Desejo iniciar estas reflexões, na sequência da brilhante
síntese apresentada pela estudiosa Rita Wey (vide artigo: A Criança no 1°
Setênio) de 21/06/18.
São muitas as forças não visíveis que atuam sobre a
individualidade do ser humano a partir (e mesmo antes) de seu nascimento. As
influências cármicas interferem na determinação da escolha da família terrena
na qual ela está encarnando, bem como o local (geográfico), a época do
nascimento, o sexo, o temperamento, a raça, os dons e tantos outros. Sempre é
útil lembrar que estas determinações cármicas referem-se às leis que garantem o
equilíbrio cósmico, e não, como popularmente pode se acreditar, como um
<castigo>. Esse novo ser terá de se confrontar gradativamente com as
provas necessárias para seu desenvolvimento: direcionamento e lapidação dos
impulsos, para fins de educação e, mais tarde, autoeducação.
Se ao nascer, o seu ninho for aconchegante (uma família
amorosa e acolhedora), o desenvolvimento saudável será favorecido. Porém,
alguns pais, na tentativa de promover esse aconchego, podem acabar exagerando
na dose: vão ‘acolchoando’ demais a vida do filho e, sem querer (ou por querer)
podem impedir que a criança conviva com frustrações necessárias e com
experiências desafiadoras que são INDISPENSÁVEIS para o desenvolvimento da
Vontade. Nestas situações, no aspecto psicológico da criança, pode se
desenvolver a preguiça, a acomodação ou a "tirania" (algumas das
manifestações do Sósia - ou sombra - no psiquismo humano). Mas, se durante os
primeiros sete anos também prevalecerem as forças de Saturno (que representa o
’Pai’), essa criança será incentivada sempre a seguir adiante, ultrapassando
obstáculos e dificuldades, desenvolvendo a coragem.
Cabe lembrar aqui, que especialmente nesse período, o
psiquismo infantil vive “mergulhado” na atmosfera do corpo astral de sua
própria mãe. Pode ser, por exemplo, que a criança verbalize, ou até somatize de
forma simbólica (sintomas físicos e/ou psicológicos) alguns sentimentos e
emoções da mãe. Por isso, quando o “ninho” é menos aconchegante ao nascer, a
criança pode expressar alguns conflitos emocionais presentes na mãe. Isto quer
dizer que a criança sente (ela capta) sentimentos, emoções e até alguns
conflitos maternos (como por exemplo, sua preferência por menino ou menina,
dúvidas sobre sua própria competência em educar um filho, dificuldade para
conciliar a carreira com a maternidade e a vida conjugal, entre outros).
Interessante será, que os familiares e educadores estejam
atentos para a curiosidade natural da criança: (é esperado, por exemplo, que o
bebê, durante o primeiro e segundo anos, faça “experiências” relativas à
Gravidade do planeta Terra, jogando objetos ao chão, repetidas vezes. Isto se
deve ao fato de que, na região cósmica de sua procedência espiritual, vigoravam
leis relativas a uma outra dimensão. Com a paciência e o bom humor dos adultos,
ela pode ir assimilando, tranquilamente, essas realidades deste mundo físico).
Outras características naturais que podemos acompanhar,
diz respeito às reações (popularmente chamadas) do “gênio” da criança. Denominamos,
na Antroposofia, de Temperamento (nomenclatura utilizada por Hipócrates na
Antiguidade). Embora esse repertório de reações seja mais definidamente
expresso no segundo setênio, já podemos notar, por exemplo, quando a criança,
durante esses anos, reage (preferencialmente), pacífica/passivamente. Pode
tratar-se de uma criança ‘ Fleumática’; ou mais contida e entristecida (Melancólica)
e assim por diante.
Interessante observarmos como a individualidade desse
novo Ser irá se expressando ao longo de sua existência. Muito útil será se
pudermos sempre proporcionar uma grande diversidade de materiais, instrumentos
musicais, por exemplo, para e expressão de talentos naturais (dons são
presentes da Vida).
Porém, é necessário relembrar que a sensibilidade e a
sintonia entre mãe e filho são muito mais importantes do que qualquer diploma
que a capacite. E que é natural que as mulheres vivam conflitos, dúvidas,
inseguranças, pois é no momento em que a criança nasce, que também nascem a Mãe
e o Pai.
Ivani Lasco Rotundo Simões
Psicóloga
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