Somos todos um
"Levar o amor a sério sustentá-lo e
aprender a amar como tarefa, isto é o que as pessoas precisam"
Rainer Maria Rilke
Dei-me conta que bem
hoje, é dia de Pentecostes e meus pensamentos se demoraram nisso! Talvez
pudesse significar algo, para mim e para o tema consciência. Como é valoroso
quando as coisas chegam por si, com calma!
Estamos vivendo um momento que a própria Terra
exaure-se em esgotamento. No entanto, não muremos nosso olhar em reconhecer sua
resplandecente beleza, inerente a sua própria natureza. A Terra dialoga
vigorosamente com a consciência do homem, que ainda adentra em tantas guerras e
mentiras. Este clamor trata-se da forma de nosso subsistir. Estamos a viver e a
morrer em tantas faixas de Gaza, sucumbindo, assim como a própria natureza,
pois somos faces do mesmo mundo.
O clamor se estende a tudo, como construímos relações
sociais, individual, ou de grupo, onde tudo se mostra, de como nos nutrimos em
tantos âmbitos, principalmente as crianças cada dia mais precoces e como
lidamos com o conhecimento.
Rudolf Steiner, filósofo e fundador da antroposofia,
com seu olhar humanizado, aponta o desafio da ciência, arte e religião em se
reconciliarem.
A forma que caminhamos no nosso desenvolvimento ceifou
o próprio conhecimento, este que deveria ser vitalizador como à água, hoje está
envolto
a esterilidade, que reflete seu pensar morto e
intelectualizado, causando doenças, fragilidades e segregações. .
Somos protagonistas da história de nossa biografia. Ter
esta consciência é avassalador e também bonito, e nos remete a origem de tudo.
Há um poema de Cecília Meireles que no traz belamente esta compreensão e nos
serve como meditação:
Cânticos
“Não digas. Este que me deu corpo é meu Pai.
Esta que me deu corpo é minha Mãe.
Muito mais teu Pai e tua Mãe são os que te fizeram
Em espírito.
E esses foram sem número.
Sem nome.
De todos os tempos.
Deixaram o rastro pelos caminhos de hoje.
Todos os que já viveram.
E andam fazendo-te dia a dia
Os de hoje, os de amanhã.
E os homens, e as coisas todas silenciosas.
A tua extensão prolonga se em todos os sentidos.
O teu mundo não tem pólos
E tu és o próprio mundo”
A poesia nos traduz, tudo é uma grande teia que flui,
no fluxo da existência, de lei única, espiritual, traduzida em nosso corpo e de
que somos todos 1, o maior dos números. Guardemos a imagem poética, num
relicário!
Muitas vezes
precisamos recorrer a elas.
Outra imagem guardada, foi uma palestra do físico
Arthur Zajonc, logo no início me chamou a atenção o trecho de uma carta de Rainer
Maria Rilke, cuja frase escolhi também para abertura, que se fala em
"levar o amor a sério". Zajonc fazia uma analogia com a visão de
Goethe: “Em toda a parte nós só aprendemos de quem amamos”. A palestra
refere-se a relação da cognição e afeição, do amor e o conhecimento, que nós
seres humanos, ficamos entregues, abertos, receptivos e só aprendemos com
aqueles que amamos, de que isto chega com amor na alma e no cognitivo quando
somos guiados por tamanha amorosidade. Isso me fez compreender por quais caminhos
perpassam o conhecimento, e de que o amor verdadeiro realmente pode curar e
modificar o outro. Isto também era dito ali, na afeição verdadeira, somos
capazes de descortinar e fazer com que o outro veja o mundo de outra forma.

Assim vai consolidando-se uma nova ética, que se
espelha, com a força e o colorido de cada individualidade e vamos compondo uma
ciranda coletiva, onde se pode chegar à consciência e liberdade. Engatinhamos,
neste aprendizado de (SERMOS HUMANOS).
A consciência goteja aos poucos desde nosso nascimento
e vai marcando em especial, fases de nossas vidas. Falar da voz da consciência
em nós, é falar da voz do coração, é o sentir, agir, o pensar do coração, falta
demasiado tempo para tudo isso, mas podemos com humildade caminhar para este
encontro em que se perceba que algo novo entrou em nós, e nos apossamos disso
com propriedade.
O que importa, é que temos a tarefa, que será fruto de
um grandioso esforço individual. Estar desperto para este esforço é o que
importa agora, para que se torne também um vigor coletivo de novas atitudes,
coragem e confiança.
Quem saberá ao certo explicar o que é este poder do
espírito a penetrar em nós? Este banhar-se pela consciência neste fogo divino
de Deus?
Ângela Oliveira