quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A CRIANÇA DO SEGUNDO SETÊNIO



 O segundo setênio corresponde ao segundo período de sete anos da vida do ser humano, que vai dos 07 aos 14 anos.
Ao nascer o bebê se separa do corpo físico da mãe, mas ainda se mantém ligado ao corpo vital ou etérico dela. Por volta dos 07 anos, ocorre o evento da expulsão dos dentes de leite e também, em um nível mais sutil, a separação agora do corpo vital ou etérico de sua mãe.
É o setênio em que vai desabrochar e amadurecer o Corpo Etérico individual da criança. É agora que hábitos e costumes se formarão, sendo inscritos em seu próprio Corpo Etérico. Então, Ritmo é a palavra mais importante para a criança agora.
Se no primeiro setênio a percepção do bebê sobre o mundo é que ele é bom, agora a criança dos 07 anos começa a perceber a beleza do mundo. Esta é a tônica deste período.
A encarnação se aprofunda um pouco mais e começa a aparecer o Temperamento predominante que a criança carregará por toda a sua vida, que está ligado ao Corpo Etérico dela. Nesta fase ocorre o amadurecimento dos órgãos rítmicos - coração e pulmões. Podemos chamar este setênio, portanto, de época da troca, entre o que entra com a inspiração (vivência de interioridade) e o que sai com a expiração (vivência no mundo externo).
Agora aquela criança do primeiro setênio que estava dentro de casa, com a família, alcança o mundo social - sua escola. E, no lugar da mãe, entra seu professor. Portanto, a vida social passa a ter muito mais importância do que no setênio anterior.
Uma transformação importante acontece neste setênio – o PENSAR começa a ser mais imaginativo e o SENTIR se interessa agora pela atividade artística e pela religiosidade existente no mundo, na natureza.
Como a criança deste período ainda não é um ser completamente individualizado, nesta fase ela anseia por encontrar pessoas com as quais sente afinidade anímico-espiritual. Seu Corpo Etérico ainda não está bem plasmado e seu Corpo Astral ainda está envolvido e não se manifesta plenamente. Ela busca no grupo informações para suprir seu organismo intelectual que ainda não se desenvolveu, sensibilidades para incorporar através da arte e de seus sentidos, que anda estão engatinhando.
Portanto, agora temos uma janela de oportunidades de nutrir a alma da criança com beleza, boas imagens, esperança, informações sensoriais sensíveis, amizade, confiança, bons exemplos, justiça. Tudo que a criança incorporar nesta fase ficará inscrito em seu Corpo Etérico, o corpo da memória.
Assim como até os sete anos de idade a criança deve ter bons exemplos físicos para serem imitados, agora seu ambiente deve conter tudo o que possa orientá-lo por seu valor intrínseco e seu sentido. Daí a importância, para a criança desta fase de ter à sua volta mestres e personalidade cuja maneira de ver e julgar o mundo possam despertar nele as forças intelectuais e morais desejáveis.
Palavras mágicas para a educação no segundo setênio: aspiração a ideias e autoridade. A autoridade natural, não imposta, deve constituir a evidência espiritual imediata para que a criança deste setênio forme consciência, hábitos e inclinações e discipline seu temperamento, com cujos olhos ele observa o mundo. Valem principalmente para essa idade as belas palavras do poeta: “Cada um deve escolher o herói a quem pretende imitar em sua ascensão ao Olimpo”.
Veneração e respeito são forças que devem fazer crescer o corpo etérico de maneira sadia. Quando falta essa veneração, as forças vivas deste corpo se atrofiam. Imaginemos a seguinte cena e o efeito produzido por ela sobre um menino de, digamos, oito anos de idade. Alguém lhe conta algo a respeito de uma pessoa particularmente venerável. Tudo o que ele ouve lhe incute um temor quase sagrado. Aproxima-se o dia em que ele deve ter o primeiro encontro com essa pessoa. Ao pressionar a maçaneta da porta atrás da qual deverá aparecer o ser venerável, um tremor de respeito o invade. Os belos sentimentos gerados por semelhante experiência permanecerão entre as reminiscências mais duradouras da vida. Feliz é a criança que pode elevar seu olhar para seus mestres e educadores como autoridades naturais, e isso não apenas em alguns momentos excepcionais, mas durante toda a juventude!


Anahi Noppeney

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A criança no Segundo Setênio


O segundo setênio da criança se inicia por volta dos 7 anos e se finda por volta dos 14 anos, é também  chamada a fase escolar da criança, nesta fase com a troca da dentição a criança tem seu corpo físico totalmente  individualizado,  amadurecem os órgãos, principalmente os do sistema rítmico, o coração e pulmão e nasce  o seu corpo etérico ou vital, proporcionando vitalidade própria, se emancipando do corpo etérico  da mãe e da sua vitalidade  no primeiro setênio.
 É um momento em que a criança passa por um processo de crescimento e desenvolvimento através da força da sua individualidade que encarnou, esta força atua até os 20 anos.
Neste setênio a criança aprende a ler o mundo, desenvolve a fala correta para poder conversar e assim se expressar na vida social.
Temos o desenvolvimento do sentir, a criança passa somente a fazer o que gosta o que motiva seus sentimentos. Podemos dizer também, que nascem as forças de simpatia e antipatia, assim a criança passa a julgar tudo a sua volta a partir destas forças, nasce um grande senso de justiça, despertando assim uma consciência moral, isso é importante para o desenvolvimento da avaliação do que é bom ou ruim, bonito ou feio. A partir das considerações expostas, os pais e educadores tem a tarefa de educar o sentimento, ensinar a criança discernir entre o bem e o mal.
A educação do sentimento deve ser desenvolvida a partir da estimulação de atividades artísticas de qualquer tipo, movimento, música, fala, canto, pintura, modelagem e trabalhos manuais, mas, não só em atividades dadas para a criança trabalhar, a observação de obras de arte de grandes mestres e  a contemplação da natureza, como o por do sol, ou nascer do sol, a vista do topo de uma montanha,  também cumprem o propósito de desenvolver o sentimento positivo a partir do olhar o belo no mundo.
Os professores devem pedir para as crianças lerem em voz alta textos e poesias, a fim de que a criança nesta fase desenvolva também a fala correta, e não deve apenas se fixar nos livros didáticos, pode usar assuntos atuais para estabelecer relações com as vivências dos alunos e tornando-se para eles uma “autoridade querida”, nesta fase de desenvolvimento da educação dos sentimentos, a criança tem que estabelecer uma relação de confiança e um ponto de referência firme com seus educadores, isso se refletirá na fase adulta a melhor expressão do seu EU, e também uma confiança em si mesmo.
Também é importante colocar a criança para executar tarefas domésticas, pois é muito importante desenvolver o sentimento da responsabilidade, a execução de trabalho em equipe e o senso de pertencimento na família, a criança  aprende a valorizar estas tarefas, mesmo quando executadas por outras pessoas, os pais que permitem essas atividades para seus filhos nesta fase os estão preparando para as atividades mais complexas que serão exigidas na idade adulta.
Muito importante salientar um ponto de transição que existe neste setênio denominado por Rudolf Steiner como “rubicão do desenvolvimento infantil”.
Mas como se dá essa transição?
Entre oito e dez anos, a criança deixa sua infância, seu mundo de fantasia, para trás, a partir de agora ela encarna no próprio corpo, passa a ser mais séria e voltada para seus próprios pensamentos, e percebe que tem um destino a cumprir nesta encarnação. A criança tem que decidir se avança em direção ao seu crescimento e cumprimento da meta encarnatória, ou fica presa na sua infância, portanto os pais e educadores tem a tarefa de mostrar confiança e segurança em suas vidas, para poder dar a ela o suporte necessário para  avançar  em seu desenvolvimento.
Observar também nesta idade com que brinquedos e brincadeiras a criança gosta mais de brincar, esta observação pode mostrar aos pais qual o talento da criança, e mais tarde pode ser a profissão que será futuramente escolhida. Por exemplo: a criança gosta de brincar de escolinha, dar aulas, ou para os irmãos menores ou para os amigos, ela monta a sala de aula, escreve na lousa de brinquedo, assim na fase posterior, que é a do terceiro setênio, ou da juventude, muito provavelmente este jovem escolherá seguir a carreira de professor.
Assim, a partir de um desenvolvimento saudável no âmbito do sentir, a criança estará mais preparada para a próxima fase, que é a do desenvolvimento no âmbito do querer, no terceiro setênio, com o nascimento do corpo astral.
Citando o Mestre Goethe “Não devemos moldar os filhos de acordo com nossos sentimentos; devemos tê-los e amá-los do modo como nos foram dados por Deus”. Portanto, à criança do segundo setênio deve ser dado um único sentido que o mundo é belo.”

Rita Paula Wey Nunes da Costa

Bibliografia:

Lievegoed,Bernard in “ Fases da Vida”, Steiner, Rudolf in “Curso de Pedagogia Curativa”, Goebel,WolfgangGlöckler,Michaela in “Consultório Pediátrico” e Gudrun Burkhard in “Tomar a Vida nas Próprias Mãos”.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O DESPERTAR DOS SENTIMENTOS



Sete anos, queda dos dentes... marcam uma nova fase na vida da criança: começa o segundo setênio. Agora as emoções são o ponto alto na vida deste ser que pouco a pouco deixa a infância.
Nesta fase, dos sete aos catorze anos, ocorre um intenso desenvolvimento das qualidades do coração: sentimento, fantasia, emotividade... Tudo se desenvolve rapidamente. Inicialmente, o professor, o educador, mostram à criança as maravilhas do mundo que a cerca. Aos poucos ela irradia tudo o que vivenciou intensamente.
A pedagogia Waldorf sabiamente dedica este período não só ao conhecimento científico, mas também às artes, possibilitando ao aluno vivências de tudo aquilo que a humanidade descobriu e desenvolveu. Fazer este estudo traçando paralelos entre o Homem e os vários aspectos do mundo mineral, vegetal e animal permite entender e respeitar estes reinos como premissa da existência humana. Da mesma forma que a criança pode experimentar no primeiro setênio o seu corpo físico das mais diversas formas, agora ela pode experienciar o desenvolvimento da consciência humana através do estudo de diversas civilizações.
Duas grandes crises ocorrem durante este período. A primeira é a crise dos 9 anos quando a criança se percebe uma personalidade independente, quando deixa o mundo dos contos de fada. A segunda é na época da puberdade quando ocorre o despertar da sexualidade. Contar com o apoio do adulto que compreende as questões destes momentos possibilitará o equilíbrio, o desenvolvimento harmonioso e sadio da criança, do jovem.
A chave de ouro da educação durante o segundo setênio é o sentimento. Quem aprende a ver o lado belo da vida, quem aprende a respeitá-la, quem consegue admirar as pequenas maravilhas  do dia, torna-se mais consciente com a sociedade e com o ambiente em que vive, é mais otimista e mais feliz,  se envolve de corpo e alma em suas atividades retribuindo ao mundo com seu dom, com sua estética, com seus valores.


Elisabeth Koerrmandy

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Introdução à memória corporal



Nosso corpo é um instrumento de potencia incomparável. Sua complexa composição é até hoje explorada causando surpresas e expandindo nossa compreensão sobre cuidados com sua saúde.
Esse corpo, que vem sendo talhado desde as esferas espirituais, muito antes mesmo da nossa existência na Terra precisa de cuidados constantes.
Inicialmente mostra-se frágil, delicado, e aos poucos vai se fortalecendo e se tornando esse instrumento para o qual nossa existência se faz valiosa.
Higiene, alimentação, exercícios, sono são muito importantes para a manutenção dessa saúde. E além deles, há  elementos que necessariamente dependem de um outro ser, em um outro corpo: o vínculo, toque, amor.
Nossa existência logo ao nascermos depende desses fatores e são fundamentais para a manutenção da saúde desse ser que habita esse corpo. Através disso, vamos costurando nossa história. Afinal, 'não somos uma ilha', 'não nascemos de um pé de alface'. Precisamos uns dos outros para estabelecer nossa saúde e estimular nossa consciência.
E incrivelmente, nosso corpo guarda toda essa memória vivenciada em cada célula, como nos traduz em belas palavras, Clarissa Pínkola Estes, no livro, 'Mulheres que correm com os lobos':
O corpo é um ser multilíngüe. Ele fala através da cor e da temperatura, do rubor do reconhecimento, do brilho do amor, das cinzas da dor, do calor da excitação, da frieza da falta de convicção.
   Ele fala através do bailado ínfimo e constante, às vezes oscilante, às vezes agitado, às vezes trêmulo. 
Ele fala com o  salto do coração, a  queda  do ânimo
  
o vazio no centro
                 e com a esperança que cresceO corpo se lembra, os ossos se lembram, as articulações se lembram. Até mesmo o dedo mínimo se lembra. A memória se aloja em imagens e sensações nas próprias células. Como uma  esponja cheia de água, em qualquer lugar que a carne seja pressionada, torcida ou mesmo tocada com leveza, pode jorrar dali uma recordação.
        Limitar a beleza e o valor do corpo a qualquer coisa inferior a essa magnificência é forçar o corpo a viver sem seu espírito de direito, sem sua forma legítima, seu direito ao regozijo.'

Que cada um aprenda a cuidar das memórias que ele guarda, e expandir a beleza dessas vivências em consciência de si e do outro.

Olivia Gonzalez
Terapeuta corporal      

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Liame



Quem vem de lá? Quem vem de paradas longínquas que somente Deus sabe de onde? O fato é que vem caminhando lenta ou rapidamente até encontrar seu nicho. A terra o espera. Não sem antes passar pelo ar e pela água, já que sendo em si fogo busca assestar-se para a caminhada rumo ao início de tudo que terá seu momento de novamente ao fim, reiniciar-se.
O uroborus lhe guarda e lhe inspira um segredo: o início e o fim interligados!
Este corpo físico encerrado no âmbito material tem sua dinâmica centrada no transitório sendo sustentado nesta não perenidade dentro da vida terrena entre o nascimento e a morte. Forças formativas e de desgaste norteiam o caminho deste corpo do nascimento à morte. Se no nascimento as forças formativas são pujantes e determinam todo o processo de desenvolvimento, no extremo oposto, no envelhecimento, as forças de desgaste superam aquelas, levando o corpo físico ao fim. Assim, quando criança, praticamente inconsciente do corpo e do externo a ele, os processos formativos/regenerativos são predominantes. À medida que se envelhece e aflora-se cada vez mais a consciência segue se instalando a des-vitalização gradual até a sucumbência total do físico.
Contudo, todo este processo decorre e ocorre em função do pressuposto do desenvolver-se enquanto ser espiritual que se compõe ao ser material para que se aperfeiçoe neste curto e efêmero momento do eterno caminho da vida. A matéria prima deste objetivo maior é o haurir da liberdade de se ser único e no reconhecimento de si no Divino e do Divino em si ganhar asas para o grande voo.
Vir a ser, desenvolver, interagir, conhecer,  reconhecer, aprender, compreender, empreender, tornar-se senhor do seu tempo e espaço, por ora somente ocupado por si, para o indivíduo que vem chegando até num corpo físico, são conjugações que corroboram ao longo de sua vida na sua busca de liberdade.
Este corpo físico que talhado e esculpido pelas mãos de Deus, aplicado à consciência de quem decide ser Seu porta voz, os pais, cumpre seu trabalho junto a toda a hierarquia: dar-se como recipiente vivo e vivificado dentro de uma intrincada e complexa malha interativa e dinâmica. Aprender a respeitá-lo sob reverência é um dos compromissos assumidos por este indivíduo que chega.  
Neste fio de existência, num dado momento a consciência chancela a presença do Eu no corpo físico, este ser sagrado. Este fenômeno paradoxalmente é prenúncio da volta ao mundo espiritual. Germinará na terra juntamente, enquanto semente que é,  com o mundo mineral e todos os outros de que é composta, aquele nosso corpo que nos ajudou a nos conduzir numa destas enigmáticas viagens de idas e voltas.

Ana Maria Silva
Médica – Ginecologia - CRMSP 60182
Projeto Médico, Pedagógico e Social Sol Violeta
(Pautado nos Princípios da Antroposofia e Medicina Antroposófica)

Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

Escola Waldorf Franscisco de Assis (11) 22310152 (11) 22317276 www.facebook.com/EscolaWaldorfFransciscoDeAssis

Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta (PMPSSV)

Casa da Antroposofia ZN Rua Guajurus, 222 Jardim São Paulo (11) 35699600