio de 2019

Maturidade e o “Memento Mori”



Falar de maturidade no contexto Antroposófico nos remete automaticamente ás fases da vida e todo significado que trazemos a partir da metodologia biográfica para nossa história e todo processo, caminho que chamamos de maturidade. Só amadurecendo podemos receber as dádivas do tempo em nossas vidas não é mesmo?
Hoje quero trazer uma outra perspectiva. No desafio de tratar a maturidade sem necessariamente me repetir ou, ao menos lançarmos um novo olhar, quero falar do amadurecimento que nos renova.
Como assim? Então amadurecer pode nos renovar? Sim, pode!
Ao amadurecer podemos nos renovar. Uma maçã que está madura pode ser colhida, se tornar alimento e sua semente pode gerar outra macieira certo? E como ocorre conosco esse processo de renovação na própria vivencia humana?
Par nós seres humanos não é necessário nos tornarmos sementes para que a renovação aconteça. Podemos em vida plena nos renovarmos a partir do olhar e do agir para a vida de uma nova maneira.
A maturidade não precisa nos tornar mais sisudos ou mais “enferrujados”, ela pode nos servir de liberdade. Liberdade para agirmos da maneira como nos faz mais sentido e com maior significado.

A maturidade pode nos trazer a clareza de que todas as coisas e inclusive a nossa própria vida um dia chegará ao fim. Com essa visão ao invés de nos assustarmos, nos renovarmos, viver a vida como se fosse acabar logo e nos perguntarmos: e se acabar amanhã? O que eu estou fazendo e deixando? Quais alimentos estou oferecendo à minha alma e ao mundo, às pessoas ao meu redor?
Os pensadores estóicos nos trazem interessantes reflexões a respeito dessa clareza de que a vida um dia acaba. O “memento mori” é uma expressão usada por exemplo quando um general romano voltava para casa depois de uma campanha vitoriosa no exterior, era tradição a cidade sediar uma gloriosa cerimônia pública em sua homenagem.
Mas enquanto seu triunfo era celebrado de maneira entusiasmada pelo povo, um homem ficava atrás do general em sua luxuosa carruagem, sussurrando a seguinte mensagem em sua orelha: “Respice post te. Hominem te esse memento. Memento mori.”
Em português seria algo como: “Olhe ao seu redor. Não se esqueça de que você é apenas um homem. Lembre-se de que um dia você vai morrer.”
Por mais macabro que isso pareça, a expressão “memento mori” é de uma grande sabedoria. Diversas religiões e correntes filosóficas, como o budismo e o estoicismo, adotam esse conceito como base de seus ensinamentos.
A ideia de que vamos voltar ao mundo espiritual um dia causa terror em praticamente todos nós. Por isso evitamos pensar sobre o assunto. Nossa cultura é devotada a prolongar a juventude o máximo possível, como se pudéssemos viver eternamente.
Acontece que não dá. A melhor opção, portanto, é fazer as pazes com a noção da nossa mortalidade. Daí a expressão “memento mori”.
A certeza de que vamos morrer não tem como objetivo nos jogar para baixo. Pelo contrário. Ela serve como motivação para viver melhor. Aproveitar os dias de maneira mais significativa e virtuosa.
Quando você se lembra de que está se aproximando mais da morte a cada dia que passa, isso te encoraja e a pode ser a renovação que citei aqui, no início do texto.
Me refiro à renovação necessária para fazer as coisas importantes da vida aqui e agora, sem procrastinar, deixando as superficialidade e materialismos de lado. Cada alma humana vivendo na terra tem suas tarefas e meditarmos no fato de que temos um tempo limitado para nos desenvolvermos pode nos oferecer essa consciência renovada.
A cada passo da maturidade temos a proximidade do “memento mori” e então uma maior possibilidade de nos questionarmos quanto às renovações necessárias que a maturidade nos oferece.
Creio que vale a pena então nos perguntarmos: quando é a maturidade da vida? A partir da perspectiva de que o “Memento Mori” não tem data marcada ou pelo menos não nos é informada claramente, a maturidade é hoje, agora.
“Memento mori”. Eis uma boa frase para nos guiar pela vida e meditarmos a respeito da maturidade.

Michele Pereira



sexta-feira, 3 de maio de 2019

Envelhecimento – Expressão controversa para ilimitados conceitos




Muito se estudou sobre infância, adolescência, idade produtiva e... temos descoberto que nunca se pesquisou tanto sobre a maturidade. As neurociências em especial, têm oferecido incalculáveis contribuições para decifração das leis biológicas e outros fatores que atuam ao longo de todo o desenvolvimento humano. Aqui nos interessa focalizar a qualidade de vida física, energética, emocional, sexual, mental e social, lembrando sempre desse “fantasma” que assombra nossos pensamentos: o Mal de Alzheimer, que é também referido atualmente como DM3 (Diabete Mellitus 3). A ciência está descobrindo meios de prevenção e combate a essa enfermidade ligada ao excesso ou carência de determinadas substâncias; neste caso o açúcar é vilão para o cérebro.
Quero destacar aqui que a qualidade do envelhecimento tem a ver com vários fatores como a constituição física herdada (incluindo disposições cármicas), influências educacionais e culturais, o caráter, entre outros, que nos primeiros anos da existência contribuem com a “coloração” que daremos a existência.
Estamos habituados a ouvir (ou falar) que uma pessoa “sempre foi velha”. Estamos nos referindo ao estilo de encarar a vida: mais positivo e pacífico; mais depreciativo e crítico; mais intenso e alegre, entre outros. Não resta dúvida que muitos dos chamados idosos de hoje (a partir de 60 ou 65 anos) estão interessados em atividades diferentes daquelas que seus pais, avós e bisavós se ocupavam.
Nossos recursos de informação e comunicação nos permite hoje em dia retificar enganos ou omissões cometidos por outras gerações como saneamento básico, higiene mental, alimentação, entretenimento, avanços da medicina, atividade física, desenvolvimento contínuo da mente, socialização, criação das mais diversas próteses, etc.
Muito ganhamos e muito perdemos. Deixamos para trás a convivência estreita e saudável entre as gerações num mesmo lar. A crescente consciência mais "individualista”, aliada às transformações da sociedade, com os arrojados passos da mulher moderna, acabou “terceirizando” não só os cuidados da infância, mas também dos idosos. Vemos pais precisando deixar seus filhos ou idosos em mãos de outras pessoas que por sua vez também deixam seus filhos e parentes nas mãos de outros educadores. Temos “pago” para que os nossos cuidados amorosos sejam desempenhados por pessoas com dedicação duvidosa. Sabemos que não basta que esses nossos entes queridos estejam sendo alimentados, asseados, distraídos e medicados por profissionais; não podemos descuidar de mantermos os VÍNCULOS AFETIVOS, que os ajuda a adquirir e manter a importância que a vida deles tem para todos!
Por outro lado, ganhamos uma compreensão muito ampla a respeito do conceito “aposentado” (O termo refere-se às pessoas que se recolhiam em aposentos, albergues, hospedarias). Temos estendido nossa capacidade produtiva, seja por necessidade financeira ou outros desafios. Procuramos manter o corpo mais saudável, mais ativo, mesmo com a motivação fundamentada em ilusões de perpetuar a juventude a qualquer preço! Mas além de todos esses fatores sociais que têm nutrido o imaginário “à perfeição” há um indiscutível fator a considerar. A ANTROPOSOFIA nos demonstra um interessante contraste entre a curva de desenvolvimento físico – descendente a partir da maturidade – e outra ascendente – a evolução do espirito – nessa mesma faixa etária. Isto quer dizer que, enquanto vai ocorrendo uma baixa na vitalidade física, por outro lado, a busca espiritual se vincula aos valores mais essenciais sobre o significado, valor e sentido da vida! Esta é a razão pela qual é tão útil proporcionarmos alimento espiritual ligado às mais diversas artes (plásticas, música, dança, literatura, teatro, trabalhos manuais e tudo o mais que nos realiza como seres humanos).
O envelhecimento não deveria ser uma surpresa ou choque, como às vezes representa para muitos. Ele é também o reflexo de hábitos que seguimos sem questionar na juventude, como o uso (abuso) do álcool e drogas, cigarro, açúcar, sedentarismo, o uso indiscriminado de medicamentos, prática esportiva sem orientação e outros enganos. Por isso, à medida que vamos nos conscientizando, sempre cabe correções a um novo estilo de vida. Portanto, o idoso pode espelhar hoje escolhas do passado.
Há algo em comum em todas as épocas da civilização: um natural desprendimento das forças no plano físico e uma revisão dos verdadeiros conceitos sobre a vida durante a maturidade. Temos notado que a maioria dos idosos sempre se sentiu chamada ao cultivo da espiritualidade. O olhar interior para a conexão com nosso Eu Superior é uma busca que sabemos que não precisa ser restrita às décadas finais da existência. A interação com nosso Ser Espiritual é a verdadeira fonte de sabedoria, lucidez e segurança em qualquer época de nossa existência.

Ivani Lasco Rotundo Simões, psicóloga, coordenadora da Oficina da Memória na Casa da Antroposofia ZN.
Colaboradores: Casimiro Francisco Simões Filho (69 anos), Gisela Elena Reisewitz Theiser (77 anos), Maria Lucia Carvalho Marques, (65 anos).

Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

Escola Waldorf Franscisco de Assis (11) 22310152 (11) 22317276 www.facebook.com/EscolaWaldorfFransciscoDeAssis

Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta (PMPSSV)

Casa da Antroposofia ZN Rua Guajurus, 222 Jardim São Paulo (11) 35699600