quinta-feira, 21 de junho de 2018

A criança no primeiro setênio




Uma das fases mais importantes na Biografia Humana está no primeiro setênio.

Quando uma criança nasce o corpo físico está totalmente pronto com órgãos funcionando e formados  a partir  das  forças da hereditariedade,  tanto dos seus pais como  dos seus  antepassados, esse é um modelo adquirido, que demora em torno de sete anos para ser expelido. Após esse período tem-se  um corpo físico totalmente novo, individualizado pelas forças anímico-espirituais da  criança que desceram, e  se completa com a troca dos dentes de leite, ficando pronto para o nascimento do seu segundo corpo, o etérico ou vital.

Nesta fase, do primeiro setênio, a criança ainda se acha ligada ao corpo etérico da mãe, e aos poucos ela vai se individualizando.
Nos sete primeiros anos, a criança, a partir da colocação da coluna vertebral na posição ereta, aprende a andar, após, a criança aprende a falar, e por último a pensar.
Até os três anos, a criança não se refere ainda na primeira pessoa, seu Eu ainda não se manifestou, ela nesta fase, ainda está nomeando o mundo, conhecendo as coisas, ainda não tem autoconsciência, sendo protegida pelos seres da Primeira Hierarquia e pelo Cristo, a partir dos três anos quando ela fala pela primeira vez “Eu”, é que vemos sua consciência do Eu desabrochar, mas também vem acompanhado da fase da “birra”, ou do “não” é aí que temos que deixar a criança vivenciar o não, assim ela irá adquirir autoconfiança que já é uma educação para a fase adulta da vida, ela terá desenvolvido a capacidade de dizer não ao que é errado no mundo. Vale lembrar que, a consciência do Eu também desperta nossas primeiras memórias.
O primeiro setênio é marcado pela fase de educação da vontade, é um norte para pais e educadores, mas como se dá essa educação?
Os pais de crianças nesta fase tem que proporcionar a elas amor, aconchego, carinho, calor, alimento, limite e confiança, como também, tem que ter uma conduta ética e moral perante elas, porque a confiança das crianças neles é ilimitada e nesta fase se aprende por imitação, e principalmente se imita o perfil interno dos pais, por isso todo o cuidado nas atitudes dos pais e professores, pois educa-se pelo exemplo principalmente, nesta fase a criança tem uma grande percepção sensorial, isto é, ela é aberta ao mundo, é toda órgão dos sentidos e as impressões a penetram no seu interior sem nenhuma proteção.
 Por isso não adianta dar explicações intelectuais, ela não está preparada para isso, por exemplo, a criança espalhou vários livros pelo chão, não adianta explicar que é errado fazer bagunça, ela deve vivenciar o certo através de estórias como: “Estes livros estão todos espalhados pelo chão, eles ficariam mais felizes na prateleira. Aqui está um para você e eu vou ajudar também.” Assim, a criança imita o que você está fazendo e ao mesmo tempo está  vivenciando seu o exemplo. Isto é de suma importância, proporcionar às crianças terem experiências práticas e concretas de como realizar algo fisicamente num ambiente onde ela possa ter sucesso.
Educa-se a vontade também pelo ritmo. Os pais e educadores devem dar para a criança pequena ritmo para sua vida, isto é, horários definidos para comer, tomar banho, brincar, dormir e acordar, agradecer antes de comer, orar e ouvir estórias, principalmente contos de fadas.  Estes ritmos dão segurança para a criança, previnem a ansiedade, porque elas sabem o que vai acontecer em determinados horários, elas ainda não estão preparadas para tomarem decisões sozinhas. Essas pequenas atitudes cotidianas previnem doenças, as crianças inseguras e ansiosas somatizam mais. Estes conceitos rítmicos serão com certeza levados para a vida adulta.
O brincar nesta fase é fundamental, não é um mero passatempo é um aprender de forma lúdica como funciona o mundo, proporciona se conhecer, desenvolver habilidades motoras e convívio social. Deve ser oferecido pelos pais e professores materiais naturais, como conchas, retalhos, pedaços de madeira, areia, plantas e lápis de cera, para que ela possa criar seus próprios brinquedos e assim dar vazão às sua fantasias, e condições para imitar o trabalhos dos adultos.
Quanto à alimentação, os pais devem oferecer todos os tipos de alimento e também comê-los na frente da criança, não adianta dar “verdura” para a criança e os pais comerem “hambúrguer”, e também oferecer o alimento em suas diversas formas de preparo, se, por exemplo, a criança rejeita berinjela cozida, ela pode vir a gostar de berinjela assada.
Como dito acima, no final desse setênio, a criança, a partir das suas vivências lúdicas e de imitação e com a troca dos dentes de leite, ela terá seu corpo todo reestruturado, e assim este será um instrumento adequado para a próxima fase, a do segundo setênio, ou fase escolar.
Por fim, vale citar as palavras de Bernard Lievegoed; Autoconfiança e convicção vêm de uma vida rítmica e da consistência dos encontros da criança: segurança vem do amor caloroso de seu ambiente. Numa palavra, à criança deve ser dado um sentido básico que o mundo é bom.


Rita Paula Wey Nunes da Costa

Bibliografia:
Lievegoed,Bernard in “ Fases da Vida”, Steiner, Rudolf in “Curso de Pedagogia Curativa”,Goebel,Wolfgang–Glöckler,Michaela in “Consultório Pediátrico”, Meyer, Rudolf in “O homem e seu anjo" e Gudrun Burkhard in “Biográficos”.

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