'Parece que foi ontem que você nasceu... que ficava no meu colo', é o que dizemos quando percebemos que a criança cresceu.
Que momento é esse?
Não costumamos proferir essa frase, num tom saudoso, quando
nossa cria está com 3 ou 5 anos... isso costuma acontecer um pouco mais adiante
quando ela já atravessou o segundo portal e deixou a primeira infância para
trás.
O primeiro setênio, esse período entre o nascimento e os 7
anos, embora demande muito de cada mãe e pai, parece passar muito rápido,
talvez tão rápido quanto os batimentos cardíacos deles.
E haja coração para lidarmos com as primeiras perturbadoras
noites, com as cólicas, os sorrisos, a incansável repetição das brincadeiras,
da contação de histórias, o insistente movimento para se erguer e dar os
primeiros passos e, quando chegam as primeiras palavras e ouvimos 'mãe', 'pai', nosso coração
mergulha numa nova doçura e apropriação. Eles nos nomeiam. E então, o tempo
passa mais um pouco e eles se reconhecem 'EU'.
Nada tem mais força do que quando EU quero! Antes era o João ou a Maria que queria. Mas agora sou EU.
E nessa fronteira reveladora de si mesmo, quando o 'Eu'
chega e o 'Não' também, a criança vivencia uma crise profunda de auto reconhecimento.
A primeira crise existencial transborda e revela uma grande crise para os pais
e educadores ao redor também: Como lidar com essa criança agora? Que birra é
essa? Cadê aquela criança que aceitava as coisas com tranquilidade? são muitas
das perguntas que surgem nessa fase.
Ajustes são necessários e a mãe também precisa mudar de
lugar nesse relacionamento para que esse EU tenha seu espaço, sem no entanto, se esparramar demais.
Afinal, limites são necessários.
Como as contrações para o parto, o EU, essa fonte da
consciência espiritual, fonte da nossa essência, também começa a se manifestar em
contrações e expansões. E é necessário que algo o contenha. E esse 'algo' deve
ser o cuidador/cuidadora responsável por essa criança em atento e disposto auto
desenvolvimento.
A birra da criança é um movimento de busca de um novo lugar
e se a mãe/pai/cuidador não se posicionar, esse EU também não saberá muito bem
onde é o seu lugar. E, por incrível que pareça, é muito comum observar que
quando a mãe encontra seu novo lugar, a birra deixa de fazer sentido e cessa.
É fundamental que os pais/cuidadores se apropriem da sua
influência no bem estar da criança e cuidem mais de si mesmos e entre si para
gerar crianças mais satisfeitas e tranquilas. Isso contribui inclusive para um
relacionamento mais respeitoso na próximas fases.
A criança que se sente amparada e cuidada nesta época
carrega consigo a semente que possibilita cuidar de si, do outro e do entorno,
no futuro.
Ela merece isso. Afinal, tudo passa muito rápido!
Olivia Gonzalez
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