EQUILÍBRIO E TORNAR-SE HUMANO
A vida humana é uma constante busca: entre eu e o outro, entre o certo e o errado, entre o desejo e a razão, entre o sono e o sonho, entre o querer e o dever, entre o mais fácil e o correto, entre a indolência e o dever. E tantos mais “entres”...
Nesse ”entre” estamos nós, eternamente procurando não despencar para nenhuma das duas pontas. Como o balanço da gangorra: quando um lado encosta no chão, logo é empurrado para cima. E a brincadeira é esta: não deixar nenhuma ponta ficar no chão. A criança já vivencia esta busca desde cedo: não ficar nos extremos, buscar o meio.
O caminho do meio é o bom caminho, o lugar onde a paz impera, onde deve estar o equilíbrio – nem para um lado e nem para o outro.
Rudolf Steiner discorreu sobre forças opostas, presentes em nós: de um lado as forças luciféricas, forças de dissolução, forças da indolência, do sonho e do misticismo, que nos oferece um pensar emocional e sem coerência. E do outro lado as forças arimânicas, forças de condensação, forças da ação programada e mecanizada, que nos oferece um pensar racional, frio e materialista.
E no meio destas duas polaridades estão as forças Crísticas, forças do amor, da ponderação e do altruísmo, que nos oferece um pensar humanizado e coerente. Pensar consciente do EU, conduzido pelo fortalecimento da vontade individual do Espírito.
Em nenhum dos dois polos posso ser humano. Na ponta não há humanidade - a humanidade está no meio - no equilíbrio, na ponderação.
Em nosso corpo, o sentido do equilíbrio é dado pelos canais semicirculares no ouvido interno. Assim, quando a alma se move (anima), traz com ela o corpo. Entre o corpo e a alma também encontro as forças do equilíbrio.
Só posso ser Eu no meio, só posso encontrar o outro Eu no meio. Minha tarefa é caminhar para lá, e aguardar amorosamente que o outro também se disponha a chegar ao ponto onde reina a paz, ao ponto onde encontramos o Cristo em Nós.
Anahi
Entre o sono e sonho
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É quem eu me suponho,
Corre um rio sem fim.
Entre mim e o que em mim
É quem eu me suponho,
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.
Fernando Pessoa, 11/09/1933
Fantastica síntese de como é a alma do ser humano...viver bem parece simples, o dificil é manter o equilíbrio ... parabens Anahi pelo texto super bem redigido.
ResponderExcluir