quinta-feira, 21 de março de 2019

Ter ou Ser


Este é um tema que me acompanha há muito tempo.
Se olharmos pelo olhar da Antroposofia, está no fluxo investirmos no Ter nos nossos primeiros setênios.
Começamos na busca de aquisição de novas habilidades, do fazer. Um bebê já nasce sabendo sugar e vai aprimorando essa habilidade pra conseguir se alimentar através da amamentação, mas ainda não sabe que é um Ser separado de sua mãe e que tem emoções e pensamentos próprios.
Nos dois setênios iniciais (0 a 14 anos) a energia está muito concentrada no nascer físico e emocional.
É no 3º setênio (14 a 21 anos) que começa o nascer da identidade, quando começamos a nos questionar sobre quem somos. Mas esse questionamento e reflexão ainda é muito inicial. O nosso corpo físico ainda grita na adolescência. E será nos setênios seguintes, principalmente a partir dos 30 anos, que essa voz que questiona quem é esse Ser e o que viemos fazer aqui nesse mundo, começa a ganhar mais espaço.
Na nossa cultura ocidental e capitalista a voz do Ter grita mais alto.
Precisamos Ter uma profissão, um bom salário, um apartamento, um carro, um casamento, filhos...uma lista que não tem fim para que alguém possa se considerar “bem sucedido” na vida.
Enquanto isso, a voz do Ser encontra-se silenciada muitas vezes, e perguntas como: Como estou me sentindo? Me sinto integrado nas minhas vivências? Sinto que trago a minha luz para o mundo, no meu fazer e nas minhas relações? Me sinto bem, em paz e livre? Sinto que posso ser quem eu quero ser nos ambientes e nas relações que estou?
Esse Ser muitas vezes aparece adoecido, mas escondido atrás de um Ter que é considerado “bem sucedido”, que são os indicadores de sucesso da nossa sociedade.
O Ser se desenvolve através do Ter e estamos encarnados aqui nesse mundo exatamente para isso, para desenvolver a nossa alma integrada ao que fazemos aqui. A ideia não é se isolar em um Ashram para desenvolver o nosso Ser. É desenvolver no aqui e agora, nos desafios que a vida terrena nos traz.
Então, sim, devemos investir no nosso Ter, em adquirir novas habilidades e competências, uma profissão, uma sustentação financeira, bens que possam trazer as comodidades necessárias, mas lembrar que ele não é o fim, mas o meio para o Ser. E são as perguntas e busca do Ser que devem ser mestres nas nossas vidas.
Com o trabalho de psicoterapia e coaching de propósito de vida, tenho trazido esse olhar para as pessoas, o resgate da essência perdida, da criança ferida e do adulto adoecido que hoje não sabe mais quem é, que muitas vezes se encontra dependente do Ter e de emoções não saudáveis.
Nunca é tarde para fazer esse resgate. Vejo muitas pessoas com seus 30 anos já se questionando e nessa busca, como também vejo nos 40, 50 ou 60 anos.
Sempre é hora de dar voz a esse Ser que muitas vezes foi silenciado pelas expectativas de fora, de indicadores de sucesso que não estavam conectados com a sua essência, mas com padrões impostos pela nossa sociedade e cultura.
Muitas vezes pode parecer que é nadar contra a maré, e é mesmo, porque não é o que é esperado e incentivado nos ambientes e relações. Mas é o que faz valer a vida.
Você já parou para fazer essa reflexão: Se eu pudesse me ver chegando aos últimos dias da minha vida e fosse olhar para a minha jornada aqui na Terra, o que eu gostaria de ver nesse momento? Quais são as pegadas que eu gostaria de ter deixado para trás? Como gostaria de ser visto, reconhecido e lembrado pelas pessoas?
Essas perguntas podem te ajudar a chegar mais perto do que o seu Ser quer te dizer e fazer nesse mundo.
“Cuide do jardim e as borboletas virão até você”
Mario Quintana
Marcela Lempé Madruga
Psicóloga e Coach

Facilitadora do desenvolvimento humano, apaixonada por autoconhecimento e experiências que ampliem a consciência. Mais sobre mim: www.essenciadesenvolvimento.com.br / https://medium.com/@marcelalempe

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