Este é um tema que me acompanha há muito tempo.
Se olharmos pelo olhar da Antroposofia, está no fluxo
investirmos no Ter nos nossos
primeiros setênios.
Começamos na busca de aquisição de novas habilidades, do
fazer. Um bebê já nasce sabendo sugar e vai aprimorando essa habilidade pra
conseguir se alimentar através da amamentação, mas ainda não sabe que é um Ser separado de sua mãe e que tem
emoções e pensamentos próprios.
Nos dois setênios iniciais (0 a 14 anos) a energia está
muito concentrada no nascer físico e emocional.
É no 3º setênio (14 a 21 anos) que começa o nascer da
identidade, quando começamos a nos questionar sobre quem somos. Mas esse
questionamento e reflexão ainda é muito inicial. O nosso corpo físico ainda
grita na adolescência. E será nos setênios seguintes, principalmente a partir
dos 30 anos, que essa voz que questiona quem é esse Ser e o que viemos fazer aqui nesse mundo, começa a ganhar mais
espaço.
Na nossa cultura ocidental e capitalista a voz do Ter grita mais alto.
Precisamos Ter
uma profissão, um bom salário, um apartamento, um carro, um casamento,
filhos...uma lista que não tem fim para que alguém possa se considerar “bem
sucedido” na vida.
Enquanto isso, a voz do Ser encontra-se silenciada muitas vezes, e perguntas como: Como
estou me sentindo? Me sinto integrado nas minhas vivências? Sinto que trago a
minha luz para o mundo, no meu fazer e nas minhas relações? Me sinto bem, em
paz e livre? Sinto que posso ser quem eu quero ser nos ambientes e nas relações
que estou?
Esse Ser muitas
vezes aparece adoecido, mas escondido atrás de um Ter que é considerado “bem sucedido”, que são os indicadores de
sucesso da nossa sociedade.
O Ser se
desenvolve através do Ter e estamos
encarnados aqui nesse mundo exatamente para isso, para desenvolver a nossa alma
integrada ao que fazemos aqui. A ideia não é se isolar em um Ashram para desenvolver o nosso Ser. É desenvolver no aqui e agora, nos
desafios que a vida terrena nos traz.
Então, sim, devemos investir no nosso Ter, em adquirir novas habilidades e
competências, uma profissão, uma sustentação financeira, bens que possam trazer
as comodidades necessárias, mas lembrar que ele não é o fim, mas o meio para o Ser. E são as perguntas e busca do Ser que devem ser mestres nas nossas
vidas.
Com o trabalho de psicoterapia e coaching de propósito de
vida, tenho trazido esse olhar para as pessoas, o resgate da essência perdida,
da criança ferida e do adulto adoecido que hoje não sabe mais quem é, que
muitas vezes se encontra dependente do Ter
e de emoções não saudáveis.
Nunca é tarde para fazer esse resgate. Vejo muitas
pessoas com seus 30 anos já se questionando e nessa busca, como também vejo nos
40, 50 ou 60 anos.
Sempre é hora de dar voz a esse Ser que muitas vezes foi silenciado pelas expectativas de fora, de
indicadores de sucesso que não estavam conectados com a sua essência, mas com
padrões impostos pela nossa sociedade e cultura.
Muitas vezes pode parecer que é nadar contra a maré, e é
mesmo, porque não é o que é esperado e incentivado nos ambientes e relações.
Mas é o que faz valer a vida.
Você já parou para fazer essa reflexão: Se eu pudesse me
ver chegando aos últimos dias da minha vida e fosse olhar para a minha jornada
aqui na Terra, o que eu gostaria de ver nesse momento? Quais são as pegadas que
eu gostaria de ter deixado para trás? Como gostaria de ser visto, reconhecido e
lembrado pelas pessoas?
Essas perguntas podem te ajudar a chegar mais perto do
que o seu Ser quer te dizer e fazer
nesse mundo.
“Cuide
do jardim e as borboletas virão até você”
Mario
Quintana
Marcela
Lempé Madruga
Psicóloga
e Coach
Facilitadora
do desenvolvimento humano, apaixonada por autoconhecimento e experiências que
ampliem a consciência. Mais sobre mim: www.essenciadesenvolvimento.com.br
/ https://medium.com/@marcelalempe
Nenhum comentário:
Postar um comentário