No 1º setênio, de 0 a 7 anos, a criança ainda
é puro produto da sua hereditariedade.
Ao dar entrada no 2º setênio a partir dos 7
anos, com a troca dos dentes de leite, corta-se o cordão umbilical com a mãe,
iniciando de forma mais profunda a encarnação e a individuação do corpo vital.
Se antes o nascer era do corpo físico, nessa
fase o que nasce é o corpo emotivo.
É a fase do desenvolvimento do sentir. O foco
está no amadurecimento do sistema rítmico, pulmão e coração.
Inicia-se o despertar para o mundo.
A criança não é mais só esponja que absorve e
inspira o mundo. Agora ela também expira no mundo a partir do seu mundo interno.
A característica desse setênio é a troca.
Há forças entrando e saindo há todo momento. Inicia-se
uma troca entre mundo interno e mundo externo.
A relação eu e você, você e eu, começa a se
formar.
A criança passa do lugar mais quentinho e
protegido que é a sua casa e a relação com os pais, para experimentar novos
espaços e relações na escola com o professor e com os amigos.
Ao ir mais para fora, a criança também passa
a enxergar as incoerências e contradições da sua família e do mundo, se
deparando com confrontações e desafios.
No seu processo de individuação e formação do
seu mundo interior, começa a formar o seu temperamento e incorporar
condicionamentos.
É nessa fase que cristalizamos nossas
crenças, as verdades nas quais passamos a acreditar que vão formar a lente pela
qual enxergamos o mundo.
A partir das nossas trocas, do que passamos a
escutar e experienciar, vamos formando verdades como o que é ser homem e mulher
e como cada um deve se comportar, por exemplo, “meninos não choram” e “meninas
devem saber cuidar”.
Essas crenças e os condicionamentos passam a
ficar incorporados no nosso corpo vital, que é o corpo da nossa memória,
tornando-se difícil posteriormente a transformação dos mesmos.
Quando a criança é criada de forma mais
rígida nesse período ela pode passar a só inspirar e ter mais dificuldade para
expirar, tornando-se uma criança mais introspectiva.
E no lado oposto, quando não há limites, só
expira e não inspira, a criança poderá se tornar um adulto muito extrovertido,
para fora, e com dificuldades para estar mais para dentro, se perceber e
perceber o outro.
Este setênio é fundamental para o
desenvolvimento psíquico posterior dos 21 a 42 anos, para a formação da nossa
saúde emocional.
É importante estimular a criança a viver a
beleza do mundo, acordar o seu pensar de forma imaginativa e a desenvolver sua
apreciação.
É importante que também haja ritmo e momento
para interioridade e exterioridade.
É importante que haja espaço para uma troca
saudável entre o mundo interno e externo.
Que os pais e as outras autoridades amadas,
como os professores, possam criar um campo cuidadoso para experimentação, sendo
facilitadores desse processo de troca.
Que a criança possa ser respeitada em sua
individualidade, como no seu temperamento, e que crenças mais expansivas possam
ser desenvolvidas, permitindo diversas formas de ser e estar.
Marcela
Lempé Madruga
Psicóloga,
Coach e Facilitadora de Processos de Desenvolvimento Humano Apaixonada por
autoconhecimento e experiências que ampliem a consciência
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