quinta-feira, 29 de março de 2018



A desafiante relação entre pais e filhos




“Você me diz que seus pais não te entendem
Mas você não entende seus pais


Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer”


Renato Russo
Pais e Filhos


A relação entre pais e filhos sempre encontra um terreno fértil quando tratamos de desafios. Não há pai, mãe, filho ou filha que  tenha deixado de enfrentar um, nessa íntima relação.
Na fase da infância, muito menos comum do que gostaríamos,  temos um ou outro evento marcante, mais ou menos significativo, envolvendo sentimentos de abandono, rejeição, abuso, descaso, agressão, … Na adolescência, quanto desentendimento! com que facilidade nos deparamos com a palavra ‘errada’ que causa desconfortos, estranhezas e afastamentos.
E tudo isso tão recheado de vontade de fazer dessa relação, uma das melhores!
Não é incomum, no papel de pai/mãe, educador, nos perguntarmos: ‘Onde foi que eu errei?!’  ou ‘Como vou lidar com isso?’. E no papel de filho/filha: ‘Ela não me entende!’ ou ‘Tudo tem que ser do jeito dele’.
Assim, vamos construindo nossa história nesse ambiente tão valioso.
Dizia o pai de uma amiga minha que “família só pode  ser uma organização espiritual para resistir e lidar com tudo isso!”
Pois é... uns mais outros menos, mas de braços dados com a vontade de fazer essa relação ser uma das melhores, somos convocados, por amor, à perdoar.


E a gente sempre encontra um desafio dessa qualidade, né?!


Aprender a perdoar faz a gente ver e rever uma situação. O que o outro fez, o que fiz para o outro fazer do jeito que fez, o que quero fazer, como quero me relacionar com o outro, como construir a paz no mundo a partir de pequenos gestos?! Como construir uma família unida e em paz?
São desses desafios que nos cutucam cada dia, nas miudezas, que nos desenvolvemos. São dos machucados desses desafios que queremos nos curar, que sentimos ser importante  nos desvencilhar para fazer nossa história mais feliz, não é mesmo?
Cada um tem um chamado, tem seu momento para fazer esse resgate da própria história mas, invariavelmente, quando nos tornamos pais e nos defrontamos com o ‘outro lado’ da relação consideramos o que pode ter levado nossos pais a fazerem o que fizeram ou como fizeram, e o que posso fazer para ser um pai/mãe/educador melhor ?
Parece que nesse momento nos damos conta mais do que nunca de que o machucado pode merecer perdão, porque mais do que nunca queremos fazer diferente, e queremos que nossos filhos sejam felizes e que tenham o melhor de nós, e o melhor de nós surge mais potente com essa reparação.
E, apesar de tudo isso, quantas vezes repetimos a história ?
Quantas vezes ?!
Assim, é preciso se questionar sobre a pessoa que você quer ser para você mesmo e para seu filho. E lembrar que no entrelaçamento do desenvolvimento de cada um, nossa história tem um passado e, embora não possamos modificar o que aconteceu, podemos transformar o sentido disso na nossa vida.
Nosso desafio é superar episódios dolorosos, perdoar para criar histórias mais felizes. Para si mesmo e para nossos filhos.
Não é pouca responsabilidade e por isso esse tema é de grande importância e, chego a pensar, inesgotável!
Mas nem por isso vamos deixar para lá, nem tampouco nos afogarmos nele.
Porém, deixo  as perguntas:
Qual história você repete?
Qual história você quer criar ?


Olivia Gonzalez

quinta-feira, 22 de março de 2018

Com o coração fora do corpo

Ter um filho coloca nossa vida de ponta cabeça. Não falo das questões cotidianas como não dormir nunca mais; não comer uma refeição inteira; não conseguir ter tirado a camisola no final do dia; não ter horário para tomar banho ou nunca mais conseguir ir ao banheiro sem ter aquele pequeno ser no meio de suas pernas, olhando para você com cara de adoração, no momento que deveria ser o mais privado!
Penso que tudo isso, nós mães, conseguimos tirar de letra.
Falo dos desafios de transformação que aquele pequeno ser nos lança todos os dias a cada centímetro que cresce. Todo o resto é para os fracos. Ser mãe é aceitar que aquela sementinha faz explodir no nosso interior os mais diversos sentimentos que esperam ser equacionados.
Dentre esses sentimentos o que mais provocou mudança em mim foi o desafio de escolher o caminho da educação acadêmica da minha filha. Que responsabilidade. Entregá-la nos braços de outra pessoa, desconhecida, tão pequenina foi o meu grande primeiro desafio. Naquele momento eu ainda não conhecia a pedagogia Waldorf.
Mas pensei: “Vamos lá. O seu trabalho não pode esperar. Você tem que voltar!”. O berçário era pequeno. Somente seis bebês para duas cuidadoras, além da dona da escola que acabara de abrir, dentro de uma Igreja Lutherana. Quando aquela pequena “budha” estendeu seus bracinhos para a dona da escola que nos atendeu, meu coração voltou ao seu compasso normal. Ali era nosso lugar.
Naquele momento pude compreender o me diziam: ser mãe é viver com o coração fora do corpo.
A primeira infância transcorreu com febres, risadas, beijos, cataporas, gripes e com muitas festas.
Alguns anos passaram e bateu à porta o momento do segundo grande passo, com a pergunta vivendo cada vez mais forte em mim: para qual escola levarei minha pérola? Sabia o que não queria. O ensino tradicional. Não porque minha experiência tenha sido ruim, pelo contrário. Ruim seria colocá-la numa grande escola com cobranças mil, impossibilitando o desenvolvimento com o calor necessário ao crescimento saudável. Inconscientemente queria que nada fosse tocado a pulso na educação formal dela. Lá no fundo sabia que o “tradicional” não era o nosso caminho. Obviamente, quando nos abrimos para o Universo, esse nos responde rapidamente.
No local mais improvável conheci uma pessoa que falava num curso de um “Apocalipse” da forma que nunca tinha escutado. Perguntei de onde vinham aquelas ideais tão diferentes, e essa pessoa me perguntou: “Não conhece Rudolf Steiner? A Antroposofia?” A minha expressão de “ué” foi tão manifesta que rimos juntos. Esta pergunta foi o grande primeiro passo para essa segunda grande mudança da minha vida. Conduzida pelas pequenas mãos da minha filha, entrei num mundo que, por mais de dez anos, ainda se desvenda diante dos meus olhos com seus muitos mistérios.
Acompanhar uma criança em uma escola Waldorf, além da emoção por ver se descortinar à sua frente um mundo que você sempre desejou que existisse, abre veredas nos corações que nos conduzem à busca do entendimento da proposta de mundo de Rudolf Steiner.
No primeiro dia que pisei em uma das mais simples escolas Waldorf meu coração deu seu último “entorse”. Desde o primeiro minuto, minha filha disse que aquela era a sua escola. Daqui eu iniciei a minha maior jornada: a da minha desconstrução. Nesta escola a minha filha iniciou a sua maior jornada: a da sua construção. Estudamos, fizemos Euritmia, Coral, casinha, teatro, viagens, amassamos barro, pintamos e bordamos. Eu fiz cursos. Uma nova formação. Bebi desse conhecimento como um nômade diante de um oásis. Participei da escola como mãe e de sua gestão, como uma aprendiz que se deslumbra com o descortinar de um pensamento que desde sempre clamou dentro de mim. Fiz mais uma formação, Pedagogia Curativa (Educação Terapêutica), enquanto minha pequena remodelava seus movimentos; aprendia com as relações sociais, tudo temperado pelas cores das tintas abundantes na pedagogia até encontrar a síntese de seu pensamento, equacionando maduramente o seu ser.
Foram 10 anos de grandes desafios e da mais absoluta transformação. Tantos outros virão pois apesar de alçar meus voos, o meu fio de prata está ligado à imagem de Francisco de Assis, patrono dessa escola tão especial na Zona Norte. Minha filha, como todo jovem, cortou o cordão umbilical e alçou o seu primeiro grande voo, para longe de casa, numa pequena cidade do interior paulista, onde terá a oportunidade de levar um pouco desse especial mundo “waldorf” para o Curso de Ciências Sociais, trabalhando a fraternidade no âmbito econômico, a igualdade no âmbito social e a liberdade no âmbito cultural.
Tereza Racy

 

quinta-feira, 15 de março de 2018

O desafio de superar o Ninho Vazio


Imagem relacionada
Ninho Vazio corresponde ao período em que os filhos deixam a casa dos pais para se lançar a novos projetos ( seja estudar em outras cidades ou país , casar ou  morar com amigos e companheiros ).
Já a Síndrome do Ninho Vazio é o termo comumente utilizado para se referir ao sofrimento emocional dos pais ( principalmente a mãe ) associado a esse período da vida. Tem como característica os sentimentos de vazio, solidão, irritação, desenvolvimento de doenças, tristeza demasiada podendo evoluir para uma depressão leve ou profunda.
Há que se preparar para esse momento e refletir no que se fará após a saída dos filhos, planejar a vida para o depois desse acontecimento, afim de não ser uma passagem brusca que pode assustar e desestabilizar a saúde física e emocional dos pais.

" De uma forma geral há uma intenção de se preparar. Mas, como? 
Quando se tem uma rotina de muitas obrigações em casa que não lhe dá tempo para experimentar algo diferente? 
Acredito que como a morte de um ente querido, por mais que saibamos que está eminente, só sentirá o que realmente é , quando acontecer "
( Mãe de 3 belos pássaros que com suas lindas plumagens já alçaram vôo )

Existem pesquisas e teses que afirmam que há um aumento significativo no consumo de álcool e na inserção em jogos de forma patológica nesse período.
A intensidade da Síndrome do Ninho Vazio  e suas implicações para mãe ou cuidador primário, está intimamente ligado a quanto de outras esferas da sua vida também estavam sendo cuidadas ( profissional, social, afetiva, além da familiar ) 

" Percebi que meus filhos estavam abrindo as asas, porém muitas vezes não queria ver " 

" Saíram quase juntos de casa... diferença de 1 ano... procurava conversar com eles todos os dias...tentando manter um "certo" controle do que acontecia com eles...

" Entrava nos quartos e via tudo arrumadinho... no começo chorava diariamente de saudade e preocupação... "

" E hoje em dia, às vezes vem uma saudade grande, uma vontade de abraça-los, ficar bem quietinha do lado deles..."

Frequentemente  essa  mudança na configuração da família  culmina o que na visão antroposófica denomina-se   8º setênio (dos 49 anos aos 56 ), onde somos chamados a 
aprender cada vez mais a escutar a nossa voz interior e as questões do mundo que chegam até nós; escutar o que o mundo nos pede e a partir daí, realizar nossas metas.
É a fase do pai e da mãe universal.
Os valores pessoais deveriam agora dar lugar a valores mais humanitários, não apenas preocupar-se com questões individuais.
Dependendo do empenho em autodesenvolvimento, poderá dispor da sua sabedoria para o mundo, ou continuar apegado às próprias necessidades ou às de seu grupo familiar, desconhecendo a maravilha que é colocar seu conhecimento a serviço do mundo. 
Então, chega o momento que passa a buscar por um significado maior para sustentar as ações da vida cotidiana. 
E ao aquietar o coração é possível reconhecer que agora os mais poderosos recursos somente serão encontrados no interior do seu próprio ser.

" Hoje minha vida é mais pacata, tento recolher as pérolas que ficaram pelo caminho ( durante o período que me dediquei a maternidade) , pois estudei pintura , mas nunca pintei, comprei livros que nunca li... , aprendi a cantar , porém raramente alguém ouve a minha voz... "

" Tento lembrar que eles estão se descobrindo ( em pleno Verão da vida ) e percebo que oscilo entre deixá-los viver o que eles escolheram e uma "certa" raiva  por não ter a atenção que gostaria ... opto por me acalmar e dar amor sem esperar nada em troca ...  é um desafio ..."

Mesmo assim, compreendendo que é um processo natural e necessário esse desapego,  se a  tristeza continuar permanente e intensa ,  pode ser o momento de procurar ajuda profissional .
O Trabalho Biográfico é uma alternativa pois  lhe permitirá compreender o passado ( revisitando o quanto você doou a seus filhos e o quanto eles também lhe presentearam ) para integrá-lo ao presente ( qual o ritmo você quer estabelecer com liberdade neste momento da sua vida?) , norteando o futuro ( quais são suas novas metas? ), e  compreendendo os fios da vida que o conduziram até o presente momento  você poderá transformar toda a sua sabedoria em  ação concreta no mundo.
Começando é claro pelo Maior Menor passo. 

Rosemeire Camargo Sesso

quinta-feira, 8 de março de 2018

TEMA DE MARÇO   

DESAFIOS

Desafios sob um ponto de vista micaélico
O desafio primo é o desafiar-se a prosseguir. Prosseguir nos caminhos quase sempre imprevisíveis da vida que nos reserva dia após dia surpresas imediatas e/ou longínquas. Quando tomamos uma estrada, quanto mais conscientes estivermos, tanto mais nos envolveremos com seus sinais que irredutível e até misteriosamente buscam nos levar à meta. Os embaraços existem aos borbotões seguidos de impedimentos desafiadores como que nos questionando acerca de nossa capacidade para vencê-los. Vitória tem a ver com perseverança, firmeza de objetivo, coragem para se contrapor aos obstáculos e mesmo assim seguir adiante. São quase infinitos os desafios com os quais nos deparamos ao longo da vida no caminho para a morte.
Na concepção, depois de todo processo do grande encontro, consideradas condições fisiológicas, quando para o homem e a mulher o mundo espiritual acena, já  na tuba escura e dançante, o gameta masculino vencedor da desafiante competição com tantos outros, no óvulo adentra-se, ganhando a condição de conjugar-se com o gameta feminino,  integrando-se os dois num só elemento, surgindo agora o terceiro, então o  ovo que caminha para seu destino – inicialmente nidar-se no endométrio do útero materno – o plantar da semente – aqui o desafio é imenso: na sua pequenez significativamente grande, importante e relevante deverá se encaminhar numa distância razoável em relação ao seu tamanho para fazê-lo. A coragem sem dúvida deve ser o elemento predominante em toda esta aventura recém começada com destino ao momento em que se dará sua profunda transformação. Ali dentro, a despeito do caloroso ambiente, passa por retificações e circunvoluções inimagináveis, num movimento coordenado e algo hostil, caótico, paradoxalmente orquestrado por ritmo preciso, numa velocidade impressionante, abrindo-se e fechando-se a compartimentos, entrâncias e reentrâncias num desafio desatinado, para seguir sua missão – tudo foge à reflexão meramente sensorial. Extrapola todas as explicações teóricas e técnicas pois de fato aqui evidencia-se algo de realmente maravilhoso: o início do desabrochar da vida que venceu o desafio de buscar a vida.
Desenvolto, habilitado agora a desembarcar de sua viagem, reconhece-se num grito em outro túnel que o coloca para outro grande desafio: o chegar na terra. O desenvolvimento, a evolução o aguardam numa linha de tempo tênue e absolutamente incerta.
À sua disposição substantivos que o ensinam a conceituar, adjetivos trazendo a possibilidade do esclarecimento, verbos que caracterizados pela ação trazem-lhe os desafios. O resgatar em si da liberdade na coragem que lhe habita o ser transitando por entre as polaridades e nuanças superam-lhe o suor e o desafia a caminhar. As adversidades estão em cena! Acolhê-las no amor é o instrumento de êxito!
Na terra podemos ver então aglomerados de milhares de seres humanos percorrerem a longa estrada da vida – parados ou não. Todos, de alguma maneira, seguindo o fio do tempo e encarando ou não os obstáculos seguem compondo a construção do que vai acontecer: fazer surgir um mundo novo.
Outrossim fatos e atos descompassados também a todos aguardam: beirando as raias da incompreensão este ente segue muitas vezes sem seguir, dormitando, movido aos ímpetos das ilusões apartando-se do verdadeiro para vivenciar o inexistente caindo no oco e quebradiço, enquanto também algo movediço, mundo da mentira. Sobram instâncias como glamours, superficialidade, violência, medo, inconsciência que desafiam as leis das transições entre o céu e a terra.  É certo então que no tempo atual a terra tem sido convulsionada em seu palco e plateia por uma avalanche de situações grandemente desafiantes. A descaracterização da Ética que compôs e compassou toda a beleza do universo povoando-o com vida em movimento e ritmo, trouxe ao homem a dúvida em fogo colocando-o no topo de seus maiores desafios: viver para além de seu mero destino buscando constantemente então o real significado de sua existência. O desafio agora é o despertar da consciência. Surge assim no eco dos tempos, no crivo da dor, os paradigmas sob forma de perguntas: quem eu sou? De onde eu vim? Para onde eu vou? Qual a minha missão na terra?
É chegado o momento do desafio crucial: referendar-se em si através da força maior que lhe habita o coração. Trazer esta força é o grande salto que o homem, ícone de uma humanidade em grande parte dormente, deve propiciar-se para seguir com dignidade, vencendo os desafios de seu caminho, enquanto indivíduo inserido na coletividade.
Gesta-se novamente buscando desta feita crescer no cor-ação. Alcançar em si o hipomóclio que o fará parido novamente e renovado para o Sol.

Ana Maria Silva
Médica Ginecologia – Medicina Antroposófica
Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta

quinta-feira, 1 de março de 2018

                                 O RITMO NA NOSSA VIDA 

O acordar com o canto do galo, o florescer das flores na primavera, o dia e a noite, as quatro estações do ano, o ciclo menstrual e o ciclo lunar que coincidem em aproximadamente 28 dias, o movimento de translação da Terra ser exatamente de 365 dias, 5 horas e 48 minutos. O que estas situações tem em comum?
O ritmo! 
Todos os seres vivos necessitam de ritmo para sobreviver.
Fica fácil imaginar que, havendo qualquer alteração no ritmo dos planetas, o caos estará instalado ou simplesmente, se a Lua resolver fazer o seu ciclo com outro ritmo, haverá alterações importantes em todos os níveis da natureza, como nas marés e na agricultura, por exemplo.
Nós, assim como o Universo temos o nosso próprio ritmo e é fundamental e necessário para manutenção da nossa saúde respeitá-lo.
Minha avó, com sua imensa sabedoria sempre falava que para crescer é necessário dormir - “Deitar cedo e cedo erguer-se, dá saúde e faz crescer” - Faz sentido?
No ano de 2017 três cientistas, Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Y
oung receberam o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, por conseguirem isolar o gene responsável pelo relógio biológico interno dos seres vivos.
O sono, o despertar, a necessidade de alimentação, a nossa temperatura no decorrer do dia, os ciclos hormonais, a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco, o ritmo pulmonar, enfim, todo o nosso organismo é regido por este relógio biológico interno que depende diretamente do nosso ritmo de vida.
Sabemos que, após a revolução industrial, a descoberta da eletricidade, bem como a vida agitada e cheia de compromissos do dia a dia e mais recentemente o celular e os computadores que nos mantém  “ligados” em tempo integral, modificaram esses ritmos orgânicos que antes eram tão naturais.
Houve alterações e diversas doenças estão relacionadas diretamente as mudanças nesse ritmo de vida.
As doenças cardiovasculares, a obesidade, a diabetes, o câncer, a depressão, o transtorno de ansiedade e os transtorno de deficit de atenção, tem maior probabilidade de surgirem em indivíduos que não respeitam esses ritmos.
Um dos ritmos mais afetados certamente é o sono e a vigília que podem desencadear alterações de varias outras funções no organismo, quais sejam, de uma forma bem simplificada, podemos dizer que no final do dia, antes do Sol se por, o nosso corpo começa a perceber que está escurecendo e inicia a produção de melatonina e do hormônio do crescimento, com diminuição da adrenalina e do cortisol; esta liberação só irá ocorrer no escuro e se atingirmos o sono profundo, e ao amanhecer ocorre exatamente o inverso.
Hoje em dia, o vício de algumas pessoas em se manter conectadas 24 horas, com a luminosidade da tela do celular e do computador continuamente ou simplesmente dando “flashs” a noite toda, faz com que haja uma diminuição na liberação da melatonina e do hormônio do crescimento trazendo consequências sérias a longo prazo.
A melhor medicina preventiva indica que, o necessário é respeitar os ritmos fisiológicos do nosso organismo, proporcionando aos nossos jovens uma melhor qualidade de saúde, com horários para dormir, acordar, almoçar e jantar.
As telas luminosas não devem ser utilizadas como indutores do sono, pois na verdade elas estimulam a atividade cerebral dificultando o relaxamento e consequentemente o desligamento, levando a quadros de insônia ou de sono de péssima qualidade que faz o indivíduo, durante o dia, permanecer com sono excessivo, prejudicando seu comportamento social, cognitivo e emocional, e o faz durante  a noite, permanecer alerta. 
Hoje em dia há vários relatos de crianças, em fase escolar, que estão se comportando dessa forma, que  não conseguem se concentrar e/ou permanecem agitados demais como forma de se manterem despertos, e consequentemente o diagnostico cada vez mais frequente, de déficit de atenção.
Na realidade, ao revisarmos a rotina diária desses jovens, verificamos que não existe nenhum ritmo. Ficam nas mídias dos celulares e adormecem onde e quando tem sono, não existe horário para sentar a mesa, deixando de ter uma refeição, não há hora para dormir, ou adormecem assistindo vídeos não dando tempo para que haja um desligamento adequado. Durante a noite irão dormitar e não dormir. No outro dia o ciclo reinicia.
Para que tivéssemos consciência de uma vida mais saudável, houve a necessidade de uma comprovação científica, despertando a atenção da importância de mantermos um ritmo.
Desta forma, só posso finalizar parabenizando os nossos antepassados; bisavós, avós e a todos que nos antecederam premiando-os com o premio Nobel da Sabedoria.

Cândida

Tema de Reflexão do Mês

Escolhemos um tema como base de reflexão que será iluminado por profissionais de diversas áreas segundo seu olhar e suas vivências. Colaborações e comentários são bem vindos!

Iniciativas Antroposóficas na ZN

Escola Waldorf Franscisco de Assis (11) 22310152 (11) 22317276 www.facebook.com/EscolaWaldorfFransciscoDeAssis

Projeto Médico Pedagógico e Social Sol Violeta (PMPSSV)

Casa da Antroposofia ZN Rua Guajurus, 222 Jardim São Paulo (11) 35699600