domingo, 30 de setembro de 2018

O despertar da alma infantil para o mundo



No 1º setênio, de 0 a 7 anos, a criança ainda é puro produto da sua hereditariedade.
Ao dar entrada no 2º setênio a partir dos 7 anos, com a troca dos dentes de leite, corta-se o cordão umbilical com a mãe, iniciando de forma mais profunda a encarnação e a individuação do corpo vital.
Se antes o nascer era do corpo físico, nessa fase o que nasce é o corpo emotivo.
É a fase do desenvolvimento do sentir. O foco está no amadurecimento do sistema rítmico, pulmão e coração.
Inicia-se o despertar para o mundo.
A criança não é mais só esponja que absorve e inspira o mundo. Agora ela também expira no mundo a partir do seu mundo interno.
A característica desse setênio é a troca.
Há forças entrando e saindo há todo momento. Inicia-se uma troca entre mundo interno e mundo externo.
A relação eu e você, você e eu, começa a se formar.
A criança passa do lugar mais quentinho e protegido que é a sua casa e a relação com os pais, para experimentar novos espaços e relações na escola com o professor e com os amigos.
Ao ir mais para fora, a criança também passa a enxergar as incoerências e contradições da sua família e do mundo, se deparando com confrontações e desafios.
No seu processo de individuação e formação do seu mundo interior, começa a formar o seu temperamento e incorporar condicionamentos.
É nessa fase que cristalizamos nossas crenças, as verdades nas quais passamos a acreditar que vão formar a lente pela qual enxergamos o mundo.
A partir das nossas trocas, do que passamos a escutar e experienciar, vamos formando verdades como o que é ser homem e mulher e como cada um deve se comportar, por exemplo, “meninos não choram” e “meninas devem saber cuidar”.
Essas crenças e os condicionamentos passam a ficar incorporados no nosso corpo vital, que é o corpo da nossa memória, tornando-se difícil posteriormente a transformação dos mesmos.
Quando a criança é criada de forma mais rígida nesse período ela pode passar a só inspirar e ter mais dificuldade para expirar, tornando-se uma criança mais introspectiva.
E no lado oposto, quando não há limites, só expira e não inspira, a criança poderá se tornar um adulto muito extrovertido, para fora, e com dificuldades para estar mais para dentro, se perceber e perceber o outro.
Este setênio é fundamental para o desenvolvimento psíquico posterior dos 21 a 42 anos, para a formação da nossa saúde emocional.
É importante estimular a criança a viver a beleza do mundo, acordar o seu pensar de forma imaginativa e a desenvolver sua apreciação.
É importante que também haja ritmo e momento para interioridade e exterioridade.
É importante que haja espaço para uma troca saudável entre o mundo interno e externo.
Que os pais e as outras autoridades amadas, como os professores, possam criar um campo cuidadoso para experimentação, sendo facilitadores desse processo de troca.
Que a criança possa ser respeitada em sua individualidade, como no seu temperamento, e que crenças mais expansivas possam ser desenvolvidas, permitindo diversas formas de ser e estar.

Marcela Lempé Madruga

Psicóloga, Coach e Facilitadora de Processos de Desenvolvimento Humano Apaixonada por autoconhecimento e experiências que ampliem a consciência

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Fora do dentro e dentro do fora


"Quem olha pra fora sonha, quem olha pra dentro acorda"
Jung

"Se quiser entender o mundo,
 olhe para si mesmo, 
 se quiser entender a si mesmo,
 olhe para o mundo,
 o Eu é a ponte para o significado da existência."

Rudolf Steiner

Todos nós temos a tendência a nos vermos como que separados do nosso entorno, dos outros, dos eventos, enfim do que nos é exterior. Não nos entendemos como seres interligados e conectados, fazendo parte de um mesmo grande organismo, onde cada um de nós é uma pequenina célula do que chamamos de humanidade. Além disso não reconhecemos que o que acontece fora de nós tem alguma correspondência com o que acontece dentro de nós, são eventos pra nós estranhos, não nos dizem respeito. 
Conhecendo a Antroposofia tomamos consciência de que estamos todos entrelaçados num grande tecido e a separatividade é uma ilusão que para que possamos nos diferenciar e nos individualizar foi de certa forma necessária no processo de evolução da consciência humana. Afinal quando não consigo me diferenciar do todo não é possível o desenvolvimento da auto consciência. Porém chegou a hora de resgatarmos essa sabedoria e percebermos a conexão que existe entre o mundo exterior e o mundo interior. Se pertencem, estão em correspondência, sabendo ler o externo à nós saberemos o está dentro e muitas vezes de forma inconsciente. Um é reflexo do outro, e olhar o mundo exterior como o espelho de nossas almas às vezes é bem desafiante. O caminho do auto conhecimento tem suas curvas perigosas, neblina, cavernas e precipícios, mas também tem suas montanhas com vistas incríveis, seus lagos com águas cristalinas e momentos de curtir o vento nos cabelos... portanto olhemos pra dentro quando nosso entorno nos apresenta pessoas corruptas, egoístas, mentirosas. Olhemos pra dentro e com toda a sinceridade procuremos em que recôndito da nossas almas temos essas características em nós mesmos... olhemos as pequenas coisas do dia a dia. Não temos poder e talvez nem capacidade para transformar o nosso mundo exterior em um mundo mais justo e fraterno, mas a pergunta deve ser onde e como posso ser mais equilibrado, mais harmonioso e solidário nas minhas próprias relações? Estou tratando as pessoas, minha cidade, minha mãe Terra como amor, com delicadeza e fraternidade? É a partir dessa tomada de consciência, de cada um de nós, que o espelho pode começar a nos mostrar uma imagem diferente e mais bonita.

"Conhecimento verdadeiro de si próprio só é dado ao ser humano quando ele desenvolve interesse afetuoso para com os outros; conhecimento verdadeiro do mundo, o ser humano só alcança quando ele procura compreender seu próprio ser."
Rudolf Steiner



Cristina Campedelli Melchert 

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O caminho interior e exterior






Assim como as flores murcham
E a juventude cede à velhice,
Também os degraus da Vida,
a sabedoria e a virtude, a seu tempo,
florescem e não duram eternamente.
A cada apelo da vida deve o coração
estar pronto a despedir-se e a começar de novo,
para, com coragem e sem lágrimas se
dar a outras novas ligações.
Em todo o começo reside um encanto
que nos protege e ajuda a viver
serenos transponhamos o espaço após espaço,
não nos prendendo a nenhum elo, a um lar;
sermos corrente ou parada não quer o
espírito do mundo.
mas de degrau em degrau elevar-nos e aumentar-nos.
Apenas nos habituamos a um círculo de vida,
íntimos, ameaça-nos o torpor;
só aquele que está pronto a partir e parte
se furtará à paralisia dos hábitos.
Talvez também a hora da morte
nos lance, jovens, para novos espaços.
O apelo da Vida nunca tem fim …
Sus, Coração, despede-te e cura-te!
Degraus - Hermann Hesse


Pensar sobre o caminho soa como algo bastante pessoal, talvez um certo tom de pronome possessivo, de algum modo ancorado cá por aqui, nalgum rincão da nossa intimidade. Carrega uma sonoridade de ninho, preenchido de nuances de identidade intangíveis por algum outro. O caminho por vezes se apresenta como uma fatalidade que vem veloz ao nosso encontro, preenchido de mistérios em suas curvas.

Joan Manuel Serrat pavimentou um trecho dessa nossa jornada em busca de lago, ou de nós mesmos, ao nos dizer:

“Caminante no hay camino, se hace camino al andar,
Al andar se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar”

Nesses termos o caminhar se mostra mais concreto, conjugando o permanente vir a ser, vir a tecer do novelo da nossa vida. No caminhar se realiza o mistério do espaço/tempo como unidade, coexistem a origem e a chegada, o antes e depois, a memória e a imaginação. Os destinos passam sob nossos pés na mesma velocidade com que almejamos os horizontes do nosso tempo; pode ser vertiginosa a tomada de consciência do constante desprender-se e lançar-se nos degraus da vida, pode ser também refrescante saber-se livre para inspirar-se de novos ares do tempo, para novos mirantes e desafios de cada lugar a que se chega.
Caminhar é um ato volitivo ainda que, no andar corriqueiro, o façamos automaticamente, com a consciência dedicada a outras paragens da nossa alma. Tal como Goethe, que andava para compor o segundo volume do seu Fausto, acompanhado de redatores daquilo que as inspirações lhe traziam à fala, o andar pode ser um importante exercício para desobstruir veias criativas, meditar ou simplesmente respirar das tarefas cotidianas. No entanto trato aqui o caminhar numa escala diferente da do simples andar.

Conquistar o andar é um dos preciosos milagres da infância. O esforço dedicado por uma criança para dar os primeiros passos é digno de alimentar almas adultas para qualquer tarefa que tenhamos, por mais dura que nos pareça. Lançar uma perna ao futuro e permitir que ele nos encontre; sustentar uma perna no passado, com todo o peso do corpo sobre ela, ainda que a consciência já esteja mais entusiasmada pelo adiante; pensar conscientemente no andar talvez dificultasse muito essa conquista que, passo a passo vai ganhando mais liberdade e se tornando um gesto que pode ser realizado com a consciência vigilante entregue a outras questões.

O caminhar, no entanto, pode ser entendido como uma espécie de esculturação de trilha, modelada por nossas escolhas, por cada julgamento, por nossos ideais de vida. As situações da nossa vida, entretecidas pelas redes de relações e lugares, vem em nossa direção, na medida em que caminhamos. Eu encontro os desafios, os obstáculos me encontram. Somos recorrentemente convidados a refazer nossas ferramentas de esculturar essa trilha, chamados a rever nossas faculdades de julgar, escolher e atualizar nossos ideias, perante essa concretude dos fenômenos.

Enquanto esculpo meu caminho, o caminhar me modela. Ser no mundo é saber-se em construção e contemplar a dinâmica dos lugares vindo a ser aquilo que dele fazemos.

Viver numa grande cidade, como São Paulo, é uma experiência de desenraizamento constante. A cidade se refaz muito depressa, mais rápido do que o tempo do despedir-se de lugares e relações com as quais nos identificamos. Os outros ao nosso redor são tantos, que não há tempo nem alma suficiente para cultivar interesse por todos, o bairro se remodela em função de um novo empreendimento ou rearranjo viário e, quando recobramos a consciência, o que era sólido, se fluidificou no tempo. Parece não ser possível se enrijecer numa cidade tão dinâmica! Entretanto, a falta de contato verdadeiro, a desterritorialização passa a representar verdadeiros interditos de humanização. O cultivo de uma vida interior, de onde floresçam jardins mais seguros passa a despontar como necessidade de premência crescente.

As nossas paisagens interiores, cultivadas ao longo dos lugares e dos tempos, podem revelar as nossas velas e ancoras. Cenários e pessoas que por ela passeiam, quando revisitados com intencionalidade, podem nos revelar seguros passos para caminhar. No fundo, o caminhar interior, em medidas individuais, é reflexo singular dos percursos que realizamos no mundo. Revisitar essas paisagens interiores é uma liberdade que podemos conquistar e da qual podemos haurir forças de reconhecer-se no vir a ser que nos transforma.

Quando nasceram nossos ideias de vida? Em que idade e lugar tomamos as nossas decisões mais estruturantes, como carreira ou família? Quais bosques dessas nossas paisagens interiores seguem alimentando essas escolhas do passado? Quais atividades seguem presenteando nossas paisagens interiores? Deste mundo em que sou um construtor ativo, meus ideais mais caros estão sendo mobilizados e postos em prática ou estão aguardando bom tempo?
Vivemos viradas de tempos e renascemos para nosso próprio caminhar. Em diferentes escalas de intensidade, essas são situações que se repetem nas nossas vidas. Apesar das turbulências, reconhecer as transições é inevitável. Por vezes reconhecemos os sintomas dessas viradas, que se enunciam em sinais mais evidentes e, noutras, somos surpreendidos por rupturas que nos demandam maior coragem e força.

Vamos sendo enquanto caminhamos. Pelas veredas que transcorremos, nosso eu vai se tecendo como escultor. Nesses momentos de virada, um âmbito superior da existência pode apresentar, tal como um esteio sutil, direções a seguir. Em lampejos de clareza, ou insight, uma escala superior de nós mesmos se revela.

Estar atento a esses lampejos pode nos alçar a outros patamares desse caminhar. O autoconhecimento e o reconhecimento do mundo ambiente se entretecem como unidade. O eu sou se realiza no contexto que construímos e pelos quais somos transformados. Eu e o mundo nos interdeterminamos.

O caminhar no mundo, nos afazeres corriqueiros ou nas grandes realizações, quando preenchidos por intencionalidade consciente e por liberdade diante de dogmas religiosos, de rígidos trilhos científicos ou de paixões ideológicas, espiritualiza as pegadas que ficam, passo a passo, marcadas no mundo. Nos deparar com outras pegadas, tal como obra de arte cocriada entre a humanidade e os demais elementos da natureza, a que passamos chamar de paisagem, nos inspira e desperta para os milagres dessa grande lemniscata. Passado e futuro, paisagens interiores e exteriores, destino e liberdade são dualidades que se manifestam como unidade fenomênica, quando nos dedicamos a esse caminho de autoconhecimento.

Caminhar em liberdade, cultivando as paisagens interiores, espiritualizando os portos em que dedicamos vida em obras. Aprender a transpor o torpor do conforto, do enraizamento, da paralisia dos hábitos, para viver o novo. Não furtar-se, entretanto, de estar pleno em cada fazer, em cada estar, pela eminencia da transitoriedade do tempo/espaço, vivendo no sonho do tempo propício, do lugar ideal. O apelo da vida nunca tem fim.


 Leandro Evangelista Martins

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A transformação do sentir dos 7 ao 14 anos


          Com a chegada dos 7 anos e a troca dos dentes a criança entra numa nova fase da vida. As forças que trabalharam muito no corpo da criança pequena agora se colocam à disposição do pensar. A criança está mais ágil nos movimentos, perdeu aquele tronco roliço da criança pequena e agora está aberta a um novo mundo, cheio de expectativa pelo que virá. A criança, que até agora aprendia sobre o mundo pela imitação, vai aos poucos deixando essa qualidade e ganhando outra conotação, a de representação pictórica, a de reflexão e associação das percepções. A atividade interior é intensa e extremamente rica, onde as imagens atuam criando o que chamamos de fantasia, imaginação.
          A criança dos 7 anos se interessa pelo mundo, pelo que contam a ela, em especial pelas imagens conceituais, pelas belas histórias. O papel dos contos de fadas é de suma importância nesse primeiro período. A criança ganha também a qualidade de saber recontar o que ouviu. A criança agora está apta para a aprendizagem formal, conhecer o mundo da escrita e da leitura, dos números. Podemos dizer que esse período dos 7 aos 9 anos forma um bloco, uma unidade, em que a criança tem muita vontade de fazer, respeita o professor, que goza de autoridade ilimitada. Esse caminho deve ser suave, adequado ao pensar que está em pleno desenvolvimento. A memória passa a ser treinada também. Assim, aos poucos, a criança vai se desligando da vida infantil, e ao passar por uma metamorfose no âmbito dos sentimentos vai experenciar agora um novo âmbito, que ao redor dos 9 anos vai ficar aparente.
Podemos, ainda, pensar na criança da fase dos 9 aos 12 anos, quando nova transformação ocorre na criança para com o mundo. Agora aquele mundo dos 3 primeiros anos escolares lhe parece infantil demais e aparece a crítica. Chamamos de rubicão, a fase que a criança dos 9 anos experiencia. Ela sai daquele “paraíso” infantil e através da objetivação de seu pensar, vivencia a solidão, o medo, a relação com a morte, como um problema. Novas sensações chegam e com ela um pensar crítico. Há também um agudo senso de observação. Ela se vê fora do mundo e não mais una com ele, como era até então. É nessa fase a vivência da natureza, seu maior aliado e “alimento”. A criança tem um olhar aberto para a natureza e assim se satisfaz imensamente quando contamos a ela coisas sobre esse ambiente. O caminho da história da humanidade, os primeiros povos, seus mitos de origem também encantam e trazem um efeito sanador a todos esses conflitos internos. Isso vai se acalmando aos poucos e se transformando no decorrer dos próximos anos.
No período dos 12 aos 14 anos, que chamamos de pré-puberdade, vivenciará nova transformação do seu ser, em que a forma de se relacionar com o mundo se modifica novamente, parece que toda aquela vontade que antes identificávamos nela agora se direciona a pontos específicos de seu interesse, em especial o interesse de conquistar o mundo. Junto com esse sentimento, muitas vezes percebemos uma maior agressividade, em especial nos meninos, que mostram prazer em brincar de agressão. O que importa é vivenciar a vontade, o impulso. Também os meninos formam grupos, se separam das meninas e tendem a desprezá-las nessa idade. Elas também formam grupinhos, porém a ânsia de conquistar o mundo para elas acontece de forma mais interior, com sonhos. Elas começam seu desenvolvimento fisiológico mais cedo, crescem, e suas forças parecem ser absorvidas pela maturação corporal, o que traz uma diminuição de seu desempenho objetivo e mostram-se cansadas mais facilmente. A chegada da menarca faz a vitalidade parecer retornar, assim como as situações de intempestividade dos ânimos se acalma novamente. Enquanto a menina experimenta a diminuição de sua energia, o menino explode em vitalidade, parecendo precisar se livrar do excesso de forças, seja em atividades planejadas, seja em atrevimento. Este menino é mais realista em sua visão com o mundo, quer conhecê-lo com as mãos.
Podemos concluir assim que, durante este segundo setênio, a criança passou por uma transformação do pensar, sentir e querer dentro do âmbito fechado da própria personalidade. Ao adentrar a puberdade, no que chamamos de terceiro setênio, o jovem, que passará por um turbilhão de transformações no âmbito da corporalidade, da maturação sexual e dos sentimentos, iniciará um sutil processo de desenvolvimento social da alma, quando o adolescente precisará posicionar-se no mundo e atuar nele ativamente, através de seu próprio interior.

                    Carla Guedes
                    Professora de classe da EWFA

                    Psicopedagoga e terapeuta de Extra Lesson

Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

Escola Waldorf Franscisco de Assis (11) 22310152 (11) 22317276 www.facebook.com/EscolaWaldorfFransciscoDeAssis

Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta (PMPSSV)

Casa da Antroposofia ZN Rua Guajurus, 222 Jardim São Paulo (11) 35699600