quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A criança no Segundo Setênio


O segundo setênio da criança se inicia por volta dos 7 anos e se finda por volta dos 14 anos, é também  chamada a fase escolar da criança, nesta fase com a troca da dentição a criança tem seu corpo físico totalmente  individualizado,  amadurecem os órgãos, principalmente os do sistema rítmico, o coração e pulmão e nasce  o seu corpo etérico ou vital, proporcionando vitalidade própria, se emancipando do corpo etérico  da mãe e da sua vitalidade  no primeiro setênio.
 É um momento em que a criança passa por um processo de crescimento e desenvolvimento através da força da sua individualidade que encarnou, esta força atua até os 20 anos.
Neste setênio a criança aprende a ler o mundo, desenvolve a fala correta para poder conversar e assim se expressar na vida social.
Temos o desenvolvimento do sentir, a criança passa somente a fazer o que gosta o que motiva seus sentimentos. Podemos dizer também, que nascem as forças de simpatia e antipatia, assim a criança passa a julgar tudo a sua volta a partir destas forças, nasce um grande senso de justiça, despertando assim uma consciência moral, isso é importante para o desenvolvimento da avaliação do que é bom ou ruim, bonito ou feio. A partir das considerações expostas, os pais e educadores tem a tarefa de educar o sentimento, ensinar a criança discernir entre o bem e o mal.
A educação do sentimento deve ser desenvolvida a partir da estimulação de atividades artísticas de qualquer tipo, movimento, música, fala, canto, pintura, modelagem e trabalhos manuais, mas, não só em atividades dadas para a criança trabalhar, a observação de obras de arte de grandes mestres e  a contemplação da natureza, como o por do sol, ou nascer do sol, a vista do topo de uma montanha,  também cumprem o propósito de desenvolver o sentimento positivo a partir do olhar o belo no mundo.
Os professores devem pedir para as crianças lerem em voz alta textos e poesias, a fim de que a criança nesta fase desenvolva também a fala correta, e não deve apenas se fixar nos livros didáticos, pode usar assuntos atuais para estabelecer relações com as vivências dos alunos e tornando-se para eles uma “autoridade querida”, nesta fase de desenvolvimento da educação dos sentimentos, a criança tem que estabelecer uma relação de confiança e um ponto de referência firme com seus educadores, isso se refletirá na fase adulta a melhor expressão do seu EU, e também uma confiança em si mesmo.
Também é importante colocar a criança para executar tarefas domésticas, pois é muito importante desenvolver o sentimento da responsabilidade, a execução de trabalho em equipe e o senso de pertencimento na família, a criança  aprende a valorizar estas tarefas, mesmo quando executadas por outras pessoas, os pais que permitem essas atividades para seus filhos nesta fase os estão preparando para as atividades mais complexas que serão exigidas na idade adulta.
Muito importante salientar um ponto de transição que existe neste setênio denominado por Rudolf Steiner como “rubicão do desenvolvimento infantil”.
Mas como se dá essa transição?
Entre oito e dez anos, a criança deixa sua infância, seu mundo de fantasia, para trás, a partir de agora ela encarna no próprio corpo, passa a ser mais séria e voltada para seus próprios pensamentos, e percebe que tem um destino a cumprir nesta encarnação. A criança tem que decidir se avança em direção ao seu crescimento e cumprimento da meta encarnatória, ou fica presa na sua infância, portanto os pais e educadores tem a tarefa de mostrar confiança e segurança em suas vidas, para poder dar a ela o suporte necessário para  avançar  em seu desenvolvimento.
Observar também nesta idade com que brinquedos e brincadeiras a criança gosta mais de brincar, esta observação pode mostrar aos pais qual o talento da criança, e mais tarde pode ser a profissão que será futuramente escolhida. Por exemplo: a criança gosta de brincar de escolinha, dar aulas, ou para os irmãos menores ou para os amigos, ela monta a sala de aula, escreve na lousa de brinquedo, assim na fase posterior, que é a do terceiro setênio, ou da juventude, muito provavelmente este jovem escolherá seguir a carreira de professor.
Assim, a partir de um desenvolvimento saudável no âmbito do sentir, a criança estará mais preparada para a próxima fase, que é a do desenvolvimento no âmbito do querer, no terceiro setênio, com o nascimento do corpo astral.
Citando o Mestre Goethe “Não devemos moldar os filhos de acordo com nossos sentimentos; devemos tê-los e amá-los do modo como nos foram dados por Deus”. Portanto, à criança do segundo setênio deve ser dado um único sentido que o mundo é belo.”

Rita Paula Wey Nunes da Costa

Bibliografia:

Lievegoed,Bernard in “ Fases da Vida”, Steiner, Rudolf in “Curso de Pedagogia Curativa”, Goebel,WolfgangGlöckler,Michaela in “Consultório Pediátrico” e Gudrun Burkhard in “Tomar a Vida nas Próprias Mãos”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

Escola Waldorf Franscisco de Assis (11) 22310152 (11) 22317276 www.facebook.com/EscolaWaldorfFransciscoDeAssis

Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta (PMPSSV)

Casa da Antroposofia ZN Rua Guajurus, 222 Jardim São Paulo (11) 35699600